PAÍS
(Mais) um partido da União Europeia para colonizar Portugal
- Publicado em 03.02.2014
Por iniciativa principal de um trânsfuga do Bloco de Esquerda eleito em 2009 para o Parlamento Europeu, realizou-se no passado fim-de-semana o congresso fundador de um partido chamado “Livre”. O rosto principal deste novo partido é o exemplo acabado do que não deve ser um deputado eleito pelo povo para o areópago de Estrasburgo. Dando provas de um assinalável oportunismo, Rui Tavares fez-se então eleger pelo BE e, depois de romper com esse partido, apropriou-se do lugar para desfrutar dos privilégios com que os poderes dominantes na União Europeia procuram corromper os deputados europeus para os pôr ao seu serviço.
E é de facto ao serviço da UE, isto é, da Alemanha, que o novo partido e o seu mais destacado personagem decididamente se afirmam. Todo o programa do “Livre” é um panegírico às virtudes da “Europa” e do “europeísmo”. Mesmo referindo as “disfuncionalidades” e os “equívocos” das políticas emanadas da UE, o novo partido limita-se a propagandear que é na “democracia europeia” que se encontra a fonte de toda a prosperidade e progresso. Nem uma palavra sobre a opressão, o terrorismo social, o empobrecimento e o esbulho de direitos a que a UE e os seus lacaios sujeitam, de uma forma continuada e sistemática, os trabalhadores e o povo português. Nem uma breve referência aos sinistros tratados europeus que representam a total privação da liberdade, da democracia e da independência nacional e que eliminam por completo qualquer possibilidade de desenvolvimento do país e de bem-estar para o povo.
Por cima de tudo isto, o novo partido “Livre” avança com a suprema mistificação de apontar como seu primeiro objectivo o de “libertar o país da troika, da dependência, da dívida e do subdesenvolvimento”, escondendo cobardemente que a dita “troika” é de facto a União Europeia, que a “dependência” é, como sempre foi, a condição de Portugal na UE, que a “dívida” é o mecanismo principal de que a UE se serve para submeter o povo português aos ditames do imperialismo germânico e que o “subdesenvolvimento” é o resultado natural e inevitável das políticas da UE para os países periféricos como Portugal.
Mesmo que seja levado ao colo, como será, pela comunicação social e pelas instituições e partidos dominantes, o “Livre” é já um cadáver anunciado. Com ele, o senhor Tavares teve por objectivo prolongar a sua permanência na corte europeia. Como não o vai seguramente conseguir, resta-lhe esperar que os poderes imperiais lhe reservem algum posto ou benesse como reconhecimento pelos serviços prestados.
Desenganem-se os “europeístas” de todos os matizes sobre a possibilidade de continuar a iludir as massas sobre as pretensas virtudes da “integração europeia”. É hora de restituir ao povo a liberdade, a democracia e a independência nacional que lhe foram confiscadas e de lhe permitir pronunciar-se em referendo sobre se Portugal deve ou não permanecer na UE.