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PAÍS

 O Mar e as Ribeiras do Funchal

Fará no próximo dia 27 de Outubro um ano que publiquei neste local um texto, intitulado Jardim e a Destruição da Cidade do Funchal, no qual chamava a atenção dos leitores para as consequências catastróficas que iria inevitavelmente ter, mais cedo ou mais tarde, a última obra faraónica de Alberto João Jardim, que consistiu em unir num único desembocadouro as fozes das ribeiras de Santa Luzia e de João Gomes e de aterrar, entre essa desembocadura e o cais da cidade, os 200 000 metros cúbicos de inertes, carregados pelas três ribeiras que modelam o anfiteatro do Funchal, na aluvião de 20 de Fevereiro de 2010, que matou 49 madeirenses.

Essa obra absolutamente idiota levará, mais ano menos ano, à destruição da baía e da baixa da cidade do Funchal.

O canal de drenagem da foz única das ribeiras de Santa Luzia e de João Gomes avançou uma centena de metros pelo mar dentro, mas o que as mentes iluminadas dos seus construtores não parece terem previsto é que se o canal da foz única entra pelo mar adentro, o mar também pode entrar pelo canal acima.

E foi justamente o que aconteceu ontem, com uma pequena ondulação de dois metros e meia maré, e que se pode testemunhar no pequeno vídeo de trinta e três segundos, que me facultou o Professor Doutor Raimundo Quintal, geógrafo e botânico de prestígio internacional, e o madeirense que antes de toda a gente alertou para a obra criminosa do jardinismo na baixa da cidade.

Raimundo Quintal interroga-se: quando as cheias das ribeiras coincidirem com o mar alteroso – o que pode acontecer com a passagem das depressões associadas a sistemas frontais- - como se comportará a obra de muitos milhões de euros?

À foz única, os engenheiros e construtores jardinistas adjuntaram um novo cais no cabeço do aterro dos inertes da aluvião de 20 de Fevereiro.

A fotografia que a seguir se reproduz, tirada praticamente à mesma hora do mesmo dia e nas mesmas condições de mar, vento e de maré que presidiram à gravação do vídeo, mostra o mar a subir as duas ribeiras e o rebentamento das pequenas vagas de dois metros contra o novo cais de navios, construído com os inertes de 20 de Fevereiro.

ribeirasdofunchal

O meu amigo Raimundo Quintal passou-me ainda um curto vídeo, de um minuto e dois segundos, que também pode ser visto em www.youtube.com, com um saboroso comentário que não resisto a transcrever para os meus leitores:

Cais para Desmantelar Navios

“Registado ontem à tarde, é mais uma prova da irresponsabilidade na utilização do dinheiro, que deveria ter sido gasto no reordenamento do território da ilha da Madeira após a catástrofe de 20 de fevereiro de 2010.
O novo cais do porto do Funchal só serve para atracar navios no Verão, quando não há procura. No Outono e no Inverno é uma excelente obra para desmantelar navios.”

O ministério público ainda não mexeu uma palha para levar à justiça os indivíduos que enriqueceram com estas obras destrutivas.

16.10.2015

Arnaldo Matos

 

Leia também:
Jardim e a Destruição da Cidade do Funchal 


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