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PAÍS

A DESCONVOCAÇÃO DA GREVE NO METROPOLITANO DE LISBOA
As Muletas do Governo e a Traição em Marcha

A Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações (FECTRANS) da Intersindical, o Sindicato dos Trabalhadores da Tracção do Metropolitano (STTM), o Sindicato da Manutenção do Metropolitano (SINDEM), ditos independentes, e o Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes (SITRA), da UGT, haviam convocado uma greve parcial – às primeiras três horas de cada turno – para os dias 9, 10, 11, 12, 13 e 14 deste mês de Dezembro, contra as alterações ilegais e abusivas dos horários de trabalho dos maquinistas, bem como contra um novo regime de férias lesivo dos direitos adquiridos daqueles trabalhadores, alterações essas que entrariam em vigor no próximo dia 1 de Janeiro de 2016.

Sucede que, no seguimento de uma reunião realizada no dia 7 de Dezembro com o secretário de estado dos transportes do governo do PS, este transmitiu aos dirigentes sindicais a decisão do governo de suspender a entrada em vigor das alterações pretendidas pelo conselho de administração da chamada Transportes de Lisboa.

Considerando que estavam satisfeitas as exigências dos maquinistas – porque só destas se tratava – os dirigentes sindicais decidiram desconvocar a greve, após idêntica decisão tomada por maioria em plenário dos trabalhadores maquinistas.

A desconvocação desta greve foi logo e sem mais considerada pelos revisionistas da Fectrans como algo de histórico, por se ter criado uma plataforma de diálogo em que a fase seguinte é dar início a um processo de negociação com o novo governo a partir do dia 15 de Janeiro de 2016.

Ora, a primeira questão escamoteada pela dirigente da Fectrans, Anabela Carvalheira, porta-voz dos restantes sindicatos, é a de que a decisão do governo consistiu unicamente na promessa de suspender e não de revogar a decisão tomada pelo conselho de administração relativamente aos maquinistas do Metropolitano.

Por outro lado, a respeito de tudo quanto esteve (e continua a estar) em causa na luta que os operários e trabalhadores do Metropolitano bem como os reformados e pensionistas travaram ao longo de quatro anos de governo de traição nacional PSD/CDS, designadamente contra os despedimentos já em curso e as restantes medidas para a privatização do Metro e da Carris, para alem do pagamento dos complementos de reforma roubados aos ex-trabalhadores do Metropolitano, nem uma palavra da parte do governo, a não ser o velho estratagema do governo de Sócrates de criar uma plataforma de diálogo para adormecer e neutralizar a luta dos trabalhadores.

É preciso também lembrar que a administração nomeada pelo governo de traição nacional PSD/CDS, autora das medidas anti-operárias contra as quais se erguem os trabalhadores, não foi demitida, sendo só ela que detém poderes para alterar essas medidas.

Mas a Intersindical, sem qualquer demarcação dos restantes sindicatos, incluindo o Sindem, foi mais longe, anunciando que estava aberto um período de paz social na empresa.

Ou seja, este governo não mexeu ainda uma palha para revogar as decisões mais reaccionárias e anti-operárias da coligação fascista CDS/PSD ditadas pela Tróica - entendendo, aliás, que o mais prioritário da sua governação era a abolição dos exames da 4ª classe (nada dizendo sobre os respectivos programas) e a adopção por casais homossexuais – e as suas muletas estão-lhe já a entregar de bandeja o abandono das reivindicações e objectivos das dezenas de dias de greve realizadas ao longo dos últimos quatro anos.

Quem percebeu bem e logo esta traição e reconheceu o espírito de colaboração do PCP e do BE foi o ministro do Trabalho Vieira da Silva quando, a propósito do caso, declarou: Não sei se haverá mais abertura deste Governo ou mais abertura dos sindicatos perante este Governo, provavelmente será isso (!!)

É isso - as muletas ditas de esquerda de pernas abertas para um governo que não pode deixar de prosseguir no essencial a mesma política do anterior e que começou bem cedo, com a não eliminação da sobretaxa de IRS, a mostrar que não irá cumprir nenhuma das promessas que fez a não ser uma: respeitar os compromissos externos assumidos pelo governo de Coelho/Portas com a Tróica e a senhora Merkel, designadamente em matéria do pagamento da dívida pública, inevitavelmente à custa da continuação de medidas austeritárias.

Os operários e trabalhadores dos transportes de Lisboa e do Porto não devem deixar-se desarmar pela traição do PCP e do Bloco, da UGT e da Intersindical, para os quais terão entrado numa era de diálogo, em que todas as reivindicações dos trabalhadores estariam em vias de ser aceites pelo governo do PS com as suas muletas.

Os operários e trabalhadores dos transportes públicos devem intensificar a luta pelos seus objectivos, e não se deixarem iludir por promessas que nunca serão cumpridas.

Desde já é preciso continuar a luta, com o apoio nas greves que já estavam marcadas e em todas as que forem necessárias, para obter:

1. O pagamento imediato dos complementos das reformas roubadas aos reformados e pensionistas.
2. A regionalização dos transportes de Lisboa e Porto com as concessões passadas aos municípios dessas regiões.
3. O regresso à contratação colectiva por sector e por empresa.
4. O aumento dos salários, com imediata devolução dos cortes aplicados pelo governo de traição nacional Coelho/Portas.
5. A eliminação da sobretaxa do IRS.
6. O cancelamento do processo de despedimentos posto em marcha pelo governo anterior e readmissão dos trabalhadores que tenham sido entretanto despedidos.
7. A redução do preço dos passes sociais.

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