EDITORIAL
O PCTP/MRPP faz parte inalienável da história revolucionária de Portugal
28 de Maio de 1975 - 18 de Julho de 1975
Dois momentos da luta de classes em Portugal
Há quatro dias, o presidente da Associação de Atletismo, Jorge Vieira, no seu discurso sobre a reabilitação do estádio do Jamor recordou "Lembro uma competição de atletismo que se realizava aqui num sábado e que a prova foi interrompida com jovens militantes de um partido de extrema-esquerda que eram perseguidos pelo COPCON [o Comando Operacional do Continente, criado pelo Movimento das Forças Armadas], aos tiros. Confundiam-se os tiros de partida [da prova de atletismo] com os tiros de quem perseguia os jovens.”
O partido a que Jorge Vieira se refere como partido de extrema-esquerda era o MRPP perseguido pelas forças social-fascistas do COPCON, após a prisão de 432 antifascistas pelas forças do MFA controladas pelo PCP, quando se preparava para a tomada do poder e instauração de um regime social-fascista.
A sua intervenção ajuda-nos a perceber que ainda não chegámos ao tão desejado momento de pseudo historiadores oportunistas e reaccionários que criam, de acordo com a classe que representam, as suas narrativas, uma vez que os que viveram os acontecimentos ou já os esqueceram ou já cá não estão e os jovens não os conheceram.
Como todos sabemos, a verdade é que, apesar dos esforços da burguesia, numa tentativa de branqueamento da História, cada vez mais encarniçada, a única força política que efectivamente denunciou e se opôs corajosa e tenazmente ao golpe, merecendo o apoio de várias camadas da população, foi o MRPP.
E não tenhamos dúvidas, e não as terão, certamente, todos os que viveram este momento histórico, quanto à importância do Partido nesse momento decisivo da luta de classes, em que a revolução estava na ordem do dia.
A libertação de todos os presos políticos, a 18 de Julho, incluindo o secretário-geral do Partido, camarada Arnaldo Matos (no dia 11 de Julho) só aconteceu pelo apoio das massas ao Partido e repúdio das mesmas pela perseguição feroz por parte do COPCON/MFA.
Passaram-se 48 anos sobre estes acontecimentos e como comunistas só os podemos analisar de um ponto de vista materialista: compreender a realidade, as relações sociais em desenvolvimento e definir a táctica adequada às circunstâncias é o que nos ensina todo este período.
O ano passado, o Luta Popular divulgou um documento do Camarada Arnaldo Matos - Alocução do camarada Arnaldo Matos no reunião de quadros e activistas em 1976 - é um texto longo, mas de enorme importância, que todos devemos reler e estudar, retirando dele os ensinamentos que nos sirvam para agir sobre a realidade, tendo o cuidado de perceber que, como refere o camarada “do ponto de vista da História, não há duas coisas que se repitam pela mesma forma, nas mesmas condições, e com os mesmos resultados. Há leis gerais que tem de ser observadas, mas os efeitos são sempre variados.”
Portanto, há leis, há princípios que devem ser observados, sob pena de começarmos a ver o mar mais alto que a terra.
Voltamos a este texto e, na situação actual que o Partido atravessa, pareceu-nos importante salientar algumas questões/passagens, na expectativa de que os nossos camaradas e leitores as procurem no texto original e as utilizem nas suas análises e trabalho de partido.
- A necessidade da unidade do Partido e da direcção do Partido;
- ousar avançar na luta: não é possível manter as conquistas da Revolução senão avançando na Revolução;
- obrigatoriedade de uma análise científica da realidade: da situação política das classes, da luta e das contradições de classes e da correlação das forças de classe;
- confiança e a ligação às massas;
- O 18 de Julho de 75 representa duas coisas:
Primeiro, representa a vitória dum pequeno Partido – o nosso – na luta contra a mais feroz das campanhas de cerco e de aniquilamento que o inimigo nos moveu.
Em segundo lugar, representa a definição de uma táctica clarividente e adequada à realidade naquela altura manifestada, capaz de obter êxitos grandes para um Partido mesmo assim pequeno.
- Esses parâmetros, e o significado que tem esta Reunião, podem repetir-se em qualquer momento, ainda que as condições possam ser diferentes, ou até opostas, às que eram no 18 de Julho do ano passado.
- Levantou-se nesta altura uma luta grande entre duas linhas no seio do nosso Partido sobre a questão de saber se um partido pequeno, com imensas insuficiências a resolver, pode ou não pode dirigir a classe operária ao Poder.
- Se alguns oportunistas pensam que se pode atravessar a montanha como no 18 de Julho estão enganados, vão ficar a meio da montanha, não passam de oportunistas que não chegam ao fim. É preciso contornar. É preciso adoptar a política adaptada a esse contorno da montanha, a esse contorno do obstáculo.
- e o significado que tem esta Reunião, podem repetir-se em qualquer momento, ainda que as condições possam ser diferentes, ou até opostas, às que eram no 18 de Julho do ano passado.
Basta vermos como, através do garrote financeiro espaldado nas respectivas leis, nos tentam calar com o objectivo estratégico da ilegalização do Partido: para este objectivo contam com a valiosa e sabuja ajuda de todos os oportunistas, desertores e liquidacionistas que ávidos espreitam dia-a-dia, hora-a-hora, sôfregos por enterrar o Partido. Mas não terão “sorte”: o levantamento do proletariado é inevitável e a vitória da revolução comunista, mais cedo ou mais tarde, será alcançada!
A luta é dura, mas nós não vergamos!
Viva o comunismo!
Dar Voz a Quem Não Tem Voz
Oeste
Um exemplo de liquidação do SNS
Recebemos de um nosso leitor a carta que expressa a preocupação quanto ao previsível encerramento do hospital de Torres Vedras e que, abaixo, transcrevemos na íntegra
Exmos Srs,
Meu nome é Patrick Francisco, tenho 46 anos, e sou residente em Torres Vedras.
Tomei a liberdade de deixar aqui uma reflexão sobre uma questão fundamental para os cuidados de saúde na Região Oeste de Portugal.
Um dos temas que tem suscitado grande preocupação entre os torrienses e em toda a Região Oeste, está relacionado com o acesso aos serviços hospitalares. Até agora, a Região Oeste tem sido servida por 3 Hospitais, nomeadamente em Torres Vedras, Caldas da Rainha e Peniche.