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INTERNACIONAL

As eleições na Grécia - Quando os votos não chegam...

parthenonNum primeiro balanço das novas eleições para o Parlamento grego, convocadas, como se sabe, no seguimento da fracassada tentativa de qualquer dos partidos mais votados formar governo nas anteriores, há desde logo a assinalar um importante resultado que agora se reforçou: a derrota e o desaparecimento do PASOK.

Na verdade, o partido socialista local, obtendo pouco mais de 12% dos votos, acabou por ver punida pelo eleitorado grego a sua posição oportunista de cumplicidade e traição relativamente à Tróica e à política de austeridade que, tal como em Portugal, tem conduzido a um enorme empobrecimento dos trabalhadores gregos.

Por outro lado, a vitória do partido da direita Nova Democracia, com quem, aliás, o PASOK, mesmo desbaratado, se prepara para, sem vergonha, viabilizar novo governo, acabou por traduzir a cedência de uma parte do eleitorado à intensa e provocatória campanha de chantagem e ameaças orquestrada pela chancelerina Merkel, Durão Barroso e o Presidente do Eurogroup para fazer vergar a Grécia às exigências hegemónicas alemãs.

Finalmente, o que muitos anunciavam como certo não se verificou – o partido dito de esquerda radical Syriza, apesar de ter alargado a sua votação, não logrou ser o partido mais votado.

Ao contrário do que Louçã afirmava hoje, a propósito do resultado eleitoral daquele partido, em política também não há milagres, e o Syrisa mostrou que, muito embora se afirme contra o memorando, não dispunha nem dispõe, tal como sucede com o seu irmão português, o BE, de uma alternativa clara para enfrentar as consequências dessa ruptura, designadamente, quando defende simultaneamente, a não saída do euro e a renegociação da dívida – um seu dirigente, afirmava mesmo, em Lisboa, que o Syriza no governo constituiria uma garantia de estabilidade para a Europa.

A exemplo do que Louçã faz em Portugal, o Syriza nunca explicou o que faria no poder, se a Alemanha e o FMI rejeitassem fazer tábua rasa do memorando e se opusessem mesmo a renegociar o pagamento da dívida, convidando o país a sair da zona euro.

O fracasso final do Syrisa revela que, quando os problemas não são examinados com base nas classes e não existe uma política clara de uma classe, a da classe operária e dos trabalhadores, os votos não chegam para unir a esmagadora maioria do povo e dos democratas e patriotas em torno da luta pela libertação do jugo colonialista germânico – é preciso mais organização, mais classe operária, mais partido.

Mas o povo grego tem uma longa e heróica história de combate pela sua independência e contra a tirania e a ditadura e saberá seguramente persistir nessa via, no que contará com a activa solidariedade do povo português.


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