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Associação 25 de Abril e as comemorações oficiais do 25 de Abril – não nos deixemos iludir!

Como é sabido, a Associação 25 de Abril que reclama para si a representação dos militares do MFA que, na madrugada do dia 25 de Abril de 1974, desencadearam um golpe de Estado que derrubou o regime salazarista/marcelista - mas que nunca se preocuparam em demolir por completo o Estado fascista - tem-se associado todos os anos às comemorações oficiais daquela data que têm lugar no parlamento e que, para além de contar com a presença dos partidos ali representados, são presididas pelo Presidente da República.

Este ano, a Associação 25 de Abril decidiu não estar presente nas celebrações oficiais da data, por considerar que a “linha política seguida pelo actual poder político deixou de reflectir o regime herdeiro do 25 de Abril, configurado na Constituição da República Portuguesa”.

Ainda que uma tal decisão aparentemente se proponha demarcar-se da política terrorista levada a cabo por este governo de traição nacional PSD/CDS, não pode contudo deixar de colocar-se a questão de saber se a linha política seguida e aplicada pelo odioso governo Sócrates, cujo partido, o PS, subscreveu sem reservas, juntamente com o PSD, o memorando da Tróica germano-imperialista, não reflectia nem reflecte ainda hoje o que a Associação 25 de Abril designa de “regime herdeiro do 25 de Abril”.

Isto, porque não se viram nem se ouviram os militares da Associação 25 de Abril denunciar que essa linha política tinha exactamente a mesma natureza da que tem vindo a ser posta em prática pelo governo Coelho/Portas.

O que, inevitavelmente, levará a interrogar-nos sobre a natureza do regime saído do 25 de Abril, uma vez que, não se considerando ter havido um novo golpe de Estado levado a cabo pelas forças de direita presentemente no governo, a aplicar a política do memorando com o PS, também não se sabe como poderiam os militares de Abril concluir que este governo saído de eleições não surgiu no âmbito do regime herdeiro do 25 de Abril.

A questão que é, pois, escamoteada com este acto pretensamente revolucionário é que tem de ser precisamente atribuído ao regime do 25 de Abril surgido com o golpe do MFA – que se opôs ao movimento revolucionário desencadeado no seu seguimento – a responsabilidade da linha política dos anteriores e do actual governo.

Para além de que temos um partido, o PS, que continua a jurar todos os dias pela boca do seu secretário-geral José Seguro, que honrará os seus compromissos de cumprir escrupulosamente o memorando da Tróica, o qual memorando representa o substrato essencial da linha política do actual governo que, segundo a Associação 25 de Abril, deixou de reflectir o regime herdeiro do 25 de Abril.

E, como já nada continua a espantar no PS – tal como não nos cansamos nem cansaremos de denunciar -, temos mais uma vez Mário Soares, agora acompanhado de Manuel Alegre, a solidarizar-se com esta posição dos militares de Abril (não se confunda com os soldados e marinheiros que se colocaram ao lado do povo para transformar o golpe num movimento revolucionário), sem contudo se terem demarcado da linha política dos anteriores e actuais herdeiros do seu partido.

Tudo isto se diz para deixar claro que a luta pelo derrube deste governo e a constituição de um novo governo democrático patriótico, não só não é possível, como é óbvio, com novos golpes como o de 25 de Abril de 1974, como tem necessariamente de passar pelo isolamento dos oportunistas que são comparsas dos partidos do poder na política de traição nacional corporizada no memorando da Tróica e que, simultaneamente, tentam surgir como alternativa de poder.

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