PAÍS
- Publicado em 30.04.2021
Viva o 1.º de Maio Vermelho!
O esvaziamento do significado político do 1.º de Maio, enquanto dia de luta e de resistência, é a estratégia do grande capital para travar o movimento e acção dos trabalhadores, para os alienar, para subtilmente desvirtuar o que sabe ser uma ode à pulsão dos trabalhadores, para o transformar numa data não de protestos e de luta de classes, mas num dia onde parte das linhas de produção paralisam com consentimento de antíteses: do proletário e dos detentores dos meios de produção, ou seja, o dia para a "besta de carga" (na concepção burguesa) recompor as suas baterias, manifestar a sua revolta para que regresse no dia seguinte, mais manso, quiçá grato ao seu patrão pela “benesse” ainda concedida, mas que contém em si a luta de milhões e milhões de trabalhadores em todo o mundo.
Perante esta desfiguração, o trabalhador alienado volta, no dia seguinte, pronto para mais uma dose incontestável e esmagadora de estranhamento, para sofrer mais sobretrabalho e mais mais-valia, para que possa, então, diante do ciclo, desejar mais dias de folga e finais de semana (“concedidos” pelo patrão), onde regride a (contra) gosto à fera, no seu lar. É esse o papel dos desfiles da Intersindical e das conferências da UGT, sem pingo de nervo nem alvo credível, com a palavra “luta” na boca, mas o coração e o cérebro vazios de futuro.
Mas, o desenvolvimento do capitalismo e a realidade daí decorrente encarregar-se-á de obrigar os trabalhadores a lutar pela sua sobrevivência.
É bem verdade que subjacente e consequente à gravíssima crise económica, sanitária, social e ambiental que varre todo o planeta e que mata, literalmente, milhões de pessoas à fome e de doença evitável, está a ocorrer uma gigantesca reconfiguração do capitalismo, uma espécie de reset do sistema sob novas condições mais favoráveis à sua acção mortal. Parafraseando Lenine:
A catástrofe está iminente.
Mobilizemos os meios para a conjurar!
Apoiando-se no poder político e militar dos Estados onde têm a principal base de acção, um pequeno punhado de capitalistas está a pôr em acção um plano feroz para açambarcar lucros e rendas, sem qualquer espécie de consideração pela vida e pela sobrevivência dos operários e das camadas intermédias da sociedade, sobretudo nos países que são dominados pelo poder económico e militar das grandes potências imperialistas, à cabeça das quais se encontram os Estados Unidos da América e a China, mas que incluem também, entre outras potências de segunda ordem, o directório de quatro ou cinco governos que mandam na União Europeia.
O governo do Costa age como um simples peão de brega desta pequena oligarquia capitalista e das grandes potências imperialistas. É um governo com carne de obedecer e que é movido apenas pela ambição que os seus membros e respectivo séquito de lacaios alimentam de virem a receber recompensas e sinecuras pelos serviços prestados ao grande capital.
Esta condição de agente do grande capital e de máquina repressora cripto-fascista contra os trabalhadores e o povo português, foi sempre a imagem de marca do governo do Costa desde que entrou em funções com o apoio das suas muletas. Há muito que este governo devia ter sido forçado a demitir-se, e inúmeras foram, durante os últimos seis anos, as ocasiões para haver mobilização e indignação populares capazes de impor uma tal demissão.
Nunca, desde o regime fascista, foi um governo tão incensado pela imprensa e nunca um governo do grande capital deveu tanto a sua sobrevivência à inacção e à cumplicidade por parte dos partidos da oposição parlamentar e das principais organizações sindicais.
Uma “gestão da pandemia”, alinhada com as farmacêuticas e a reconfiguração do sistema, anuncia a desgraça nesse capítulo (novas variantes do vírus cada vez mais infecciosas, mortais e resistentes às vacinas que o sistema de confinamento, imposto por governos sabujos como o do Costa em todo o mundo, promove), acelera o processo de monopolização em inúmeros sectores produtivos pela liquidação maciça dos concorrentes mais fracos atirando-os para a miséria, e propicia condições para o telecontrolo generalizado das populações.
Ao mesmo tempo, alimentado pelos ventos doentios de Bruxelas e Washington, anuncia como soluções para o mundo, nas quais “estaremos entre os primeiros”, as “transições” energética, digital e verde. Por trás prepara, à imagem de todos os outros governos imperialistas, os instrumentos para executá-las: leis fascistas e polícias fascistas de mãos livres.
Para isso conta com todo o parlamento. O mote foi dado no 25 de Abril. Não foi preciso muita atenção para perceber o estado de unidade dos partidos parlamentares em torno dos “desígnios nacionais”, incluindo o fascista com o seu jogo enganoso de patranhas.
É por força da atitude de capitulação por parte das centrais sindicais que o governo do Costa se abalança, de novo ao arrepio dos seus compromissos eleitorais, a uma nova revisão do Código de Trabalho, agora à luz de um “Livro verde sobre o futuro do Trabalho”, e que consegue ser ainda mais gravosa para os trabalhadores do que a actual versão, aprovada pelo governo de traição nacional Passos/Portas/Cavaco, ao propor uma regulamentação do teletrabalho, entre outras, totalmente favorável ao patronato. Trata-se, como é bom de ver, de um dos elementos do plano de acção capitalista para se salvar ao mesmo tempo que transporta a pobreza e a insegurança na vida dos trabalhadores para níveis de escabrosidade nunca antes alcançados.
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30Abr2021