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Partido

Manifesto do Partido Comunista 

Notas de Estudo

IX

Quem lê o primeiro parágrafo da introdução ao Manifesto do Partido Comunista – a celebérrima frase “Um espectro ronda a Europa: o espectro do comunismo”, etc. – ficaria a pensar que o movimento operário da Europa continental, nomeadamente o francês e o alemão, teria tido maior influência directa na elaboração desta obra conjunta de Marx e de Engels do que o movimento operário inglês, designadamente o movimento cartista. É ou não assim?!

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Eis uma pergunta inteligente, e que tem o discreto propósito de pôr frontalmente em causa a conclusão da nossa última nota de estudo: “o movimento cartista inglês, com a sua experiência e direcção proletárias, é o pano de fundo do Manifesto do Partido Comunista”.

Realmente, em todo o texto do Manifesto só há duas referências directas ao cartismo e sobre questões menores, correlativas à táctica de alianças dos comunistas e socialistas: no último parágrafo do III Capítulo, a fls 101, e no primeiro parágrafo do IV Capítulo, a fls 103, da edição da nossa Editora Bandeira Vermelha. Mas também não há referências a nenhum outro movimento operário concreto da Europa continental, a não ser sobre as mesmas questões de ligações tácticas.

O que está em causa não são pois referências directas a este ou aquele movimento operário, mas as experiências dos movimentos revolucionários do proletariado da Europa e da América do Norte, experiências que suportam, conjuntamente com os fundamentos teóricos da doutrina de Marx e de Engels, os princípios estratégicos do Manifesto.

O problema que se põe aos comunistas de hoje é que têm de conhecer em profundidade o movimento proletário revolucionário na Inglaterra, na Europa continental, incluindo a Rússia, e na América do Norte nas primeiras quatro décadas do século XIX, para entenderem os fundamentos práticos e teóricos do Manifesto.

Aí chegados, teremos compreendido que há um profundo contraste entre o carácter eminentemente social do movimento operário inglês, a sua autonomia proletária e a sua amplitude de massas, e o carácter eminentemente político do movimento operário europeu continental, especialmente o francês, sem suporte em organizações sociais de massas. Claro está que nos reportamos a uma época muito anterior à da Comuna de Paris, que é de 1871.

É da comparação das experiências destes dois tipos de movimentos proletários, lidos à luz da doutrina marxista que conhecemos dessa época, que resulta o Manifesto do Partido Comunista.

Fascinante é ver, à medida que a doutrina teórica do marxismo se vai desenvolvendo, quais são as alterações que vai impondo ao texto do próprio Manifesto. E, desde já, chamamos a vossa atenção para o facto que são muito limitadas as alterações de natureza substancial, mas mesmo essas escassas alterações são essenciais, com haveremos de ver na altura própria.

Voltaremos todavia ao estudo do movimento operário continental na nossa próxima nota.

      16.02.2016

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