Não querendo – até porque considero não ter estatuto para tal – alimentar qualquer polémica com quem muito respeito, com quem muito aprendo e a quem reconheço uma dimensão política, intelectual e humana acima do comum dos mortais , entre os quais me incluo, gostaria, face à referência que fazes à minha pessoa no artigo hoje publicado no LUTA POPULAR online sob o título , O Euro, a Saída do Euro e o Crédito à Habitação, e não tendo a dimensão, a pretensão ou os meios para fazê-lo de outra forma, de esclarecer (?) o seguinte:
- . Nunca me passou pela mente considerar que me demiti da redacção do LUTA POPULAR nem, muito menos, ter dela desertado. Confrontado com as opções de me dedicar 24 horas sobre 24 horas às tarefas que o Órgão Central do Partido exige, apenas referi aos camaradas Paulo e Conceição que não poderia – por motivos que explicitei e que se prendem, entre outros, com uma situação de saúde que me coloca, o tempo todo, numa situação de risco de morte súbita, devido a um aneurisma aorto-lombar que está prestes a atingir a dimensão que obrigará a uma intervenção cirúrgica, também ela de risco e delicada– assegurar essa disponibilidade exclusiva.
- . Ainda assim, dispus-me a continuar – acumulando com as funções de secretário do Comité de Lisboa – a colaborar com a redacção, tendo inclusivé enviado 3 artigos para o camarada Paulo, não tendo este reagido ao envio dos mesmos quando, na última reunião que tivemos – e em que estava presente o camarada Conceição – tinha sido o próprio a considerar a hipótese de que, quer por iniciativa minha, quer por indicação da redacção que poderia tomar a iniciativa de me propor a produção de artigos com tópicos muito específicos, essa colaboração poderia ter continuidade.
Admito, até, que terás razão, ao classificar a minha condição como a de um desertor. Mas, gostaria de entender a razão porque, apesar do que mais acima descrevo, é essa a condição que melhor me descreve e caracteriza.
LJ
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Ninguém me falou da tua doença, que lastimo profundamente e espero a consigas ultrapassar depressa.
Todavia, a questão política é a seguinte e muito simples: estiveste dois anos na redacção do Luta Popular e nunca indicaste argumentos de natureza pessoal para de lá sair. Pelo contrário: sentiste-te lá muito bem...
Quando, depois de uma guerra havida contra a redacção e o director, o jornal começou a melhorar, tu foste-te embora, descobrindo que afinal não tinhas condições pessoais para cumprir as tarefas. E nos dois anos em que lá estiveste, não viste o que estava bem e o que estava mal?!
A redacção de que fizeste parte somou a pequena quantia de três desertores numa semana, precisamente quando o jornal bateu todos os recordes de visitas e visualizações, e mais do que quintuplicou, nessa semana, os níveis médios de visitas e visualizações das melhores semanas durante os dois anos em que lá estiveste mais os teus companheiros de fuga...
A saída da redacção numa altura destas não tem significado político? Com a vossa saída, a redacção desapareceu e foi preciso constituir uma nova, à pressa, que só ontem (dia 17 de Junho) ficou completada.
É muito interessante que venhas esclarecer que os camaradas Paulo e Conceição aceitaram a tua saída da redacção do jornal, sem assegurarem primeiro a substituição dos desertores, afundando a redacção...
Se isto não é uma deserção, o que é então?
Saúde, com rápida e total recuperação!
E
Corrigido em 19.06.2014, de audiência para visitas e visualizações.
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Em primeiro lugar, os meus profundos agradecimentos pelo cuidado que referes com o meu estado de saúde e desejos de rápidas melhoras. Relativamente à tua nota, considero relevante abrires a discussão de um tema desta natureza e dares-me a oportunidade de rebater os argumentos ou as informações que, no meu caso em concreto, te levaram a classificar-me como desertor (...)
É um facto que estive associado à redacção do Luta Popular mais de dois anos. Antes disso, aliás, integrei a redacção do blogue e escrevi artigos para a edição em papel do jornal. Espero que acredites que a minha situação clínica e as manifestas limitaçõres físicas que ela produz -os camaradas de Lisboa, Sintra, Amadora, etc. que assistiram às sessões de estudo que eu dirigi podem confirmar que o esforço realizado, muitas vezes levava a estados de confusão e exaustão devidos à deficiente oxigenação que o estrangulamento do fluxo sanguíneo da aorta produz – eram do conhecimento quer do camarada Conceição, quer do camarada Paulo.
Tens absoluta razão quando contextualizas a guerra havida contra a redacção e o seu director, mas não se compagina com a realidade afirmar que afinal teria chegado à conclusão que não tinha condições pessoais para cumprir as tarefas.
