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PAÍS

Espírito Santo: Uma Quadrilha de Bandidos à Solta

6. Sucede todavia que o caudilho da quadrilha de bandidos da família Espírito Santo foi, até domingo passado, o banqueiro do regime em Portugal!... 

Com efeito, desde que a Banca foi totalmente reprivatizada, com excepção da Caixa Geral de Depósitos, pelos sucessivos e reaccionários governos do PS e do PSD, destruindo as nacionalizações conquistadas pela revolução de Abril, Ricardo Salgado, em vez de denunciado como um bandido que sempre foi e era, foi levado ao colo pelos órgãos da comunicação social capitalista e por jornalistas corruptos, que ainda hoje se passeiam nas nossas ruas e em todos os jornais e televisões, comprados pela família Espirito Santo, para louvaminharem todos os dias o banqueiro do regime.

Na verdade, o banqueiro do regime sucedeu até à banqueira do povo, mas foi preciso chegarmos aos dias de hoje, dias de falência do Grupo e do Banco Espirito Santo, para que toda a gente se tenha apercebido de que os métodos, os processos, as burlas e as ladroagens dos dois banqueiros – a do povo e o do regime – eram em todos semelhantes, salvo a diferença de que a quadrilha de Ricardo Salgado era constituída por profissionais da banditagem, enquanto que o grupinho da velha D. Branca era uma coisa de amadores.

Certo é que, a partir de determinada altura, todos os grandes negócios do Estado passavam inevitavelmente pelo Grupo, pelo Banco, e pela família Espirito Santo, e sempre por Ricardo Salgado. As fragatas, os submarinos e os helicópteros da marinha de guerra, os carros de combate, os sistemas de armas e os fornecimentos para o exército, as pontes rodoviárias, o comboio na Ponte, o Alfa e o Pendular, as scuts (auto-estradas, ditas sem custo para os utilizadores), os hospitais e as parcerias público-privadas, os leoninos contratos swaps, tudo o que cheirasse a dinheiro – a bom dinheiro! – e a superendividamento do Estado passava, sem apelo nem agravo, pelo Grupo, pelo Banco, pela família Espirito Santo e pelo banqueiro do regime Ricardo Salgado.

Aliado de Guterres e íntimo de Sócrates nos seus dois governos, foi o banqueiro do regime quem apoiou o último daqueles dois primeiros-ministros no ataque à TVI e à tentativa de açambarcamento do banco de Jardim Gonçalves. Foi Salgado quem forçou Sócrates a assinar o memorando de entendimento e a aconselhá-lo a intervenção da tróica em Portugal.

Foi o banqueiro do regime quem cunhou a expressão, e com ela insultou o nosso povo, de que os portugueses viviam acima das suas possibilidades. Abandonando depois Sócrates, a quem praticamente forçou à demissão, Salgado passou todo o seu apoio ao governo de traição nacional Coelho/Portas, como aliás já antes havia apoiado Barroso e Santana Lopes.

Desde meados dos anos 90, bem se pode dizer que nunca houve um governo em Portugal, fosse qual fosse o partido maioritário, que não tivesse ministros ou secretários de estado do Grupo Espírito Santo e do Banco Espírito Santo. Todos os governos foram governos do Grupo Espírito Santo e o actual governo de traição nacional Coelho/Portas é ainda um governo da quadrilha de gatunos Espírito Santo.

É precisamente por tudo isso que agora se vê Sócrates a verberar a detenção do banqueiro do regime pelo Ministério Público, assim como se vêm Passos Coelho e Portas a esportular 4,5 mil milhões de euros, roubados ao povo português através de um golpe-de-mão nocturno sobre as instituições, para manter em funcionamento a quadrilha de bandidos de Ricardo Salgado e da família.

Aquilo que, nas últimas três décadas, corre sob o nome de democracia portuguesa, é, no fundo, o regime do banqueiro do regime.

Estejam, pois, preparados porque, com excepção dos comunistas do PCTP/MRPP, ninguém sairá à praça nem puxará do cajado para desengonçar o patife que andou todo este tempo a roubar o povo português.

E sabem uma coisa, caros leitores?: o banqueiro do regime dividiu, na proporção que só ele conhece, o produto do roubo com todos os partidos do regime – eu disse todos os partidos do regime, todos os partidos parlamentares -, a todos eles pagou e a todos eles teve acorrentados pelo cabresto aos seus interesses de ignóbil capitalista.

Por isso ninguém verá, nem Soares nem Cavaco, nem Passos Coelho nem Portas, nem Cravinho nem Santana Lopes, nem Costa, nem Louçã nem nenhum dos economistas e financeiros portugueses com assento fixo nas pantalhas das televisões, dirigir uma única critica ao banqueiro do regime, porque todos eles já comeram e ainda muitos estão a comer agora na mão do dito cujo Salgado.

O escândalo nacional não reside apenas na explosão do GES e do BES; reside também no desmascaramento que traz dos partidos, dos dirigentes e da vida política que rodeia o poder em Portugal.

Nunca haveria um banqueiro do regime se o regime não fosse dos banqueiros.

Quem quer que o banqueiro tenha comprado, há uma coisa que ele nunca comprará: a voz da classe operária e do povo português, que, neste momento, exige à Procuradora-Geral da República e ao Ministério Público que cumpram o seu dever e prendam a quadrilha de gatunos que enriqueceu à custa dos trabalhadores, neste período tão difícil da vida portuguesa. E ponham a nu o nome dos políticos e partidos que receberam dinheiros do Grupo Espírito Santo e de Ricardo Salgado.

E façam-no depressa, porque nas ruas já se ouve toda a gente comentar: mas não há Ministério Público nem há Procuradora-Geral da República neste país? Os gatunos vão poder andar por aí à solta e impunemente?

Eu entendo que não!



Espártaco

Texto revisto e republicado em 11.08.2014



 

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Comentários   

 
# apolíneo gouveia 13-09-2014 13:42
A informação cheira toda ela a coisa escorreita, verdadeira e limpa .Foi uma lição que recebi por um grande professor ( Espartaco ) Preciso de acompanhar estas lições no futuro . Estou colado
 
 
# apolíneo gouveia 13-09-2014 14:45
muito util esta peça !
 

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