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INTERNACIONAL

Ucrânia: Independência a Leste

Duas províncias do leste da Ucrânia – a de Donetsk e a de Lugansk – submeteram a referendo popular, no passado domingo, dia 11 de Maio, a questão da sua independência, com a correlativa separação do Estado ucraniano.

O referendo constituiu um enorme sucesso popular, com uma participação maciça de 74,87% dos eleitores inscritos na província de Donetsk e de 75% dos inscritos na de Lugansk.

Em Donetsk, 89,70% dos votantes referendaram a República Popular de Donetsk, e, em Lugansk, 96,2% proclamaram a República Popular de Lugansk.

Em conjunto, os dois novos países têm uma população de sete milhões de habitantes, correspondente a 15% da população da Ucrânia, e formam uma região conhecida como Donbass, que abarca toda a riquíssima bacia carbonífera e mineira do rio Don, numa área total de 54 000 kms2, menos de 9% da superfície do Estado de que se emanciparam.

Mais de 75% das pessoas que vivem no Donbass tem o russo como língua natal. No seu conjunto, os dois novos países criavam 20% do produto interno bruto do Estado ucraniano. É, aliás, no Donbass que se encontram as maiores empresas mineiras, metalomecânicas, metalúrgicas e químicas da anterior Ucrânia.

Acontece que o território do Donbass, integrante dos dois novos países, só entrou na composição da antiga República Socialista da Ucrânia depois da proclamação do poder soviético. Anteriormente, o Donbass – e, por conseguinte, o Donetsk e o Lugansk - faziam parte do império russo. Na sua forma actual, a própria Ucrânia só existe há 23 anos, como resultado da implosão da anterior União Soviética, em 1991.

Nestes termos, os dois países que no último domingo proclamaram a sua independência nunca foram ucranianos: nem pela etnia, nem pela língua, nem pela religião, nem pela história, nem pela geografia, nem pela cultura, nem pelos heróis e heroísmo que cultivam.

Odiados pelos ucranianos do oeste, os povos dos dois países agora independentes – 15% da população, 9% da área e 20% do produto interno bruto de todo o Estado ucraniano – têm, nos últimos vinte e três anos, servido apenas para que, à conta deles, homens e mulheres do Donbass, vivam os territórios ocidentais da Ucrânia.

Foi justa e nobre a luta dos cidadãos de Donetsk e de Lugansk pela sua independência, luta que mereceu e concitou todo o apoio da classe operária e dos povos da Europa.

Felicitamos, pois, o povo de Donetsk e de Lugansk pela sua grande vitória.

Mas a luta, agora para garantir e consolidar a sua independência, não terminou ainda, e pode até acontecer que, para além das dezenas de mortos que já custou, venha ainda a custar muito sangue ao povo dos novos países independentes.

O imperialismo americano, germânico e europeu - provocadores exclusivos da crise ucraniana - não desarmará facilmente e tudo fará para aniquilar a independência dos dois novos países e submeter os seus povos à exploração e opressão dos lacaios de Kiev.

Os dirigentes da República Popular de Donetsk solicitaram a Moscovo a integração da nova república na Federação Russa. Mas os dirigentes da República Popular de Lugansk, prometeram unicamente a realização de um novo referendo popular, para decidir sobre uma possível reintegração.

Por seu turno, a Federação Russa, através do seu ministro dos negócios estrangeiros, Sérgio Lavrov, exprimiu o seu respeito pela vontade do povo das regiões de Donetsk e de Lugansk, e o desejo de que o resultado dos referendos seja aplicado no terreno de uma forma civilizada e sem repetição de violência...

Embora o Roteiro de Genebra, subscrito pelos ministros dos negócios estrangeiros da Federação Russa, dos Estados Unidos, da União Europeia e da Alemanha, esteja morto, em consequência dos crimes bárbaros cometidos pelas forças do governo provisório de Kiev em Odessa, onde mataram 49 cidadãos com um incêndio ateado ao prédio que haviam ocupado, a verdade é que Lavrov não deixa de apelar a soluções dialogadas.

É manifesto que Lavrov e Putin preferem à independência do povo russo da Ucrânia, seguida da reintegração na Federação Russa, a criação de uma federação ou confederação ucranianas, com as comunidades russas aí integradas.

A crise ucraniana dirige-se agora para uma nova encruzilhada: as eleições presidenciais, agendadas pelas autoridades provisórias nazis de Kiev para o próximo dia 25 de Maio.

Saudemos o aparecimento do Donetsk e do Lugansk independentes!


N. B. Logo que possível voltarei a este assunto, para examinar convosco a nova estratégia global do novo poder militar de um novo país emergente: a Federação Russa.

 

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