- Publicado em 04.09.2014
No seguimento da deslocação realizada ontem, dia 3 de Setembro, pelo camarada Aleixo ao Hospital da Covilhã, em representação do Luta Popular, para visitar o operário Manuel Botelho, publicamos de seguida a correspondência enviada à Redacção.
Camarada,
Fiz hoje, como me pediste, diligências para contactar, no hospital da Covilhã, o operário Manuel Augusto Botelho, gravemente ferido na explosão ocorrida na obra da EDP Salamonde II.
O Senhor Manuel Botelho está numa situação calamitosa, queimado e cravado de estilhaços por todo o corpo e com dificuldade em raciocinar e falar (está numa enfermaria do sector da Ortopedia, piso 4º, cama nº20). Mesmo assim, dizem os familiares, está já melhor do que estava há dois dias, antes de ser transferido do hospital de Braga, isto é, parece estar a recuperar.
Disse-lhe vir da parte do jornal Luta Popular, do PCTP/MRPP, entreguei à esposa o artigo saído no jornal (dado ele não estar em condições de o receber e muito menos de o ler - logo após o acidente perdeu completamente a visão do único olho com que vê, mas já a conseguiu recuperar, embora precise dos óculos que perdeu no acidente), resumi-lhes o conteúdo desse artigo e a posição do Partido face ao crime ocorrido e exprimi-lhes a nossa solidariedade e disponibilidade de apoio para o que for preciso.
Tentei falar com o Senhor Manuel Botelho sobre o acidente e as condições em que ocorreu, mas de pouco serviu porque ele apenas disse, com dificuldade, que ainda não sabe como aquilo aconteceu.
Tem a cara numa lástima, o braço direito não o consegue mexer, a perna direita, além de estar ferida dos estilhaços, tem-na imobilizada com ferros do joelho para baixo, porque tem fracturas (não sabem ainda que tipo de fracturas são), e o pé esquerdo ficou também muito ferido, com a pele quase toda arrancada. Pelo que me disseram, ainda nenhum médico lhes transmitiu seja o que for como diagnóstico do seu estado.
Soube, pela esposa, que a especialidade do operário Manuel Botelho é carpinteiro de cofragens, que o operário "encartado" na tarefa dos explosivos era o outro vitimado pela explosão Luís Pereira Gonçalves.
Conto fazer outra visita dentro de dias, para saber como o estado do senhor Manuel Botelho terá evoluído e para tentar, caso as condições o propiciem, falar com ele sobre o ocorrido.
Um abraço,
Aleixo