CampanhaFundos202206

IBAN PT50003502020003702663054   NIB 003502020003702663054

PAÍS

Minas da Panasqueira: Uma nova direcção para a luta

mina da panasqueira 01No dia 23 de Junho, jornalistas do Luta Popular estiveram nas minas da Panasqueira para dar a conhecer e discutir o balanço que o jornal publicou , no dia 4 de Junho, relativamente ao humilhante acordo estabelecido entre o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Mineira e a empresa japonesa concessionária das minas: Sojitz Berald Tin & Wolfram (Portugal), S.A., e que se saldou por uma pesada e vexatória derrota.

A opinião da grande maioria dos mineiros com quem falámos foi ao encontro do que foi noticiado pelo Luta Popular, no artigo “Minas da Panasqueira: balanço de uma luta” e ficou bem clara a sua indignação quanto ao acordo, considerando-o uma traição que, segundo os trabalhadores se traduziu pelo “ficámos na mesma”, já que o aumento dos salários não ultrapassou o miserável 1% sobre o vencimento base e não houve alterações das condições de trabalho.

Não há dúvida de que os trabalhadores não se revêem no balanço do sindicato, considerando que estes traíram a luta que encetaram com determinação, convictos da sua justeza, e que, certamente, levariam mais longe até atingirem os objectivos, não fosse o acordo estabelecido entre o sindicato e a administração.

Pois é, a grande vitória anunciada em comunicado pelo sindicato foi arrasada pelas críticas feitas pelos trabalhadores, que, claramente e, tal como ouvimos na Lavaria, afirmam “não estamos nada satisfeitos com a situação” acabando por concluir, que a única explicação para este acordo só pode ser porque sindicato está feito com a administração.

Das conversas mantidas com os mineiros, o sentimento dominante é que com aquela direcção sindical, os trabalhadores nada conseguirão.

Essa convicção é manifestada, por exemplo, por um dos trabalhadores, quando refere que existe, por parte do sindicato, uma forma de trabalhar que não é inocente, que nunca poderá conduzir a qualquer vitória já que como ele diz “eu que tenho o 6.º ano consigo ver que desta forma não vamos conseguir nada, eles que têm mais conhecimentos sabem certamente a que conduz a sua forma de trabalhar…- as reuniões são mal preparadas e as propostas, muitas vezes, são rascunhadas na altura, sem discussões que permitam esclarecer os trabalhadores”.

Segundo este trabalhador, há ainda a denunciar a perda de 50€ do subsídio de higiene e segurança, o qual será reposto gradualmente, atingindo a totalidade só ao fim de três meses.

Quanto à questão da imposição das 10 horas de trabalho por parte da administração, o sindicato, em vez de exigir a aplicação da lei, no que se refere aos direitos dos trabalhadores, denunciando este horário como uma ilegalidade, que apenas visava mais lucros para a empresa, à custa da saúde e dos baixíssimos salários dos trabalhadores, deixou e concordou que esta questão fosse colocada pela administração de forma a servir como moeda de troca para todas as outras reivindicações, para no final vir dizer que foi uma vitória.

Note-se que Alfredo Franco, actualmente um dos lacaios portugueses da multinacional concessionária das minas da Panasqueira, tal como os mineiros também referiram, já tinha ensaiado a aplicação deste horário nas minas da Somincor, o que lhe valeu ser corrido destas…

Assim, fica bem claro que o sindicato pactuou com esta proposta fascista, a qual não passou de uma manobra para iludir os trabalhadores, e que, no final, foi apresentada pelos que se dizem defensores dos trabalhadores como uma grande vitória que justificou que se deixasse de lutar pelo aumento salarial de 55€ reivindicado, aceitando-se o vexatório aumento de um por cento, sem que se ganhasse quaisquer outras alterações das condições de trabalho.

E que fez a administração quanto ao compromisso referido no comunicado do sindicato (STIM), de “passar a efectivos alguns trabalhadores contratados a prazo …” ? Começou a despedir. Para já, e de acordo com a informação recolhida, tivemos conhecimento de um primeiro caso.

Os trabalhadores estão conscientes da derrota que tiveram, mas percebem o que conduziu à derrota, não baixam os braços e houve mesmo quem defendesse que a melhor solução seria criar uma comissão de trabalhadores.

Sem dúvida que chegou a hora de os mineiros correrem com os dirigentes sindicais vendidos e tomarem eles a rédea da luta na mina que, os há-de levar à vitória, seja criando uma comissão de trabalhadores ou um novo sindicato.


G./Q./L./M.


Leia também:
Minas da Panasqueira: Balanço de uma Luta 


Partilhar

Adicionar comentário


Código de segurança
Actualizar

Está em... Home País MOVIMENTO OPERÁRIO E SINDICAL Minas da Panasqueira: Uma nova direcção para a luta