PAÍS
- Publicado em 13.10.2020
Lei do Orçamentode Estado 2021 – um beco sem saída! (1)
A visita a Portugal daquela que é uma espécie de Comissária Política da potência colonizadora e imperial – a Alemanha –, nos passados dias 28 e 29 de Setembro, foi apresentada como uma operação de “charme” e “bondade” para anunciar os milhares de milhão de euros com que Portugal iria ser bafejado para resolver a crise económica que foi agravada pela crise pandémica do Coronavírus.
Se Ursula von der Leyen se deslocou ao nosso país a convite de António Costa, com quem esteve reunida para, supostamente, discutir o Plano de Recuperação e de Resiliência europeu e português ou se foi convidada por Marcelo Rebelo de Sousa para tutelar um Conselho de Estado, é irrelevante. O que é certo é o facto de ter vindo certificar-se de que os “bons alunos” entenderam que o “bodo aos pobres” que se traduziram em dezenas de milhares de milhão de euros de subsídios “a fundo perdido”, afinal ... são para serem pagos! E com língua de palmo!
E, claro está, são para serem pagos como sempre, pelos operários e pelos trabalhadores portugueses, que são esmifrados por via dos impostos, dos baixos salários, da precariedade e do desemprego e através de políticas que lhes negam o direito à habitação, aos transportes, à educação, à saúde, à assistência social, à cultura.
É neste contexto que se deve perceber a pompa e circunstância com que o ministro das Finanças – que não por acaso tinha sido classificado pelo seu antecessor, Mário Centeno, como o “mestre das cativações” – foi ontem fazer entrega do Projecto de Lei do Orçamento de Estado para 2021, com dezenas de jornalistas a privilegiarem a “notícia” de que, desta vez, o documento havia sido entregue em papel, em vez da tradicional pen. Jornalixo e jornalistas de merda!
Um orçamento preparado com aquela engenharia da manipulação própria de um lacaio como António Costa e seu séquito de ministros e secretários de Estado. Para assegurar o seu sucesso – e de orçamentos futuros – Costa tem-se esmerado, a montante, por assegurar aos seus senhores imperiais que o seu governo se esmerará em executar o Plano de Recuperação e Resiliência europeu, nos termos em que a potência colonial, ultrapassada a resistência dos “estados frugais”, conseguiu impor.
E essa engenharia começou por assegurar o controlo de todos os instrumentos de que a burguesia dispõe para que não haja “surpresas”. Desde logo, controlando o papel de regulador do Banco de Portugal, “sacrificando” o “Ronaldo das Finanças” – Mário Centeno – remetendo-o para os gabinetes do Banco de Portugal. Temeroso, ainda assim, de que esse controlo lhe fugisse, não deixou nenhum “rabo de palha” e nomeou para a equipa de controlo da acção do próprio Banco de Portugal gente da confiança estrita de Centeno e de Costa.
Mas, a cereja do topo do bolo, viria a ser o Tribunal de Contas, onde era necessário ter um homem de confiança que não “levantasse ondas” quanto à forma e destino das verbas tão”generosamente” injectadas na economia nacional, as tais a “fundo perdido”! Com tantos biliões em jogo, Costa não quis arriscar que lhe escapasse o controlo sobre a massa e propôs a Marcelo, que aceitou, um “homem da casa”, isto é, um lambe-botas encartado!
Mas Costa é um artista! E, como tal, sabe que para o “espectáculo” ter a credibilidade, a “audiência”, o aplauso que programou com os seus patrões – o imperialismo alemão – e ser profícua, necessita de compères. E, como nestas coisas o melhor é apostar em equipas “ganhadoras”, encarregou-se de ir buscar os melhores. As muletas do PCP, do BE, dos Verdes, do PAN, sempre dispostos a, por algumas migalhas, se prestarem a credibilizar junto dos operários e dos trabalhadores o programa político e económico que Costa pretende impor a mando do imperialismo europeu.
Não será certamente por acaso que Marcelo Rebelo de Sousa, sempre empenhado em que, a uma crise económica e a uma crise pandémica, se acrescente uma crise política, anunciou na passada 5ª feira, que iria condecorar a CGTP com o título de Membro Honorário da Ordem do Infante D. Henrique, numa data em que se assinalam 50 anos de traição à luta operária e sindical daquela central revisionista e social-fascista.