PAÍS
Recepção do governo aos emigrantes - Bem-vindos, desde que paguem e não fiquem!
- Publicado em 30.07.2012
Um tal José Cesário, que se acha secretário de estado das comunidades, mas que de facto é um comissário político deste governo de traição com a missão de disfarçar o objectivo destas sanguessugas, que é o de, para além de criarem as condições – e até as publicitarem – para que os trabalhadores e desempregados emigrem, à procura, no estrangeiro, de condições de trabalho e salário que lhes é negado no seu próprio país, se locupletarem com as remessas dos nossos emigrantes para fazer face ao pagamento de uma dívida que os trabalhadores e o povo não contraíram, nem dela retiraram qualquer benefício, esteve este domingo, com uma corte de atractivas meninas, a dar as boas vindas àqueles que atravessavam a fronteira de Vilar Formoso, no regresso dos países onde labutaram um ano inteiro para que parte do seu salário possibilitasse a visita às suas aldeias, lugarejos ou cidades de origem para matar saudades da família e da terra.
Mas, o que José Cesário, com um sorriso hipócrita, não disse aos emigrantes foi que muitos deles iriam encontrar as matas, florestas e aldeias destruídas pelos recentes incêndios, que ainda assolam, apesar do denodo, empenho e coragem dos bombeiros e suas corporações, porque este governo de traidores PSD/CDS prefere alocar todos os meios financeiros criados à custa do trabalho ao pagamento de uma dívida ilegítima, ilegal e odiosa, em vez de financiar os meios de combate e prevenção aos incêndios e dar luta sem quartel a todos os especuladores que beneficiam com esta política de terra queimada.
O que José Cesário, em representação deste governo serventuário da tróica germano-imperialista não disse aos emigrantes é que a política que levou à destruição do nosso tecido produtivo prossegue, tendo mesmo sido criada uma Comissão de especialistas para proceder à liquidação do que resta dele, preparando a privatização das poucas empresas e sectores públicos que ainda subsistiram à hecatombe da acumulação capitalista, isto é a transferência, a preços de saldo, e à custa da destruição de milhares de postos de trabalho, de activos públicos para o capital privado, comprometendo, ainda mais, a possibilidade daqueles que foram obrigados a emigrar alguma vez regressarem ao seu país para encontrar um trabalho digno e com uma justa renumeração.
Verdadeiramente assombroso foi José Cesário, que distribuiu muitos panfletos apelando à segurança rodoviária, não ter feito menção aos emigrantes com quem contactou que o governo Passos/Portas lhes tinha reservado a magnífica surpresa de terem, agora, de pagar as SCUTS – infraestruturas subsidiadas pela comunidade europeia e que, supostamente, deveriam ser gratuitas como acontece na vizinha Espanha, que aqueles imigrantes tinham acabado de atravessar para chegar ao seu país -, pelo que, por cartão multibanco ou recorrendo a uma raspadinha cá estavam, já ali a 11 kms, as autoridades do país à espera de que eles, uma vez mais, abrissem os cordões à bolsa, uma espécie de portagem obrigatória para poderem visitar família e amigos e deslocar-se às suas terras de origem.
Escamoteado foi também o facto de que, quando chegassem às suas aldeias de origem, iriam ser confrontados com o aumento do IMI, na base de uma reavaliação unilateral e fascista deste governo, através de uma lei que impôs que as autarquias locais tivessem que levar a cabo, sobre uma casa que construíram com muito sacrifício e obrigando-os a enormes privações nos países de acolhimento.
Os emigrantes, e esta informação foi sonegada cínicamente por José Cesário, serão também confrontados com o facto de que, no que diz respeito ao acesso à saúde, aqueles que mais amam, progenitores, irmãos e outros familiares, sofrem cada vez mais as consequências do aumento das taxas moderadoras e, sobretudo, os drásticos cortes que este governo impôs nos transportes de doentes, na sua esmagadora maioria idosos, que se vêm impedidos de suportar os custos que acarretam um transporte de táxi ou de ambulância sem que estes sejam subsidiados, o que fará com que uma parte substancial das remessas que os emigrantes efectuam será destinada a suportar esses aumentos que os seus familiares, com reformas de miséria, não poderão suportar.
Finalmente, quando estes nossos conterrâneos, após umas merecidas férias – que não foram totalmente revigorantes devido às dificuldades e à degradação das condições de vida a que os seus familiares, que permanecerão no seu país, estão sujeitos - voltarem aos países onde vendem a única mercadoria que têm para vender que é a sua força de trabalho, serão confrontados, ainda, com as medidas terroristas e fascistas que este governo PSD/CDS impõe todos os dias ao povo português, que é o cada vez maior número de consulados encerrados e os dramáticos cortes no apoio ao ensino da língua portuguesa aos filhos dos nossos emigrantes.
Um dia virá, mais perto do que distante, em que os imigrantes que tiverem a má sorte de se encontrar com um personagem do calibre de José Cesário, uma verdadeira sanguessuga mascarado de secretário de estado das comunidades, se virarão para ele, ou para qualquer outro sanguessuga do seu calibre, e lhe dirão: diga lá aos seus mandantes do governo PSD/CDS que se quiserem remessas, imigrem eles, pois nós, como trabalhadores e elementos do povo, lhes dizemos alto e bom som que NÃO PAGAMOS dívidas que não contraímos nem foram contraídas para nosso benefício.