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EDITORIAL

Ao trabalho que os tempos são de Revolução!

A questão política central e mesmo decisiva do momento consiste em, antes de tudo o mais, saber definir com correcção a situação em que nos encontramos, ou seja, em saber responder se o que é hoje prevalecente na sociedade portuguesa é a Revolução (não obstante a direita estar todos os dias ao ataque) ou a Contra-revolução.

Ora, ao invés do que pregam e praticam os oportunistas de diferentes “famílias” e matizes, o que prevalece hoje é a Revolução! Na verdade, os operários, os trabalhadores e as demais classes e camadas de classe seus aliados têm, como já demonstraram em diversos combates parcelares e sectoriais, e se dotados de ideias e princípios correctos, força mais do que bastante para derrubar um governo ultra-reaccionário que, não obstante as medidas terroristas que todos os dias aprova, tem cada vez menos por onde roubar os trabalhadores e, em contrapartida, está cada vez mais longe dos objectivos que os seus patrões imperialistas lhe fixaram, e por isso tem desde já os seus dias contados.

Mas para conseguir derrubar este governo e colocar lá outro que sirva o Povo, é preciso combater e derrotar os pontos de vista próprios da pequena-burguesia, que tende sempre a ver o mar mais alto que a terra e a analisar as questões desligadas da luta de classes, não conseguindo assim distinguir o essencial do acessório nem definir um caminho correcto e consequente a seguir. E que, por isso mesmo, também não consegue perceber, por exemplo, que o último acordo de concertação social representou, acima de tudo, não uma derrota, mas sim uma importante vitória para os trabalhadores que, com a sua resistência e a sua luta, obrigaram o governo a engolir a meia hora de trabalho forçado, e que, em consequência, agora o centro de gravidade da luta política imediata deve ser a luta contra o roubo dos salários e o roubo do trabalho com que os capitalistas procuram recuperar daquela derrota.

Importa também dizer e defender com toda a clareza que nenhum problema dos trabalhadores poderá ser resolvido se eles aceitarem – mesmo que sob o pretexto e o eufemismo da chamada renegociação, tão defendida pelo PCP e pelo BE – um cêntimo da dívida, que não foi o povo português que contraiu nem foi contraída em seu benefício.

O “Não Pagamos!” é, assim, um ponto fulcral da luta política, relativamente ao qual não devemos ceder um milímetro e que deve ser continuamente reafirmado. Até por ser cada vez mais claro que em 2013 o povo português terá sido entretanto conduzido pelo governo de traição nacional PSD/CDS a níveis de empobrecimento piores que os dos piores tempos de Salazar e, todavia, tal dívida não terá deixado de se manter e de se agravar, enquanto os banqueiros alemães se encheram à tripa forra.

Temos de ter um Programa Político do Governo de Esquerda Democrático Patriótico que una todas as forças que estão a ser atacadas pela politica de exploração, de opressão e de vende-pátrias do actual governo e que assente em três linhas mestras ou ideias fundamentais:

1ª Só é possível lutar contra o desemprego e acabar com ele adoptando medidas contra os capitalistas e colocando na mãos dos operários e trabalhadores a condução da produção, ou seja, o controlo operário do essencial das estruturas produtivas.

2ª Tal significa a nacionalização, com esse controlo operário, desde logo da Banca e seguros, mas também dos restantes sectores principais de actividade, como a energia eléctrica, a água, as telecomunicações, os transportes e os hospitais.

3ª Um Plano de desenvolvimento das forças produtivas do país, com o aproveitamento das suas vantagens de raiz, desde logo a sua excelente localização geoestratégica e os imensos recursos marítimos, com uma rede de portos atlânticos, devidamente apetrechados e modernizados, uma rede de transportes ferroviários, mista, em bitola europeia, ligando esses portos entre si e ao Norte da Europa pelo eixo Vilar Formoso, Valladolid, Irun, e um conjunto de criteriosos investimentos na reconstituição dos sectores da agricultura, das minas, das pescas, da indústria, em particular nos sectores tradicionais dos têxteis e do calçado, bem como na construção e reparação naval, siderurgia, metalúrgica e metalo-mecânica, e nas novas tecnologias.

Por fim, mas não menos importante, é preciso pôr urgentemente de pé e por toda a parte as formas de organização dos trabalhadores, que hoje são os seus órgãos alargados de luta (como  uma Comissão Nacional de Luta contra o Plano Estratégico dos Transportes) e amanhã serão os órgãos de defesa e aplicação daquele Programa de Governo de esquerda, democrático patriótico.

O tempo urge! Ao contrário do que defendem aqueles que pregam a impotência e o desespero pequeno-burgueses, as condições são melhores do que nunca, porventura mesmo melhores do que logo a seguir ao 25 de Abril de 1974, para o desenvolvimento do trabalho revolucionário dos marxistas-leninistas junto das massas. Mas isso implica que, antes de mais, nos unamos ferreamente e sem tibiezas em torno da linha política a seguir e depois nos atiremos decididamente ao trabalho com o esforço e a abnegação, mas também com a convicção e a alegria que a causa da revolução e a defesa da classe operária nos exigem e nos determinam!

A situação política evolui de tal maneira que, se queremos intervir nela, temos, também, de estar em cima dos acontecimentos para tomarmos a iniciativa e não a perdermos.

E aquilo que, uma vez mais, tal situação exige aos comunistas é que eles vão à frente desses mesmos acontecimentos, e não a reboque deles...


 

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