Não querendo correr o risco de produzir divisionismo entre os camaradas nas estruturas do partido que integrei e ainda integro, é certo que não exagerava na publicitação da minha condição de saúde limitativa, mas não menos certo era o facto de os camaradas – incluindo os mais responsáveis – saberem que eu estava proibido clinicamente de carregar pesos, fazer longas caminhadas, estar muito tempo de pé, enervar-me de forma sistemática e continuada e, por isso, por solidariedade para com a condição que sempre reconheceram, me poupavam a certas tarefas.
Espero que acredites que nada tive a ver com as três deserções que ocorreram no espaço de uma semana segundo referes. Uma delas, a minha própria, continuo a não considerar como uma deserção, tanto mais que fui bem claro na reunião a que fiz menção na nota anterior ao afirmar aos camaradas Paulo e Conceição o seguinte:
- . Reconhecer a importância do Órgão Central do Partido, o Luta Popular, e da absoluta necessidade de a sua redacção estar a ele dedicada a tempo inteiro
- . Perante as opções, e tendo em conta as limitações de saúde há muito conhecidas de todos os camaradas, ainda propus a continuidade da colaboração com a redacção do Luta Popular, mas de forma compaginável com as limitações de saúde exaustivamente referenciadas. O que, em minha opinião, configura a expressa vontade da minha parte, não de sair da redacção do jornal, mas de nela me manter, atendidos os argumentos relativos às limitações com que poderia realizar as tarefas que me fossem cometidas.
- . Quanto às outras duas deserções, só tenho conhecimento de uma delas e os camaradas Paulo e Conceição sabem bem qual a minha opinião àcerca dela, assim como sabem qual a minha opinião àcerca do terceiro desertor, que só posso presumir quem seja, antes mesmo de ter sido anunciada a intenção de o convidar a integrar a redacção do jornal.
Claro que não podia estar mais de acordo contigo quando questionas se A saída da redacção numa altura destas não tem significado político? A minha ingenuidade política não vai ao ponto de considerar que tal tenha acontecido por acaso. Como continuo a considerar que – objectiva e subjectivamente – nunca demonstrei sequer a minha intenção de me demitir da redacção do Luta Popular, esta será uma questão que deverá ser respondida no quadro da luta entre as duas linhas no seio do partido.
Finalmente, e em nome da verdade, não corresponde inteiramente à realidade do que aconteceu a menção ao facto de que os camaradas Paulo e Conceição teriam aceite a minha saída da redacção do jornal. Essa é para mim uma questão ainda pendente. Isto porque, tal como te referi na nota anterior, nunca indiquei aos camaradas a minha vontade de sair da redacção, mas tão só de assinalar as minhas limitações devidas a questões de saúde. Ainda hoje aguardo que, de forma políticamente frontal e assertiva, o camarada Paulo me informe do destino que pretende dar a três artigos que lhe propus, no âmbito de uma colaboração que nunca foi colocada em causa ou o seguimento de uma sugestão sua em comigo entrar em contacto se e quando houvessem matérias específicas em que a minha colaboração fosse entendida como útil.
Viva o LUTA POPULAR!
Viva o PCTP/MRPP!
LJ
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Fica assim publicada a tua resposta. Além do que deixei dito, não tenho nada mais a acrescentar.
Saúde
E
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LJ,
Para mais com a tua experiência de Partido, deverias era teres-te empenhado de imediato em aceitares, e até agradeceres, sem tibiezas de qualquer ordem, a justeza da crítica que te foi feita pelo Camarada Espártaco, em procurares compreender e assimilar todo o significado político profundamente oportunista e perigoso da tua atitude de deserção do Luta Popular, e em partires sem demora em combate contra essa mesma tua posição oportunista e, logo, adoptares uma postura e uma convicção que mostrassem estares sinceramente disposto a arrepiar caminho da via por onde entraras e desde logo a impedir que outras posições de demissão e de deserção, vindas de onde quer que seja e até mesmo do próprio Comité Central, pudessem encontrar em ti qualquer vislumbre de apoio ou de exemplo.
Ora, pelos vistos e muito lastimavelmente, não só não quiseste tomar essa postura como, não compreendendo ou, pior, não querendo compreender a justeza e o peso e medida de quem te criticou e denunciou a natureza oportunista e desertora da tua atitude, ainda persistes em multiplicares-te em novas "explicações" e "justificações" que servem apenas para uma coisa: mostrar que não aceitas aquela crítica, que não queres mudar e que, para ti, a Revolução é mesmo algo que só se faz quando "dá jeito" ou quando se "tem tempo"!
Vê ao menos se compreendes o real significado da contenção e mesmo da delicadeza da última resposta do Camarada Espártaco e o que ele exige de ti , e tu deverias exigir de ti próprio: o imediato "desarmar da tenda" daquelas tolas e oportunistas "explicações" e "justificações" - que nunca respondem à essência da denúncia que foi feita - e a assunção doravante e desde já de uma verdadeira auto-crítica, expressada em palavras e, sobretudo, em actos!
Garcia Pereira