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PAÍS

A situação da profissão de Enfermeiro e a greve de 9 e 10 de Julho!

Nas vésperas de mais uma importante jornada de luta que os enfermeiros portugueses decidiram encetar – a greve agendada para os próximos dias 9 e 10 de Julho -, publicamos a entrevista que o LUTA POPULAR solicitou ao nosso camarada João Paz, enfermeiro em Coimbra, na qual fez uma importante análise da situação imposta à classe pelo actual governo de vende pátrias e sugere perspectivas para a luta dos enfermeiros.

LUTA POPULAR (LP) – Podes dar aos nossos leitores uma perspectiva da situação de degradação das condições de trabalho que foram impostas por este governo aos enfermeiros portugueses?

JOÃO PAZ (JP)  Nunca como agora foi tamanha a degradação constante e acelerada das condições de vida e de trabalho dos enfermeiros portugueses.É certo que não estamos sozinhos nesta miserabilização.

O Governo de traidores à pátria que nos desgoverna e que, no dizer de Álvaro Santos Pereira, tem como meta a atingir os feitos “reformistas” de Margaret Tatcher, tem atacado com medidas terroristas todos aqueles que vivem da venda da sua força de trabalho com sanha persecutória particularmente dirigida aos trabalhadores da função pública e para os serviços públicos de Educação e Saúde muito em particular.
Como todos os funcionários públicos, os enfermeiros perderam mais de 30% do seu poder de compra nos últimos 4 anos.

LP  Sendo que o governo Coelho/Portas está sempre a comparar os índices de produtividade dos trabalhadores portugueses com outros trabalhadores europeus (particularmente do norte da Europa), qual o nível de salários auferidos pelos enfermeiros portugueses neste momento?

JP  Como Europeus deveríamos ter direito aos vencimentos base de 4000, 5000 ou até 7000 euros praticados em alguns países da Europa.

O esbulho e terrorismo fiscais também se abateram sobre os enfermeiros sendo que na maior parte dos casos mais de um terço dos vencimentos vai para impostos.

A título de exemplo o último vencimento líquido de 1250 Euros tinha 655 Euros de impostos directos .
Não satisfeito com isso o desgoverno assalta-nos as férias que reduz de 25 para 22 dias e prepara-se para ,a partir de Setembro,nos forçar a trabalhar mais um dia por semana sem pretender pagar-nos um cêntimo que seja por essas horas que rouba ao nosso descanso e à segurança daqueles que tratamos.

LP  Outra das justas reivindicações da vossa classe prende-se com as condições de precariedade a que está permanentemente sujeita. Queres comentar?

JP  Abundam e são incentivadas pelo desgoverno as empresas de contratação, os negreiros dos nossos tempos, que fazem com que muitos enfermeiros recebam metade ou até uma terça parte daquilo que a lei estipula, pagando o governo sensivelmente o mesmo(muito pouco menos) que pagaria se fizesse contratação directa e aplicasse a lei vigente.

Mas aplicar a lei vigente é muito complicado para este desgoverno fora da lei que nem às decisões do Tribunal Constitucional obedece.

Depois do escandaloso caso de enfermeiros a serem “pagos” a 3,5 Euros à hora e da justa revolta que isso provocou nos enfermeiros e no povo português que disso teve conhecimento, abundam agora casos em que são “pagos” a 6 ou 7 Euros, como ainda há pouco tive oportunidade de denunciar a um jornal local, àcerca do caso do Hospital da Figueira da Foz.

Feitas as contas verificamos que em alguns turnos em que deveriam ser pagos suplementos isso é inferior a um terço do que esses enfermeiros deveriam receber.

LP  E quanto às condições de trabalho no que concerne a vossa actividade profissional e ao atendimento e seguimento de doentes?

