PAÍS
TRABALHADORES DOS CTT EM GREVE - UMA LUTA FIRME E DETERMINADA
- Publicado em 30.07.2014
Os 670 trabalhadores das centrais de tratamento de correio de Lisboa, Coimbra e Porto, estão a realizar uma greve parcial de duas horas diárias em todos os sectores e turnos desde o dia 21 de Julho, greve essa que se prolonga até ao dia 1 de Agosto, seguindo-se, logo após, dois dias de greve geral, nos dias 4 e 5 de Agosto, incluindo, no primeiro dia, também os trabalhadores dos centros de distribuição de Lisboa.
Até ao momento (29 de Julho) os níveis de adesão, alcançados com uma notável persistência e firmeza, têm atingido os 70%, sendo que, em Lisboa, registaram em alguns sectores perto dos 100% (caso do Cais) e a paralisação está a provocar atrasos sensíveis na expedição e distribuição de correio azul e correio internacional (com cerca de seis dias de atraso), serviço acumulado e desvio de correio para outros centros.
O objectivo da greve convocada pelo SNTCT é o de lutar contra a tentativa da administração da empresa - entretanto privatizada, como se sabe - de alterar abusivamente o regime do horário de trabalho da jornada contínua previsto no AE e praticado há dezenas de anos nas centrais de tratamento de correio, e também nos centros de distribuição.
Até agora, os trabalhadores têm, nos diversos turnos, um horário de oito horas seguidas, com um intervalo de descanso de meia hora, ao fim de cinco horas de trabalho.
A alteração deste regime da jornada contínua e a imposição do regime normal do horário de trabalho – nove horas diárias com uma hora de intervalo de descanso ou refeição –, para além do roubo de mais meia hora diária de trabalho, traduz-se num enorme prejuízo para os trabalhadores que assim vêem modificada radicalmente a organização da sua vida familiar e pessoal, que passam a ter de utilizar transportes em horários que os obrigam a ficar fora de casa perto de doze horas e, os que têm filhos em infantários ou creches, são confrontados com situações dificilmente ultrapassáveis.
A substituição do horário actual, para além do roubo de meia hora de trabalho, visa ainda retirar aos magros salários subsídios como o de pequeno almoço e transporte, designadamente, no período das chamadas horas incómodas, sem contudo deixarem de sofrer as perturbações do prolongamento do horário.
Acontece também que, com esta alteração terrorista da administração, os trabalhadores que iniciam à segunda-feira (de domingo para segunda) o turno nocturno às 00H00 (turno que nos restantes dias começa às 23H00), vão perder o benefício da chamada hora dominical.
Para os capitalistas a quem o governo de traição nacional Coelho/Portas entregou este serviço público, esta medida é também o primeiro passo para desencadear uma ofensiva de despedimentos – o roubo das horas de trabalho aqui em causa representará a eliminação de 68 postos de trabalho -, sendo que o serviço do tratamento e distribuição sofrerá uma continuada degradação, com inevitável prejuízo para os cidadãos.