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PAÍS

Rui Rio: A versão autárquica da suspensão da democracia!

Naquela que se poderá já considerar a versão autárquica para a suspensão da democracia defendida, há mais de um ano, pela inefável e reacionária Manuela Ferreira Leite, vem agora o presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Rio, numa alocução proferida na Curia como orador convidado da 2ª universidade do poder local, organizada pelo PSD, pela JSD e pelo grupo europeu do PSD, defender que nas câmaras municipais onde seja muito elevado o nível de endividamento, se deva proceder à suspensão de qualquer acto eleitoral devendo, em contrapartida, ser formada uma Comissão Administrativa, composta por técnicos de reconhecida capacidade, que assuma o controlo de gestão das mesmas, até que se tenha concluído o seu saneamento financeiro.

O argumento, que não é novo, tem uma nuance inovadora, que se baseia no pressuposto de que seria extremamente antidemocrático que, quem quer que fosse que viesse a ganhar essas autarquias, não possuísse os meios e as condições políticas para fazer sair as mesmas da situação de endividamento em que, outros, antes deles, as haviam mergulhado.

Este argumento falacioso e oportunista, foi o mesmo que esteve na base dos autênticos golpes de estado fascistas que ocorreram na Grécia, onde o directório europeu, dominado pelo imperialismo germânico, face ao aventureirismo referendário de Papandreos, do PASOK, colocou o seu homem de mão, Papademos – um proeminente quadro da Goldman Sachs e do FMI – no poder e, em Itália, tenha derrubado o inconveniente, porque cada vez mais patético, Berlusconi, para o substituir por outro quadro do FMI e da Sachs, Mario Monti.

Toda a burguesia e seus lídimos representantes políticos, desde Lagarde a Manuela Ferreira Leite, passando por Rui Rio ou Angela Merkel, a dizer, claramente, ao que vêm: quando o que está em causa é o sacrossanto lucro, a sacrossanta propriedade privada e a santificada acumulação de riqueza capitalista, suspenda-se a democracia…em nome da democracia!

Venham as comissões administrativas, substituam-se os governos democraticamente eleitos – ainda que na base de eleições fraudulentas que impedem que todos os pontos de vista se possam expressar de igual modo – e instalem-se governos de tecnocratas, sem qualquer tipo de controlo democrático, de preferência – como acontece no nosso país – beneficiando da suspensão da constituição, em nome da emergência nacional destinada a escamotear que o que a burguesia e o grande capital que representa pretendem é impor que sejam os trabalhadores e o povo a pagar uma dívida que não contraíram, nem foi contraída para seu benefício.

A estes arautos da suspensão da democracia em nome da democracia, o que os trabalhadores e o povos europeus, de forma cada vez mais firme, combativa e decidida estão a responder é que: NÃO PAGAMOS!


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