INTERNACIONAL
O Pacto para o desastre de François Hollande
- Publicado em 13.02.2013
Quando no ano passado François Hollande se apresentou ao povo francês como alternativa ao saltapocinhas Sarkozy, logo um coro de apoio se levantou por toda essa Europa fora e Portugal providenciou alguns notórios barítonos! Uns, já conhecidos de outras previsões e de outras certezas, outros recentemente chegados a esta função de desviar os trabalhadores e o povo da sua tarefa que é a de derrubar este governo, constituir um governo democrático patriótico e, no mínimo, impôr a suspensão do pagamento da dívida e do serviço da dita (juros).
Afinados, consciente ou inconscientemente, pela estratégia do “maestro” Seguro, foi deveras revelador o facto de, para além do Bloco de Esquerda – que procura a todo o transe formar a “grande esquerda” – e do PCP de Jerónimo, verificar que até alguns “proeminentes” anarquistas, libertários e trotskistas da IV Internacional, isto é, toda uma liderança oportunista de “não líderes” (pois estes são aqueles que dizem que “ninguém os representa”), aplaudiram o candidato, o vislumbre da sua eleição e, mais ainda, anunciaram eufóricamente a sua vitória, criando a falsa expectativa de que, com Hollande, finalmente a chancelerina Merkel, a nova fuhrer, teria um “opositor” à sua altura.
A propósito destas expectativas enganosas não será demais propor-vos que releiam a nota que, a propósito do tema, então publicámos: “Eleições presidenciais em França – nada de ilusões!”.
Não foi necessário esperarmos muito para verificar que François Hollande, apesar de ter propositadamente criado essa expectativa, não só não iria romper com o modelo liderado por Merkel, como anunciavam os deslumbrados socialistas de pacotilha, como iria, isso sim, aplicar as medidas terroristas e fascistas que a nova fuhrer está a ditar e, como o havíamos igualmente previsto, dar corpo à substituição do refrão Merkozy pela nova cantilena Merkhollande!
E aí está o Pacto para a Competitividade, preconizado pelo comissário geral para o investimento francês, Louis Gallois, para o confirmar. Desde o abandono da “taxa para os ricos”, uma das principais bandeiras eleitorais de Hollande que encantou tantos intelectuais nescios e diletantes em Portugal e por esse mundo fora, até ao aumento do IVA sobre produtos básicos como o gás, a luz, os transportes, os medicamentos, etc. Eis as receitas do FMI e da tróica germano-imperialista a serem aplicadas sem apelo nem agravo na França “liberada” de Sarkozy! Uma França que, ao reanimar da euforia das promessas eleitorais, acorda agora para se confrontar com a realidade de que, de facto, apenas substituiu um algoz dos trabalhadores e do povo…por outro!
Uma França que desperta, agora, para a realidade de que apenas mudou de caceteiro e que nem no cacete, nem na intensidade da cacetada, existem diferenças entre eles!
Enquanto em Portugal, na Grécia e noutros países intervencionados – e ocupados – pela tróica germano-imperialista, os sucessivos ciclos de austeridade/recessão têm sido assegurados pelo roubo directo do trabalho e dos salários e pela facilitação dos despedimentos e aumento da carga fiscal – dos impostos directos e indirectos, sobretudo dos impostos sobre o trabalho -, em França,o aumento do IVA e outras medidad propostas no supracitado Pacto para a Competitividade podem vir a representar, em média, uma redução de cerca de 25% do salário mínimo.
Se é certo que, como marxistas-leninistas, somos internacionalistas, solidários com a luta dos operários e trabalhadores de França e de outros países, não menos certo é que o melhor contributo que os trabalhadores e o povo português podem dar aos outros povos é aprofundar a sua luta, a sua organização e a sua combatividade em torno do objectivo de derrubar este governo de traição PSD/CDS e da constituição de um governo democrático patriótico, cujas primeiras medidas sejam a de suspender imediatamente o pagamento de uma dívida que não foi contraida pelo povo, nem o povo dela retirou qualquer benefício.
Este é o sinal de que os povos necessitam para confiarem nas suas próprias forças e verificarem que, afinal, não existe nenhuma medida terrorista e fascista, nenhum governo capitulacionista, nenhuma ocupação imperialista e colonial que resista à vontade de um povo se libertar do jugo a que o querem submeter.