INTERNACIONAL
África do Sul: As greves alastram… Vale a pena lutar!
- Publicado em 06.10.2012
Diversos sectores de trabalhadores na África do Sul entraram em greve, contrariando os sindicatos oficiais, a exemplo do que aconteceu com os combativos mineiros em Marikana, onde 34 mineiros foram assassinados em confrontos com a polícia a 16 de Agosto, mas onde os trabalhadores conseguiram arrancar da Lonmin aumentos salariais sem precedentes no sector. Esta luta, analisada neste jornal em artigo recente, também está a servir de inspiração aos mineiros de outras empresas, como os da Anglo Platinum (Amplats), que reivindicam valores acima dos negociados pelos operários da Lonmin. Esta vaga de greves tem alastrado a outras minas de ouro e platina.
Entretanto, no importante sector automóvel, os operários de várias empresas reivindicam também melhoria das condições de trabalho e aumentos salariais, forçando ao encerramento da linha de montagem do maior construtor automóvel do país, a Toyota.
Também no sector dos transportes rodoviários de mercadorias persiste uma greve decretada há uma semana que, sendo embora parcial, está a afectar alguns sectores, designadamente o abastecimento de combustíveis às estações de serviço.
Voltando ao sector mineiro, pelo menos 80 mil trabalhadores de várias minas do país estão em greve, apesar de se sucederem as reuniões entre sindicatos, a Câmara das Minas (a organização que representa as empresas mineiras), representantes dos diversos grupos de mineiros e mediadores do Ministério do Trabalho.
Em Carletonville, a sudoeste de Joanesburgo, milhares de mineiros da Gold Fields KDC West estão desde quarta-feira concentrados numa colina sobranceira à mina, desafiando as autoridades a "repetirem Marikana" e prometendo não voltar ao trabalho enquanto um acordo semelhante ao daquela mina não for assinado.
Estas lutas de milhares de trabalhadores, na sua maioria operários, mostra uma viragem substancialmente importante das condições de objectivas e subjectivas com que os trabalhadores encaram estes combates. Em primeiro lugar, contra um regime que, dizendo-se “progressista”, tem demonstrado que não hesita matar os seus compatriotas, enviando as suas polícias para assim se manter no poder. Em segundo lugar, estas lutas demarcam-se da maioria dos sindicatos oficiais, criando formas de organização autónomas com as quais têm enfrentado com assinalável êxito a repressão e as manobras intimidatórias dos capitalistas e do governo.
Como já afirmamos em texto anterior, os mineiros de Marikana e os demais trabalhadores das minas e outros sectores sul-africanos em luta destacam-se também no movimento operário internacional como um dos sectores mais combativos e audazes na luta contra o capital, constituindo um assinalável exemplo para a classe operária de todo o mundo.
Viva a heróica luta dos operários sul-africanos!