PAÍS
Pinto Balsemão: Quem não quer ser lobo que lhe não vista a pele!
- Publicado em 27.07.2012
Com aqueles ares de simpático e bonacheirão avôzinho, Pinto Balsemão deixou, uma vez mais, cair a máscara de falso democrata e revelou, na plenitude, o seu verdadeiro carácter de sempre: um déspota adepto da “suspensão da democracia” quando tal beneficia a acumulação capitalista que os seus negócios e a exploração a que sujeita os seus trabalhadores geram, um lobo fascista vestido de democrata avôzinho que impõe, a ferro e fogo, os “critérios jornalísticos” pelos quais se devem pautar todos os órgãos de comunicação social – entre os quais a SIC – que o grupo, de que agora é Chairman (nome pomposo para presidente) – a Impresa – domina e controla.
Esta introdução vem a propósito de Pinto Balsemão afirmar que não está para se sujeitar, nas eleições legislativas de 2015 – mas que, pelo andar da carruagem, já se antevê que sejam antecipadas –, aos critérios definidos pelo acórdão do tribunal onde o nosso camarada Garcia Pereira interpôs e ganhou uma acção, precisamente contra os “critérios jornalísticos” que levaram as televisões – SIC, RTP e TVI – a determinar, de forma fascista e unilateral, o afastamento do nosso Partido dos debates televisivos, congeminando umas conversas em família, entre amigos, perfeitamente inócuas e sem consequências, onde apenas puderam participar os representantes dos 5 partidos do chamado “arco parlamentar” – PS, PSD, CDS, PCP e BE.
Ao emérito democrata Pinto Balsemão, que levou a questão à entidade que regula as televisões, reafirmando a sua opinião de que “debates com toda a gente não são viáveis” – afirmação que muito agradaria ao seu mentor dos tempos de deputado na Assembleia Nacional salazarista –, juntou-se José Alberto Carvalho, em representação da TVI, que considera que “…não há condições para fazer os debates como os tribunais e a lei entendem”, opiniões estas que, como não poderia deixar de ser, merecem total concordância por parte do director de informação da RTP, Nuno Santos.
José Alberto Carvalho, no que é seguido pelos responsáveis ou proprietários dos restantes canais televisivos, afirma mesmo, sem qualquer vergonha ou embaraço, que “…como órgãos de informação só entram numa zona de perigo, do ponto de vista legal, se fizermos um debate”, concluindo que “…então, é preferível não o fazer”! O personagem em questão, certamente que com o beneplácito de Balsemão e Santos, refere, ainda, que considera “…completamente desajustada à realidade” a lei eleitoral em vigor desde 1975, pelo que acha preferível que “…não hajam debates na TVI, se não houver uma legislação razoável”!
Meridiano e cristalino! O que esta gente considera uma legislação razoável é puro fascismo! É calar as vozes daqueles que não compactuam com o jogo de espelhos que há muito se instalou entre situação/oposição que tem endrominado os trabalhadores e o povo português nas últimas décadas. É prosseguir a campanha de manipulação no sentido de que as eleições percam de vez a cada vez mais ausente componente de debate democrático e sério para dar lugar, em definitivo, à componente espectáculo gerador, segundo a lógica capitalista, de maiores receitas para as empresas que exploram estes meios de comunicação, perpetuando no poder o “bloco central” que tem imposto o paradigma de economia e de política que obriga, hoje, os trabalhadores e o povo português a pagarem uma dívida que não contraíram, nem foi contraída para seu benefício.
Num contexto em que as consequências da miserável traição que constituiu a assinatura do Memorando com a tróica germano-imperialista, entre outras, foi a da total perda de soberania, cabendo ao actual governo de traição PSD/CDS, com o beneplácito do PS, o mero papel de executor das instruções e ditames do directório europeu comandado pela chancelerina Merkel, já se consegue perceber que, quer o governo, quer os grupos financeiros e bancários que o sustentam, estão a preparar as condições políticas para, nas próximas eleições, nem o arremedo formal de democracia que ainda fingiam existir, ocorra.
Ora, já se percebe melhor porque é que só uma ampla frente de todas as camadas populares, de esquerda, que derrube este governo e repudie a dívida, poderá assegurar, não só um novo paradigma de economia, ao serviço e controlada pelos trabalhadores e pelo povo, como poderá garantir uma efectiva independência nacional e uma consequente e participativa democracia.