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Partido

O ESPAÇO E O TEMPO

Espaço e tempo não são duas categorias do pensamento, como pretendia Kant, mas duas realidades contraditórias e inter-relacionadas, que estão na origem de tudo o que existe, incluindo o pensamento, a consciência e a prática. É sempre num quadro espácio-temporal que se definem todos os objectivos e os caminhos para os alcançar.

No seu plenário recente na Margem Sul, o Comité Central aprovou um documento sobre a linha geral do Partido, os objectivos e as tarefas para A Campanha das Próximas Eleições Legislativas.

Não definindo claramente os campos do espaço e do tempo de aplicação do documento, o Comité Central arrisca-se a que essa linha não seja cumprida, as tarefas não sejam realizadas e os objectivos não sejam alcançados nem pelos militantes nem pelas massas populares e que conduza, ao invés do que porventura pretenderia o Comité Central, a uma derrota total, mesmo quando o documento em apreço não enfermasse, como efectivamente ainda enferma, de alguns outros erros graves.

Com efeito, ao traçar a linha política para a campanha das próximas eleições legislativas, o Comité Central não indica qual a data que tem em mente para a realização dessas eleições. E, por conseguinte, não reflecte nem estabelece as etapas e o ritmo para o cumprimento dessas tarefas pelos militantes e células do Partido.

Isto é, não define nem o tempo nem o espaço de execução do seu principal documento sobre a táctica política.

Na verdade, as próximas eleições legislativas poderão realizar-se em Outubro de 2015, nos prazos legais e constitucionais regulares e normais, se o governo de traição nacional Coelho/Portas chegar ao fim da legislatura, presunção que terá alguma lógica para quem está habituado a ver o xexé de Boliqueime a levar o governo ao colo até o fim.

É em Outubro de 2015 que o Comité Central está persuadido de que se realizarão as próximas eleições? Então, se assim é, o Partido poderá contar com dezasseis meses para executar as tarefas do seu documento sobre a táctica política...

Todos sabemos que é com este longo intervalo de dezasseis meses que sonha a linha menchevique do Partido...

Contudo, a linha bolchevique do Partido está com certeza a pensar – e tem o estrito dever de o pensar – em prazos, tempos e espaços muito mais curtos.

Desde logo, porque a linha geral do Partido consiste em lutar, com todas as forças e até o último alento, pelo derrubamento imediato do governo de traição nacional de Coelho/Portas, pois que só assim se poderá pôr termo à política de austeridade, empobrecimento e roubo em curso.

Não iremos, com certeza, arredar-nos da luta política de classes até às próximas eleições legislativas...

É certo que, com excepção do PCTP/MRPP e de todo o povo trabalhador, ninguém em Portugal deseja o derrube imediato do governo: não deseja o PCP, apesar da farsa montada na ida ontem a Belém, porque o PCP, lá no fundo, julga que terá tantos mais votos quanto mais tempo durar esta situação; não o quer o BE, porque precisa de tempo para juntar e colar a cacaria em que ficou desfeito nas últimas eleições europeias; não o pretende o PS (com excepção da camarilha de Seguro, se as eleições viessem já e depressa); não o ambiciona o PSD/CDS, a não ser lá para depois da aprovação do orçamento de 2015.

Em suma, quase nenhuma força política quer que o governo caia antes do termo do seu mandato legislativo.

Mas o povo e o nosso Partido desejam o derrubamento do governo, quanto mais cedo e mais depressa melhor. E, por isso, devíamos – muito embora o Comité Central não o tivesse dito na sua reunião magna da Margem Sul – começar a reunir todas as forças para levar a efeito, o mais rapidamente possível, uma greve geral nacional de 48 horas, com vista ao derrubamento imediato do governo.

Nestes termos, a linha bolchevique do Partido tem de mobilizar-se para cumprir, num quadro espácio-temporal muito mais curto as tarefas tácticas do Partido para as próximas eleições legislativas. Os mencheviques, depois da última reunião do Comité Central, cruzarão decerto os braços e nada mais farão, na esperança de que as eleições venham o mais tarde que puder ser...

Até quando deve estar tudo pronto?

Tudo deve estar pronto até à eventual greve geral nacional de 48 horas, se vier, como é desejável e indispensável, a realizar-se ainda este ano, em Outubro ou Novembro (melhor Novembro).

Não caindo o governo com uma greve nacional em Novembro, ou não se conseguindo mobilizar as forças necessárias (sindicatos, centrais sindicais e partidos de esquerda) para uma greve vitoriosa, teremos então que aperfeiçoar, até Junho de 2015, tudo o que estiver feito no antecedente.

Note-se que o governo de traição nacional Coelho/Portas, não caindo no espaço e tempo em que a esquerda deseja, pode cair no estreito quadro espácio-temporal que à direita pode convir: nos seis meses que antecedem o termo do mandato presidencial de Cavaco.

Vejamos: o mandato de Cavaco termina em Janeiro de 2016; Cavaco pode dissolver a Assembleia da República, destituir o governo e marcar eleições antecipadas, até seis meses do termo do seu mandato.

Ou seja: até Junho de 2015.

Cavaco pode ter interesse numa manobra destas, se, antes de sair de Belém, pretender limpar um pouco a face da política ruinosa a que conduziu o País. E, por seu turno, o governo de traição nacional Coelho/Portas pode, nos meses que antecedem o fim regular do seu mandato, distribuir por aqui e por ali umas pequenas regalias fiscais, a título de esmola, à classe média e aos funcionários públicos, procurando conquistar uns milhares de votos à última da hora. Dependendo do estado em que na altura estiver o PS, a marcação de umas eleições legislativas levemente antecipadas pode ser desejável para servir Cavaco, o PSD/CDS e a respectiva política de traição nacional, como manobra de toda a direita junta para obter a maior votação possível.

Resumindo e concluindo: poderemos vir a ter, por muitas e diferentes razões, eleições legislativas à volta de Novembro de 2014, se uma poderosa greve geral nacional derrubar o governo, até Junho de 2015, se convier a Cavaco e ao seu governo de traidores, ou em Outubro de 2015, na data normal regular do fim do actual mandato legislativo.

Para todos os devidos efeitos, as nossas tarefas tácticas têm de estar completadas em Novembro deste ano – daqui a cinco meses – juntamente com a tarefa, não definida pelo pleno do Comité Central reunido na Margem Sul, mas que é imperiosa, de convocação e realização da greve geral no mesmo período.

Claro está que, depois de terem lido isto, os nossos mencheviques vão dizer que estão de acordo. Mas, na realidade, não darão um único passo para que o Comité Central redefina o quadro espácio-temporal da aplicação das tarefas tácticas do Partido, constantes do documento A Campanha das Próximas Eleições Legislativas, sem esquecer a convocatória, mobilização e organização de uma nova greve geral nacional.

É preciso ter-se presente que uma parte importante das tarefas práticas e de organização reclamadas no documento supracitado já poderia estar completamente realizada à saída das eleições europeias. A organização distrital do Partido poderia ter sido posta de pé ou reforçada durante esta campanha, se o Partido e o seu Comité Central tivessem aproveitado a escolha dos membros da lista candidata a partir de reuniões distritais, que não souberam ou não quiseram fazer.

Note-se, por outro lado, que já passaram 24 horas sobre o momento em que o Luta Popular publicou o texto Duplicar o Número dos Militantes do Partido, e o Comité Central ainda não deu qualquer sinal de vida...

É obra, não é!...

Viriato


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