CampanhaFundos202206

IBAN PT50003502020003702663054   NIB 003502020003702663054

PAÍS

GNR, TROPA DE OCUPAÇÃO DA MADEIRA?

E permite-se definir como missão própria a actuação em situação de flagrante delito em matérias de âmbito geral, o que invade não apenas competências de organismos regionais – PSP, Polícia Judiciária e Guarda-Florestal – como tem conduzido a conflitos com essas forças que já não é mais possível ocultar.

Os rictus que lhe sobraram do tempo do fascismo fazem com que a GNR defina a área que considera da sua responsabilidade do seguinte modo muito significativo:

A área (...) da RAM, com uma área terrestre de 805 km², uma costa de 260 km e uma área de 5800 km² (subentenda-se marítima) e uma população de 279 499 habitantes”!...

Que significará para a GNR a peregrina ideia de que tem responsabilidades sobre uma população de 279 499 almas? Significará que, para a GNR e seus comandos, a Madeira não tem cidadãos? Significa que a GNR se considera pastora de um rebanho de 279 499 carneiros? Já agora, será que também distingue entre carneiros pretos e brancos?

É preciso correr com esta corja, porque ela até já se considera dona de todos nós, imagine-se!...

Todos os anos, o Comando Territorial Independente da Madeira recruta novos militares para aumentar desmesurada e desproporcionadamente o efectivo do seu corpo de tropas de ocupação, o qual já vai em 181 indivíduos, para usar a expressão com que, nos seus autos, tratam os cidadãos.

Não há dia nenhum, nem sequer no dia de Natal, em que os tropas da GNR não procedam a operações stop na Madeira. Vêem-se mais gnrs nas ruas da Madeira do que em qualquer outra parte do País, se exceptuarmos, claro está, a concentração de gnrs que assassinou Catarina Eufémia nos campos do Alentejo.

No passado dia 22 de Junho, comemorando em parada diante do representante da República o seu quinto aniversário na Região, o comandante do posto territorial da GNR na Madeira, tenente-coronel Diamantino – que, como era da tradição nazi na escolha dos Gauleiter, não é natural do local ocupado – pedia mais 10 homens para acrescentar ao efectivo e aproveitou para distribuir a conhecida lataria comemorativa aos heróis da Guarda. Muito gostam os militares da GNR destas honras latoeiras...

Foi pena que o comandante Diamantino não se tenha dado ao incómodo de pôr os madeirenses ao corrente dos actos de heroísmo praticado pelos seus louvaminhados.

Mas nós talvez saibamos alguns dos motivos das condecorações dos rapazes:

 

 

  • • Será que foram louvados, por terem apreendido mais de um milhão de euros de mercadorias, no cômputo da qual apreensão se conta o roubo de 180 kgs de atum patudo aos 17 pescadores do atuneiro Falcão do Mar da praça do Caniçal?
     
  • • Será que foram condecorados porque fiscalizaram num só ano 70 000 veículos de transporte de mercadorias, o que significa que bisbilhotaram, em média, mais de duas vezes por ano cada uma das viaturas daquele tipo existente no arquipélago?
     
  • • Será que foram agraciados porque percorreram, nos carros do estado e com o combustível por nós pago, 320 mil quilómetros na caça à multa, uma distância que dava para ir da Madeira à Lua?
     
  • • Será que foram enlatoados por terem feito mais de 2 200 milhas náuticas atrás dos pescadores, distância que seria suficiente para ir quatro vezes a Lisboa?

 

 

A estratégia de alargar continuamente a sua área de actividade, invadindo e usurpando áreas de competência própria e exclusiva da autonomia regional, posta em prática pela GNR e respectivos comandos, deve ser implacavelmente combatida, porque constitui uma usurpação e uma afronta inadmissíveis aos campos políticos da autonomia.

Na comemoração do quinto aniversário da invasão da Madeira pela GNR, o Gauleiter Diamantino apontou mais uma das suas pretendidas áreas de extensão e usurpação de poderes:

A área de busca e salvamento, em particular o resgate em montanha, irá merecer uma atenção especial em termos de formação.

Esta declaração, feita numa ocasião em que estava ainda viva na consciência pública a morte de alguns estrangeiros que passeavam pelas levadas da Madeira, é um insulto gratuito aos bombeiros, guardas-florestais e homens e mulheres da protecção civil madeirense, que sempre têm sabido actuar com brio e com êxito no cumprimento dessas tarefas e não podem aceitar lições dos recém-chegados gnrs.

A GNR deve ser posta fora da Madeira e dos Açores. Assim o exige a autonomia política regional.



Espártaco


Partilhar

Comentários   

 
# Jorge Spínola 31-01-2015 23:53
A minha mulher, em viatura ligeira de passageiros, foi autuada, por falta de inspecção periódica do veículo, pelo Comando Territorial da Madeira da GNR. Pretendo efetuar recurso de impugnação para o Tribunal da Comarca da Madeira pois, no meu entendimento, extravasa as suas atribuições previstas no art. 37.º, n.º 2 da Orgânica da GNR. No fundo é o alargamento ilegal de competências na Região a que alude o vosso brilhante artigo.
Será que me pode ajudar de alguma forma ou dar contributo técnico-jurídic o ou sugestão para o recurso de impugnação que vou elaborar.

Antecipadamente grato.

Jorge Spínola
 

Adicionar comentário


Código de segurança
Actualizar

Está em... Home País LOCAL GNR, TROPA DE OCUPAÇÃO DA MADEIRA?