EDITORIAL
A Maior Farsa Eleitoral
Está montado o circo!
No próximo domingo, dia 24 de Janeiro, vai decorrer o acto eleitoral para a escolha do presidente da República, cargo que exercerá nos próximos cinco anos, ou seja, de 2021 a 2026 e que começará por se intitular o presidente de todos os portugueses, como é habitual.
Contudo, todos sabemos que isso é a mais rotunda hipocrisia. As eleições burguesas destinam-se apenas a montar a ilusão democrática do poder do povo. Mas esta ilusão está a ser cada vez mais desocultada pela realidade.
E são cada vez mais os portugueses que o sabem e demonstram através da abstenção, que se prevê atingir nestas eleições percentagens elevadíssimas.
E, nestas eleições, para além da abstenção decidida e escolhida por cada um, o sistema também produziu e impôs a sua abstenção. Sim, não são milhares, são milhões de portugueses que ficaram impedidos de votar, desde logo o milhão e 100 mil portugueses emigrados!
São todos os portugueses que ficaram confinados a partir de 14 a 24 de Janeiro, porque já não se poderem inscrever na plataforma para voto antecipado, tal como aconteceu com um grande número de utentes dos lares, e são todos os que estão doentes internados, etc., etc.
É o ministério da administração interna com o Cabrita à sua frente a boicotar a votação como aconteceu no voto antecipado de dia 17, e que o social liberal do Costa insiste em manter em funções. É o “planeamento” e a imposição de um confinamento desencadeado do medo que também contribuirá para o afastamento.
E alguém acredita na surpresa e na discussão inócua que foi a proposta de adiamento de eleições, feita quando já se sabia que não teria efeitos?
O circo foi bem montado! São os próprios fundamentos da chamada democracia que foram postos em causa. A farsa está cada vez mais clara.
Daqui resulta que qualquer que seja o eleito, poder-se-á considerar formalmente eleito, mas não legitimamente.
Mas, não foi só este esquema que levará á eleição de Marcelo.
Nenhum dos candidatos, desde Ana Gomes até ao fascista André Ventura, deixando pelo meio todos os restantes palhaços, concorre ao cargo com o objectivo político de ganhar, concordantes em que Marcelo será reeleito.
No fundo, Marcelo é o seu candidato!
Podem gritar os candidatos da falsa esquerda, da esquerda parlamentar, que a direita e a extrema-direita estão a avançar e que é preciso salvar a democracia que está em perigo, que ninguém acredita nessa sua gritaria hipócrita, porque se, de facto, quisessem combater o dito avanço da direita teriam apresentado um candidato único, capaz de combater essa direita reaccionária e fascista, até porque não se vê diferenças de maior nos seus programas, o que se confirmou, aliás, nos debates. Assim, optando por fazer crer que são diferentes, embora se mantenham iguais, estão a abrir o caminho para a direita que dizem combater.
São exactamente estes partidos – com particular destaque para o retalhado PS – e respectivos candidatos os responsáveis pelo avanço da extrema direita, responsabilidade essa que lhes será assacada mais cedo ou mais tarde. E esta lição já deveria ter sido aprendida, há cinco anos, nas últimas eleições, com a eleição de Marcelo à primeira volta. É à falsa esquerda que devem ser pedidas contas pelo avanço da direita e da extrema direita que acenam constantemente.
Se, tal como está expresso na Resolução sobre a participação dos comunistas nas eleições presidenciais, publicada no Luta Popular, não alimentamos quaisquer dúvidas quanto à natureza e à democracia que preside a eleições organizadas pela burguesia, o contexto em que estas decorrem põem em causa a legitimidade do acto e consequentemente os fundamentos da própria democracia, mesmo do ponto de vista da burguesia.
A união entre Costa e Marcelo, há muito estabelecida, significa a submissão ao imperialismo alemão e às ordens ditatoriais de Bruxelas, que tem explorado e continuará a explorar o povo português até ao tutano, ao mesmo tempo que desempenha o papel que lhe foi atribuído na reconfiguração do capitalismo, em preparação. É para isto que Bruxelas precisa dos dois.
E é por isso que, nestas eleições, o PCTP/MRPP apela ao voto de protesto, ao voto de luta contra todo este sistema, através do voto nulo, que poderá ser feito com uma frase revolucionária.
O proletariado e todos os trabalhadores têm de se unir, têm de se preparar e organizar para enfrentar os ataques, cada vez mais violentos, que estão em preparação.
22Jan2021