PAÍS
A sopa do Sidónio – a última das reformas estruturais do governo
- Publicado em 03.06.2012
Neste governo de traição nacional foi confiado a um ministro do CDS a tarefa de tentar demonstrar que a solução para a crise provocada pelo pagamento de uma dívida que nunca pára de crescer está na sopa dos pobres.
A receita vem do tempo da agonia do regime monárquico (cozinhas económicas) e voltou a ser aplicada pelo ditador populista republicano Sidónio Pais (1917/1918) - a sopa do Sidónio -, num período de grave crise económica, com situações de ruptura de abastecimentos e de elevada carestia de vida.
Agora com o nome de cantinas sociais, o ministro Mota Soares, com carinha de anjinho e aos sopetões, primeiro a cavalo na mota e depois num carrão, vai, como Sidónio o fazia, distribuindo a sopa do Barroso pelo país aos cidadãos trabalhadores e reformados a quem antes acabara de roubar o salário, de despedir, de retirar o subsídio de desemprego e confiscar as pensões.
Com um ar de sonsinho e compungente para com as suas vítimas, o ministro anunciou como a última benesse deste governo ter aumentado de 2 para 50 milhões a verba para o alargamento da rede das casas da sopa dos pobres.
Para quem corta a eito e a fundo, a mando da Tróica, as prestações sociais, que aumenta impiedosamente os preços de serviços públicos essenciais, lança na miséria milhares de famílias trabalhadoras e, dessa forma, vai enchendo os bolsos aos capitalistas, 48 milhões de euros para sopas do Barroso acaba por ser um bom investimento para tentar travar a revolta popular e desviá-la de atacar directamente as causas da fome para que são atiradas as massas populares.
Mas, tal como no tempo de Sidónio isso não foi suficiente para evitar que o povo invadisse as lojas e deitasse a mão aos açambarcadores, o governo não deixará de experimentar o agradecimento pela indignidade e o vexame que estas esmolas representam.