JP - Somos confrontados diariamente com falta de materiais diversos necessários ao exercício da nossa função nas melhores condições e os hospitais públicos são encerrados às dezenas. E, parar minar e mais tarde acabar de vez com o SNS, as taxas “moderadoras” são brutalmente aumentadas e dezenas de milhares de portugueses faltam às consultas por as não poderem pagar.

LP – Perante a manifesta falta de enfermeiros o que está este governo a fazer?

JP - O próprio governo reconhece que há falta de enfermeiros mas os nossos colegas que se formam embarcam aos milhares para o estrangeiro , onde são respeitados pela grande qualidade do seu trabalho, por lhe ser recusado trabalho no país.

A própria Ordem dos Enfermeiros afirma que a falta de enfermeiros em determinados serviços é de tal modo que coloca em risco a qualidade dos cuidados prestados.

A situação é de tal ordem que já se ouvem cada dia mais enfermeiros a reivindicar uma greve que reponha uma parte que seja do muito que nos foi e está a ser roubado.

LP – Na tua opinião, que caminho de luta deviam seguir os enfermeiros portugueses?

JP  O PCTP/MRPP acredita que a única saída para a situação com que os enfermeiros estão confrontados, devida às políticas terroristas e fascistas levadas a cabo por este governo, é a luta. Por isso, saúda a greve que está agendada para os próximos dias 9 e 10 de Julho, considerando mais que justos os seus objectivos.

Não unicamente por meras questões corporativas da classe, já de si mais do que justas, mas acima de tudo porque deve fazer parte da luta de todos os democratas e patriotas deste país que, apesar de lhes ser imposta uma cada vez maior carga horária de trabalho, não têm como dar sustento a si próprios e às suas famílias, ao mesmo tempo que assistem a mais de milhão e meio de desempregados, a maior parte deles sem terem sequer o subsídio de desemprego para o qual sempre descontaram enquanto estiveram a trabalhar.

LP  Isso significa para ti que a luta dos enfermeiros se integra na luta política mais geral que o povo português trava pelo derrube deste governo?

JP  Assistimos e lutamos contra a destruição do que resta do nosso país, começada quando a CEE (e depois a UE) entrou no nosso país e encerrou as grandes unidades industriais “dando”, como as 100 moedas de judas, aos seus apaniguados do PS, PSD e CDS(hoje conjugados no apoio à tróica germano-imperialista e constituindo-se, de facto, como o braço interno dessa mesma tróica, ou seja, a tróica interna), os milhões de euros para a “integração”, que mais não têm feito que determinar as nossas opções (os fundos europeus determinam o que se faz e o que fica por fazer) e impor-nos dívidas privadas e públicas consecutivamente galopantes ( as “ajudas” sempre impuseram para as “completar” empréstimos bancários quase todos directa ou indirectamente aos poderosos bancos alemães).

Isso e a evolução enoxerável do sistema capitalista faz com que sejamos hoje mera colónia da Alemanha que nos impõe, através da Tróica, a fome e a miséria sugando-nos o máximo que pode.

Esta situação só pode começar a ser invertida se derrubarmos os agentes estrangeiros que, como Miguel de Vasconcelos, ocupam o governo. Cada dia,cada minuto que estes serventes caninos da Alemanha se mantiverem no poder será mais um pouco do nosso sangue que inventarão forma de sugar. Isto é, para além do derrube deste governo de traição nacional, também deve ser objectivo desta greve dos enfermeiros, como de todas as lutas do povo e dos trabalhadores em geral, a constituição de um governo democrático patriótico.

É, por tudo isto, também pelo nosso país e pelo povo, pela defesa de um Serviço público de saúde, assente na prevenção e que seja, de facto, geral, universal e gratuito, que os enfermeiros irão realizar a greve nos próximos dias 9 e 10.

Exortamos a que a nossa greve seja apoiada pela generalidade dos portugueses.

Pelo futuro de nós próprios, dos nossos filhos e dos nossos netos.
Por uma saúde de qualidade PARA TODOS.


Enfermeiros em greve




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