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PAÍS

Na 5ª sinfonia da Tróica germano-imperialista - Cavaco e partidos do “arco parlamentar” demonstram grande afinação

2011-10-15-manif-01A afinação entre os partidos do “arco parlamentar” e suas correias de transmissão – UGT, CGTP, Confederações patronais, etc. -, face à vinda dos “inspectores do cacimbo” da tróica germano-imperialista, tem sido total.

O maestro, Cavaco Silva, distribuiu a partitura e ensaiou todos os participantes. Todos parecem ter percebido que instrumento tocar, como e quando o tocar, de molde a que, face à 5ª “avaliação” do cumprimento do memorando que PS, PSD e CDS assinaram com o FMI, a União Europeia e o Banco Central Europeu, sob estrito controlo da chancelerina Merkel e do imperialismo germânico, se encontre um novo “bode expiatório” para o desastre anunciado das medidas impostas pela própria tróica e prosseguidas de forma canina e subserviente pelos traidores Passos/Portas.

A cacofonia começou com as patéticas declarações do presidente Cavaco no âmbito de uma “solidária” partida de golfe, em que este, nas vésperas da chegada dos inspectores da tróica, defendia que o modelo teria de ser “reavaliado” e que a tróica deveria assumir as suas responsabilidades pelo facto de a execução do memorando não estar a correr como previsto, já que, apesar da experiência acumulada na aplicação das medidas terroristas e fascistas noutros países, que agora estão a impor aos trabalhadores e ao povo português, não tiveram em conta que esse mesmo modelo não teve nesses países, também, o melhor dos desfechos.

Foi o mote para toda a sorte de oportunistas sair do armário e encontrar argumentos para “desculpabilizar” o governo de traição PSD/CDS. Foi revelador ver o traidor João Proença, líder da UGT, estar de acordo com as confederações patronais, no que respeita a “diagnósticos”: não tivessem sido dados ouvidos à tróica ou não se tivesse querido suplantar as medidas impostas por esta, e estaríamos já no paraíso da abundância. Ou seja, segundo estes cretinos, o problema está no mensageiro, não na mensagem.

Para Arménio Carlos, repetindo as teses de Jerónimo de Sousa e do PCP, o problema resolver-se-ia com a “mudança de políticas”. Ou seja, ao que estes oportunistas se prestam é a dar conselhos à tróica quanto ao modelo de gestão a que o sistema capitalista deve obedecer para se tornar mais “suportável” aos olhos dos trabalhadores, para ganhar um “rosto humano”, “aliviando” as gravosas condições de vida a que sujeitam o povo. Para isso, claro está, basta “concertação social” e mudanças formais, que não substanciais, de política.

Às urtigas o facto de não serem as políticas que interessa mudar, mas sim derrubar o governo que cria as condições para que elas se reproduzam e sirvam para roubar os salários e o trabalho, agravar o desemprego, dificultar o acesso à educação e à saúde, agravar a miséria e a humilhação a que os trabalhadores e o povo português estão sujeitos, ao mesmo tempo que tudo facilitam para que o processo de acumulação capitalista saia reforçado.

Para o BE, como pudemos aferir das declarações de Luis Fazenda no decorrer da “universidade de verão” deste movimento/bloco, não só é necessário, como proclama o PCP, que haja uma imediata “mudança de políticas” como, se forem atendidas as “preocupações” de Cavaco – que fazem suas – que proclama a necessidade de uma “reavaliação” dos termos do memorando com a tróica e sugere que o BCE (um banco privado, controlado maioritariamente por grandes grupos financeiros e bancários alemães) faça o seu papel de comprar obrigações aos estados “devedores” e emprestar dinheiro a juros mais baixos para estes fazerem face ao pagamento da parte “legítima” das suas “dívidas”, garantidamente os trabalhadores e o povo terão conquistado a sociedade do socialismo e da solidariedade extrema.

Parecendo estranho, PS, PSD e CDS funcionam nesta orquestra como aqueles instrumentos que, aparentemente “mudos”, são essenciais à “performance” da mesma. Todos eles mandam os seus cães de fila à frente para agitar as “consciências”, pretendendo com esta atitude ver se a sua estratégia saloia de imputar à tróica germano-imperialista o ónus do desastre da aplicação do memorando - que todos eles assinaram e nos disseram corresponder aos interesses do povo português – tem acolhimento.

Mas, a tróica, que não quer largar a presa que os seus serventuários Coelho/Portas lhes deu como contrapartida às migalhas que estes lhes reservarão no banquete da exploração dos trabalhadores e do povo português, já veio afirmar, claramente, que não só não aceita esse ónus, como espera que nenhum dos seus “bons alunos”, que têm demonstrado ser excelentes cúmplices, abandone agora o papel que lhes foi cometido neste roubo da nossa independência nacional, traduzido na transferência de activos, empresas e sectores públicos, estratégicos para o desenvolvimento de uma política económica independente.

Traduzido no roubo generalizado dos salários e do trabalho, na estratégia de embaretecimento dos custos do trabalho a fim de tornar Portugal na “Malásia” da Europa, com mão-de-obra barata, pouco qualificada e intensiva. Traduzido na liquidação do serviço nacional de saúde e do ensino público em nome do “emagrecimento” do estado pela vertente da “despesa”, ao mesmo tempo que facilita e implementa o ensino e os hospitais privados.

Mas, se há coisa que esta 5ª avaliação da tróica germano-imperialista ao cumprimento das regras ditadas pela potência colonial por parte do seu protectorado ou colónia portuguesa tem de positivo, é o facto de se tornar mais claro para os trabalhadores e para o povo português que todos os participantes nesta orquestra têm um objectivo comum: fazê-los pagar uma dívida que não contraíram, nem dela beneficiaram, à custa do agravamento das suas condições de vida, à custa da perda da nossa soberania, à custa da humilhação a que sujeita quem trabalha.

Pode ser até que os trabalhadores e o povo não tenham de momento poder ou não considerem determinante despedir a orquestra. Mas, certamente, se uma frente de todas as camadas populares, de esquerda, emergir das suas lutas e uma forte e decidida direcção e mobilização ocorrerem, encontrará as forças necessárias para derrubar este governo de traição, expulsar a tróica germano-imperialista do nosso país e constituir um governo democrático patriótico cuja primeiríssima medida seria repudiar a dívida e fazer sair o nosso país do euro.


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