PAÍS

Barragem do Baixo Sabor - Mais um Operário Vítima da EDP

No passado dia 25 de Novembro, anteontem, mais um operário foi vítima de um acidente de trabalho em obras da EDP e onde também é responsável pela coordenação da (in)segurança - adivinhem! - a famigerada Tabique, responsável pelos crimes já aqui denunciados no Luta Popular Online, ocorridos com vários operários na barragem da Foz do Tua, também da EDP.

Desta vez, o caso passou-se na barragem do Baixo Sabor, barragem que foi forte e justamente questionada, cujas obras decorrem desde 2008 e que se processam em dois escalões (paredões), um a montante e outro a jusante, separados por 9 km.

O empreiteiro geral da construção é o consórcio constituído pelo Grupo Odebrecht Portugal (ex-Bento Pedroso, S.A.) e o Grupo Lena, a fiscalização da obra está a cargo da Consulgal e a coordenação de segurança em obra cabe à Tabique.

O acidente ocorreu no acesso da margem direita do rio Sabor, no escalão a montante, tendo o operário manobrador de grua – cuja identificação foi até agora negada ao Luta Popular Online por todas as entidades envolvidas nas operações de socorro e intervenientes no local – ficado com as pernas esmagadas pela cabine de uma auto-grua que capotou, de acordo com as únicas declarações recolhidas até ao momento junto do comandante dos bombeiros de Torre de Moncorvo.

O trabalhador em causa foi transportado de helicóptero para o Hospital de Bragança e daqui, depois de sujeito a várias intervenções cirúrgicas, transferido para o Hospital de Santo António, no Porto.

Importa aqui lembrar que nesta mesma barragem e no espaço de dois anos foram já mortos dois operários, vítimas da falta de condições de segurança: um – trabalhador de nacionalidade estrangeira, de 22 anos de idade -, em 10 de Outubro de 2012, numa queda de 7 metros, quando se encontrava a intervir na elevação de painéis de cofragem e, outro - manobrador de grua de 27 anos de idade, natural de Mesão Frio -, no passado dia 21 de Janeiro de 2013, na mesma frente de trabalho, quando, num passadiço, na passagem entre a barragem e a grua, caiu à água de uma altura de cerca de sessenta metros.

Decorridos cerca de dois meses após este último acidente, o Inspector-Geral da ACT, Pimenta Braz, no seguimento de uma acção inspectiva a esta obra, declarava à RTP que, em matéria de acidentes de trabalho, não há acasos na morte e que muitas vezes o diabo está nos detalhes, como é por exemplo o dos passadiços... Precisamente o detalhe da responsabilidade da Tabique em que perdeu a vida o operário no último acidente mortal nesta barragem.

A exemplo do que tem sucedido em muitos, para não dizer praticamente todos, os casos de acidentes de trabalho, designadamente, os mais graves, em que é manifesta a responsabilidade das empresas, como a EDP, na ausência de rigorosas condições de segurança, a ACT, apesar de promover inquéritos, instaurar processos contra-ordenacionais, de apontar transgressões e anunciar investigações, mantém mais uma vez um silêncio que se torna suspeito sobre o resultado e conclusões da sua intervenção, ficando-se os autênticos assassinatos dos escravos assalariados por uma mera estatística de acidentes de trabalho a suscitar hipócritas lamúrias e vãs promessas de inspecções semanais aos locais de trabalho, em particular em obras das grandes empresas.

É tempo de pôr cobro a esta carnificina e impunidade, luta em que continuaremos firmemente empenhados.