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PAÍS

Transcrevemos integralmente o comunicado do recém-fundado Comité do Distrito de Aveiro distribuído na fábrica Extrusal em Aradas, Aveiro onde foi calorosamente recebido pelos operários:

Aos Operários da Extrusal

Já Nem Sequer a Água Merecemos!??


20200218Extrusal

O ano de 2020 começou com “novidades”.

Quinze dias antes do início das férias programadas de Dezembro, apareceram nos placards das secções, actualizações dos mapas de férias. Mas além das alterações normais, decorrentes de dias de férias já gozados ou de interrupções de férias por baixa ou por outro motivo, uma novidade: em vez de se retornar ao trabalho dia 2 de Janeiro (5.ª feira), retornar-se ia dia 6 (2.ª feira), e a par disso, a redução de dois dias nas férias a gozar no ano de 2020. Pois bem! Se é no interesse da Extrusal, até pode fechar uma semana fora do programa de férias, mas, nesse caso, não pode impor unilateralmente quinze dias antes esse encerramento como férias, tem de o assumir por conta própria.

A outra novidade, essa avisada nos placards um ou dois dias antes do início das férias, foi que o acesso dos veículos dos trabalhadores a estacionamento nas instalações da empresa, anteriormente livre, passou a ter restrições quanto ao local de entrada – o que para a maior parte do pessoal teve como consequência um aumento diário de 1,5 a 3 kms na deslocação casa-trabalho – e aos lugares de estacionamento, com a agravante de o número de lugares livres de restrições ter diminuído substancialmente. Agora a zona de estacionamento para operários é totalmente vedada, com acesso a viaturas apenas do exterior e torniquete com controlo biométrico e/ou código para entrada pedonal na zona fabril, mas sem servir de relógio de ponto. Ora, tudo isto, além de representar um apertar do controlo, representa tempo e dinheiro para os operários pagarem com o seu salário não actualizado.

Mas, ainda aqui, há pior: como o confinamento do espaço e a criação de uma “rotunda” diminuiu substancialmente os lugares de estacionamento, a demarcação de novos lugares reservados, surge como benefício a dar a uns quantos à custa de um ainda maior sacrifício dos de baixo, particularmente quem tem de entrar às 8, antes da saída do turno da noite. É que se dá o caso de se ter que estacionar o carro fora da empresa, longe e sujeito a multa ou aos riscos dos moradores descontentes, havendo inúmeros lugares vagos mas reservados a quem vai entrar às 8:30 ou ainda mais tarde quando já vagaram os lugares de quem esteve no turno da noite. Claro está que aqui a resposta foi demolidora: após um primeiro momento de hesitação, à revelia da hierarquia, e apesar de todo o tipo de pressões e ameaças na surdina, quem está à noite passou a estacionar nos lugares reservados, de maneira que, quem entra às 8, quando chega, tem lugares de estacionamento livre vagos e os dos lugares reservados quando por sua vez chegam, já o pessoal da noite saiu e vagou os lugares reservados que tinham ocupado. Isto e a ocupação “selvagem” da famigerada rotunda, minimizou o problema.

“Já nem sequer a água merecemos!” foi o que exprimiu um operário e sentiram muitos outros quando, recentemente, mais uma vez faltou a água nos dispensadores de água potável espalhados pela Extrusal. “O fornecedor da água falhou”. Mas não foi apenas uma vez sem exemplo. Pelo contrário, falha sucessiva e progressivamente. E qual é a sugestão do Armazém? Que cada um traga uma garrafa de litro e meio de casa… Podia acrescentar: “nós, Extrusal, pagamos”. Mas não: os custos da “falência” logística devem ser, no seu elevado entender, pagos pelos salários dos operários, não pelos lucros da Extrusal.

Os salários dos operários estão congelados há 13 anos! O salário máximo, para quem entra se for operário, é o salário mínimo. Às vezes, mãos largas, aumentam “por mérito” o salário deste ou daquele 5 ou 10€, mas, na actualização seguinte do salário mínimo, o “mérito” evapora-se. Mesmo aqueles cujas responsabilidades foram acrescidas, e que segundo a lógica “meritocrática” deveriam passar a receber maior salário, só a muito custo e só depois de penarem uns não poucos meses, vêem a categoria que exercem “reconhecida no papel” e a prometida actualização salarial eventualmente realizada. E tudo isto continua a passar-se 3 anos após a dita recuperação da empresa! A Extrusal está recuperada, sim, mas não os seus operários! Sintomático quando se diz que se trata de uma “grande família”!

O que aqui contamos não passa de episódios reveladores das formas como a classe dos capitalistas ataca ideológica e economicamente a classe operária. Como vamos responder?

Atacam-nos no tempo? Exijamos a redução do horário para as 35 horas!

Atacam-nos economicamente? Exijamos o aumento geral dos salários!

Atacam-nos ideologicamente? Respondamos com organização, com a criação de uma Comissão de Trabalhadores!

Comité do Distrito de Aveiro do PCTP/MRPP
19 de Fevereiro de 2020

pctpmrpp

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