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PAÍS

O minério de Moncorvo e o ministro mentiroso

Há, no governo de traição nacional PSD/CDS, um ministro obscenamente ridículo, chamado Álvaro dos Santos Pereira, para cima do qual já todos os membros do governo expeliram sólidos e molhados, com especial relevo para o primeiro-ministro Passos Coelho, o ministro dos negócios estrangeiros Paulo Portas e o ministro das finanças Vítor Gaspar, sem que o homenzinho tuja nem muja.

O Álvaro, como até há pouco tempo pedia para ser chamado, licenciou-se em Coimbra e acabou docente numa universidade em Vancouver, no oeste do Canadá, onde, sem saber nada do que se havia em concreto passado na sociedade portuguesa nos últimos quinze anos, mesmo assim escreveu, e publicou em Abril de 2011, um livro intitulado Portugal na Hora da Verdade – Como Vencer a Crise, com o qual se propunha salvar a parvónia.

Uma vez eleito, Passos Coelho, em quem nunca se notou que abundasse alguma ideia acertada, foi buscar este novo D. Sebastião ao off shore canadiano do Pacífico e pespegou com ele na pasta da Economia, criando para o sujeitinho um super-ministério que englobava, além da economia propriamente dita, os transportes e comunicações, a energia, os subsídios europeus, as obras públicas e o emprego.

O Álvaro era, então, a grande aposta de Coelho, pois o Álvaro, com aquela incontinência verbal que todos os portugueses hoje conhecem, havia escrito na portada de um dos capítulos da sua bíblia redemptora: “Chamem-me o que quiserem, mas esta crise é o melhor que nos podia ter acontecido”...

Ora, este jaleco que parecia disposto a comer crises ao pequeno-almoço, começou por pretender endireitar o país mediante a liquidação do sector dos transportes, manobra que suscitou a mais férrea das resistências dos trabalhadores do sector e dos utentes do serviço, resistência que ainda hoje continua e que liquidou completamente o D. Sebastião de Vancouver, que está já de patins calçados para o regresso à universidade de Simon Frazer.

Quando ficou totalmente isolado na tentativa de aplicar em Portugal o trabalho forçado (meia-hora de trabalho diário não pago), o Álvaro lançou e pagou nos meios de comunicação portugueses e espanhóis a famigerada campanha do Minério de Moncorvo: mil milhões de euros de investimento imediato da empresa anglo-australiana Rio Tinto, com 2.000 postos de trabalho directos e alguns seis mil indirectos!

Foi no dia 21 de Outubro de 2011, por altura da marcação da greve geral nacional de 24 de Novembro, que o país acordou em alvoroço com o anúncio da nova corrida ao ferro.

Nos dias seguintes, o Álvaro anunciou uma nova corrida ao ouro, com a abertura de novas minas e a reabertura de velhas, como a de Jales; mas também uma nova corrida ao volfrâmio e uma outra às pirites alentejanas!...

Para um país que naquela data tinha atingido o nível máximo de desemprego, ficou toda a gente excitada com a conferência de imprensa sobre a reanimação da indústria mineira, apregoada pelo ogro de Vancouver.

Diga-se, de passagem, que as serras de Moncorvo e Reboredo, em Trás-os-Montes, contêm no seu seio as maiores reservas de minério de ferro da Europa.

Realidade essa que sempre foi escondida aos portugueses, como é apanágio da política dos imperialistas, que ocultam aos povos as riquezas de que são donos, até que as possam abocanhar.

Há mais de quarenta anos que o nosso Partido tem chamado a atenção para as nossas riquezas mineiras, e, no caso das Minas de Moncorvo, para o crime económico que representou o encerramento da exploração em 1986, por força das negociações para a entrada na Comunidade Económica Europeia, a então CEE.

Avaliando por baixo o valor de uma jazida de ferro que nunca foi devidamente avaliada, os recursos das Minas de Moncorvo e Reboredo, segundo cálculos da Direcção-Geral de Geologia e Minas (hoje, Direcção-Geral de Geologia e Energia) serão de 552 milhões de toneladas de minério, o que, à cotação actual mundial de 150 dólares (125 euros) por tonelada, representa qualquer coisa como 69 mil milhões de euros, cerca de 40% do produto interno bruto português.

Em Moncorvo, os depósitos de ferro existem e são os maiores de todo o continente europeu, ainda que o teor de ferro no minério não seja o maior.

O certo é que, depois do foguetório subsequente à conferência de imprensa promovida pelo Álvaro em Outubro do ano passado, nunca mais ninguém falou no mega-investimento da Rio Tinto, ainda que já naquela altura se soubesse que os direitos de exploração das minas da Torre de Moncorvo tinham sido concedidas pela Direcção-Geral de Geologia e Energia não à Rio Tinto, mas à MTI-Minning Techonology Investments, pelo período compreendido entre 2011 e 2070.

Esta concessão do couto mineiro da Torre de Moncorvo por sessenta anos foi feita nas costas do povo português, ocultando-lhe os valores em causa. Sabe-se muito bem que o sigilo destes negócios é uma imposição das práticas criminosas de corrupção; mas o que não se compreende é como se calam os partidos da oposição parlamentar, pois os seus deputados nunca obrigaram o governo a vir ao parlamento explicar estas negociatas...

A inacção dos deputados da oposição só pode significar que as negociatas também corrompem os partidos parlamentares que não estão no poder.
Como, nos últimos cinco meses, ninguém falou mais nos minérios de Moncorvo, e tendo atingido entretanto o desemprego máximos históricos, o Jornal de Noticias, diário nortenho de maior circulação, entrou em contacto com a empresa Rio Tinto, a qual negou qualquer perspectiva de investimento no Leste transmontano e, com o azedume conhecido dos capitalistas saxónicos, lá foi acrescentando que “não comenta especulações da imprensa portuguesa”, ficando-se todavia sem saber quais serão afinal as especulações da imprensa que a Rio Tinto comenta...

O Jornal de Notícias dirigiu-se então ao ministério do Álvaro, para saber o que se passava, e a resposta foi esta: “Não temos qualquer comentário a fazer”.

Chamem-me o que quiserem – pediu o Álvaro a fls 536 da sua vulgata de Vancouver, lembram-se?!

Nós, aqui e por agora, vamos chamá-lo apenas de ministro mentiroso, para não repetir nas páginas de um jornal comunista o que lhe chamam os trabalhadores e os passageiros do sector dos transportes, porque não seria curial ofender aqui a mãezinha do cavalheiro...

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