Cavaco, um Presidente de Gatunos
- Publicado em 27.08.2014
- Escrito por Luta Popular
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Na noite em que festejou, odioso e trombudo, o sucesso das suas segundas eleições presidenciais, Cavaco proclamou, da janela do seu sarcófago no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, que não era o presidente de todos os portugueses, mas apenas o presidente daqueles portugueses que o haviam elegido.
No dia seguinte, quase toda a comunicação social, pequeno-burguesa e chorona, verberou o desconchavo das palavras de Cavaco, por ter considerado, na ocasião em que a vitória imporia a magnanimidade dos vencedores sobre os vencidos, como seus inimigos pessoais todos os portugueses que, muito licita e legitimamente, haviam optado pelo voto em outros candidatos.
Nós, comunistas, que muito justamente decidíramos dar o nosso voto ao poeta Manuel Alegre, ficámos felicíssimos com a declaração pela qual o bufarinheiro de Boliqueime nos catalogava no exército dos seus inimigos. Sim, porque efetivamente nós sempre fomos e continuaremos a ser inimigos políticos de um reaccionário inculto, iliterato e sebástico como Cavaco.
Acontece todavia que, ao invés das fanfarronadas da sua pretensão discursiva, Cavaco nunca sequer chegou a ser presidente dos portugueses que votaram nele. Hoje sabe-se, definitivamente, que Cavaco foi, é e sempre continuará a ser o presidente dos gatunos portugueses.
Senão, façam o obséquio de verificar!
Ricardo Espírito Santo Silva Salgado, o caudilho-mor da família de gatunos Espírito Santo, conjuntamente com outros quatro gatunos à solta da mesma família, doou à segunda campanha eleitoral presidencial de Cavaco a quantia de 104 928 euros, o máximo permitido por lei, conforme declarou o próprio Cavaco nas contas que apresentou no Tribunal Constitucional no termo da campanha eleitoral de 2006.
Bem!, isto foi o que o homem de Boliqueime declarou, mas nada garante que não tenha recebido mais ou mesmo muito mais…
Agora, o leitor já estará daí a ver como os capitalistas pagam aos seus políticos e os põem a trabalhar para eles. E fica também a conhecer as razões por que Cavaco está inteiramente de acordo, como o demonstrou na noite das facas longas, com o governo de traição nacional Coelho/Portas em emprestar 3 mil milhões de euros ao Banco Espírito Santo, para evitar a bancarrota imediata, e em entregar ao mesmo banco, redenominado de Novo Banco, a quantia de 4,3 mil milhões de euros, estes roubados aos trabalhadores e pensionistas portugueses, de que Cavaco, logo na noite do seu segundo mandato, teve o cuidado de se autodefinir como não presidente, dinheiro aquele destinado a resgatar um banco levado fraudulentamente à falência.
Os Espírito Santos roubam e, com o produto do roubo, pagam a eleição de Cavaco e de Passos Coelho e Portas; Cavaco, Passos Coelho e Portas, através das leis que promulgam e referendam, roubam nos cortes de salários, no trabalho não pago e nas pensões dos reformados e idosos e metem no bolso dos primeiros gatunos o produto desse roubo.
E é assim que funciona a sociedade portuguesa, que nos cumpre, a nós comunistas e operários, derrubar por todos os meios ao nosso alcance.
Mas há mais!
O gatuno Oliveira e Costa, chairman do Banco Português de Negócios (BPN) – que a nossa famosa justiça nunca mais julga – ofereceu à segunda campanha presidencial de Cavaco a quantia de 17 500 euros – consoante declarações do homem de Boliqueime, que tanto podem ser verdadeiras como falsas, e que não conta com as facilidades de aquisição da actual vivenda de Cavaco nem com os estranhos lucros obtidos com uma nunca explicada operação de compra e venda de acções não cotadas em bolsa e sem pagamento de impostos – doacção aquela que teve como consequência o acordo de Cavaco e do governo de traição nacional Coelho/Portas em sacar 6,5 mil milhões de euros do orçamento para resgatar a falência fraudulenta do BPN e vendê-lo, limpinho limpinho, aos angolanos.
Aqui o negócio é o mesmo: Oliveira e Costa compra Cavaco, Passos Coelho e Portas; chegados ao poder, Cavaco, Coelho e Portas vão ao orçamento e, dos salários e pensões cortados, entregam ao primeiro gatuno 6,5 mil milhões de euros.
O negócio é este e é sempre o mesmo!
O gatuno João Rendeiro, chefe do Banco Privado Português (BPP) deu a Cavaco, com destino à segunda campanha presidencial, a quantia de 22 982 euros – sempre segundo palavra do cidadão de Boliqueime – e recebeu, na devida altura (ou seja, quando tinha feito falir o banco e ficado com o dinheiro dos depositantes), uma verba de Cavaco, Passos Coelho e Portas, ainda não devidamente orçamentada, mas que ultrapassa já os 2 mil milhões de euros.
Recebeu também Cavaco das mãos de Jardim Gonçalves e Paulo Teixeira Pinto, homens do Opus Dei e dirigentes do Banco Comercial Português (BCP), a quantia de 30 000 euros, contra a qual, mais tarde, Cavaco, Passos Coelho e Portas recapitalizaram a baixo juro o Banco em mais de três mil milhões de euros, retirados do orçamento, ou seja, roubados aos mesmos portugueses de que Cavaco se vangloriou, da janela do Centro Cultural de Belém, não ser o seu presidente: os trabalhadores, os operários, os reformados e idosos.
Ora, Jardim Gonçalves e Teixeira Pinto são daqueles gatunos que vão todos os dias à missa e que não foram condenados pelos crimes e contra-ordenações que perpetraram, porque a nossa brilhantíssima justiça deixou prescrever os processos!...
Cavaco é, pois, um caso singularíssimo:
• Não é presidente dos portugueses que não votaram nele;
• Também não é presidente dos trabalhadores e pensionistas portugueses, a quem em todos os orçamentos, mancomunado com o seu governo de piratas, rouba salários e pensões mesmo que estes coitados tenham caído na patetice de o eleger;
• É só presidente dos banqueiros e grandes capitalistas, que pagaram as suas campanhas legislativas e presidenciais e puseram no poder, durante vinte anos, o mais inculto, o mais ignorante e ainda veremos se não o mais corrupto de todos os políticos portugueses;
• E é sobretudo o presidente indiscutível, pago por eles em todas as campanhas eleitorais, dos mais famosos gatunos que viveram em Portugal na última década do século XX e na primeira quinzena de anos do século XXI, gatunos que financiaram todas as suas candidaturas e dos quais gatunos nunca se demarcou até hoje: a família Espírito Santo, o seu secretário de estado Oliveira e Costa, o bandido João Rendeiro, condenado com pena suspensa pela nossa inenarrável justiça, e os bandidos Jardim Gonçalves e Teixeira Pinto, do Opus Dei, que escaparam a toda e qualquer condenação por via da prescrição de crimes e contra-ordenações cometidos, para glória de uma justiça e de uns juízes especializados em julgar e punir apenas pilha-galinhas.
Com um presidente destes, que teima em não demitir-se; com um governo destes, que também se não demite; com gatunos destes, que compram os políticos e mandam neles; com uma justiça destas, que podem esperar o Povo e o País? Não podem esperar nada de bom! Mas podem e devem derrubá-los por todos os meios ao seu alcance.
Espártaco