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INTERNACIONAL

O imperialismo germânico em discurso directo

mural-01Há alguns meses atrás (Novembro de 2011), num congresso do seu partido, a actual chancelarina alemã, Angela Merkel, exprimia com meridiana clareza a postura neo-hitleriana do seu governo, afirmando textualmente o seguinte:

É altura de se avançar para uma nova Europa. A tarefa da Alemanha é completar a união económica e monetária e construir uma união política na Europa.

A aprovação do chamado Tratado Orçamental por quase todos os governos da União Europeia, sob batuta germânica, foi uma expressão clara daquele desígnio formulado por Merkel. Nesse Tratado, já ratificado pelo parlamento português, prevê-se que nas situações de incumprimento da exigência de um défice estrutural público inferior a 0,5% do PIB, toda a política económica e orçamental do país “incumpridor” passa a ser dirigida, de uma forma orgânica e sem disfarces, pela UE, ou seja, pelo instrumento de que o imperialismo germânico dispõe para controlar e dominar os povos e nações europeus.

É claro que nesta altura, como sempre, lá vieram os lacaios do costume, os que estão no governo PSD/CDS e os que fingem ser diferentes destes, como o PS de Seguro, clamar pela suposta excepcionalidade daquelas disposições do Tratado e dizer que, “se nos portarmos bem”, a soberania do país pode ser mantida, isto é, se fizerem o que os donos mandam pode continuar a fingir-se que há órgãos de governo soberanos no país, com uma política económica e orçamental própria e independente.

Mas ainda mal os vendilhões da pátria se ufanavam de, com a vitória de Hollande nas presidenciais francesas, poderem impor condições às ambições hegemónicas germânicas, logo outro alto responsável teutónico se encarregava de vir dizer que, afinal, o Tratado Orçamental não é suficiente e que é preciso ir mais longe na tal “união política” da Europa. Assim, há dias, o presidente do banco central alemão (Bundesbank), Jens Weidmann, numa entrevista dada a vários jornais europeus e quando confrontado com o agravamento da crise da zona euro materializada pelo chamado pedido de resgate da Espanha, afirmou o seguinte:

O Bundesbank saudou o pacto [Tratado] orçamental porque é um bom reforço das regras existentes, mas tal não equivale a abandonar a soberania nacional. Para mim, uma união orçamental é algo em que se cortam os direitos orçamentais dos parlamentos. (…) O governo alemão está a falar de uma união orçamental e a tentar discutir tanto a dívida conjunta como o fim da soberania – é o caminho em direcção a uma nova união política.

Nem mais. A crise mortal do sistema mundial capitalista e as disputas inter-imperialistas pelo controlo da Europa não deixam aos vende-pátrias e aos oportunistas de vários matizes grande margem de manobra para tentar disfarçar a sua natureza. Para a Alemanha, o Tratado Orçamental já não serve, é preciso instituir formalmente o fim da soberania nacional dos países colonizados da Europa, como é o caso de Portugal. E agora, o que vão fazer o PS e Seguro? Vão assinar mais uma vez de cruz a “união orçamental” da Europa, a “nova união política” de que falam Merkel e Weidmann? E o que vão fazer o BE e Louçã, cuja posição sempre foi também a de reclamar “mais integração” na Europa, mais “união política” e mais “política orçamental comum”?

Os operários e os trabalhadores portugueses já conhecem esta gente, mas assim ficam a conhecê-los ainda melhor. A revolução avança à medida que cria uma contra-revolução cada vez mais forte e coesa. O imperialismo germânico, os seus agentes e todos os que douram a pílula sobre o significado da “integração europeia” serão derrotados e desmascarados pela luta das massas. Torna-se cada dia mais clara a necessidade urgente de derrubar o governo de traição nacional PSD/CDS e de constituir um governo de unidade, democrático patriótico. Estes objectivos serão alcançados através de uma luta dura e sem quartel que as massas trabalhadoras saberão travar contra o imperialismo germânico e todos os que o apoiarem.


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