PAÍS
O Deficit ou... a vida!
- Publicado em 14.04.2012
Conforme por mais de uma ocasião denunciámos nestas páginas, está em marcha o plano de Sarkozy e Merkel de, ao arrepio de qualquer processo de decisão democrática que passe por um amplo e participado debate entre os trabalhadores e do povo, impor as novas regras quanto aos limites constitucionais e/ou legais da dívida a ser assumidos por todos os países da chamada zona euro.
Impondo a incorporação nas constituições dos respectivos países – ou através de uma normal lei ou decreto ordinário - o limite de dívida externa que mais convém aos interesses especulativos financeiros da Alemanha, o que o imperialismo germânico imporá a seguir será o "governo económico europeu" que terá a última (e a primeira) palavra no que respeita à política orçamental de cada um dos países que compõe a UE.
Há muito que se sabia que a infraestrutura económica europeia era controlada pelo imperialismo alemão, com o beneplácito do capitulacionista Sarkozy. Mas, a Alemanha quer ir mais longe. Não satisfeita em dominar economicamente a Europa, quer dar, e depressa, o passo seguinte: dominá-la politicamente, dominar a sua superestrutura ideológica e política. Quer atingir o objectivo que nem Hitler, nem os seus aliados do Eixo, e as suas divisões Panzer, lograram.
Depois de ter levado à desindustrialização da esmagadora maioria dos países europeus – sobretudo aqueles que se designam de periféricos e nos quais se inclui Portugal -, esta imposição de que, a partir de 2015 o deficit não seja superior a 0,5% e não possa ultrapassar os 60% do PIB de cada país da zona euro só pode ter um objectivo: realinhar a divisão de trabalho a nível europeu impondo que alguns países, onde se inclui Portugal, se tornem numa reserva de mão-de-obra barata, intensiva e sem direitos – ao bom estilo asiático (bom para os capitalistas, claro está) -, com indústrias meramente subsidiárias e onde os activos e empresas estratégicas públicas tenham sido transferidos para as mãos dos grandes grupos financeiros e privados, que garantam que os países mais industrializados, com superavits elevados, consigam acumular ainda mais riqueza e poder, sobretudo à custa do controlo que exercem sobre a política cambial do euro, que mais não é do que o marco travestido.
E, no caso português, todos aqueles partidos que assinaram o memorando de entendimento com a tróica germano-imperialista, isto é, PS, PSD e CDS, estão comprometidos até ao tutano com a perda da nossa soberania e a aplicação das medidas terroristas e fascistas que este governo, serventuário da tróica germano-imperialista, está a levar a cabo e que provocam o agravamento da fome e da miséria a que se começa a assistir.
Não venha o oportunista Seguro, em defesa da sua dama – o PS – dizer que se fosse primeiro-ministro faria exactamente o contrário daquilo que está a fazer o governo vende pátrias de Passos/Portas. É que contradições entre uns e outros, após a terceira avaliação da tróica germano-imperialista à execução do programa de estabilidade orçamental que impôs a Portugal, já nem do ponto de vista semântico existem.
E é esta Europa do “futuro” que governos serventuários do grande capital, como é o governo PSD/CDS-PP, respaldados pelo oportunismo de Seguro e do seu PS e pelo controlo nos bastidores de Cavaco, nos querem fazer aceitar. Uma Europa sem soberania, uma Europa completamente dominada pelos interesses do grande capital financeiro e bancário, uma Europa na qual alguns países, como Portugal, não passam de uma colónia ou protectorado do imperialismo germânico.
Em Portugal torna-se cada vez mais premente que uma ampla frente de unidade de todas as camadas populares, de esquerda, derrube este governo e constitua um outro que aplique um programa democrático patriótico. Governo cujas primeiras medidas seriam as de rejeitar o pagamento de uma divida que não foi contraída pelo povo, nem foi contraída em seu benefício e revogaria, de imediato, todo e qualquer tratado que não se paute pela reciprocidade de vantagens para os estados soberanos que os decidam subscrever com total independência.