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 Operários Vidreiros da Marinha Grande em Greve

2015-09-19-marinhagrande01 01Os operários da fábrica Barbosa e Almeida, (BA) na Marinha Grande, voltaram à greve, pela quarta vez, ontem, dia 19 de Setembro, com início no turno das 21H00- 5H00 e terminando na próxima terça-feira, dia 22 de Setembro, no turno das 5H00 -13H00.

A BA, empresa líder do sector do vidro de embalagem, tem, actualmente, em Portugal, para além desta fábrica mais duas: Avintes e Venda Nova, tendo-se expandido para Espanha (2 fábricas) e Polónia (2 fábricas). Emprega, em Portugal, cerca de setecentos trabalhadores, 220 dos quais na Marinha Grande. A média de idades dos trabalhadores é de 40 anos. Na Marinha Grande, a fábrica labora em continuidade com três fornos , organizando-se o trabalho em quatro turnos em rotação, ou seja, os trabalhadores não conseguem ter dois dias seguidos com o mesmo horário, o que tem reflexos na sua saúde física e mental.

Esta greve ocorre durante o processo negocial do acordo de empresa (AE), que foi interrompido unilateralmente pela administração no dia 9 de Setembro, e tem como objectivos a exigência da reposição dos direitos adquiridos que a Administração vem há anos a tentar retirar aos trabalhadores. Estão em causa a redução dos dias de compensação, o não pagamento do subsídio de refeição durante esses mesmos dias e a redução do valor do pagamento das horas extraordinárias nos feriados e o trabalho suplementar.

O Luta Popular esteve, neste primeiro dia de greve, junto dos trabalhadores da fábrica Barbosa e Almeida, na Marinha Grande, tendo ouvido e discutido as suas denúncias, relativamente ao ambiente de opressão vivido dentro da empresa e à forma prepotente e insidiosa, à boa maneira salazarenta, como a administração pretende eliminar definitivamente os direitos dos trabalhadores, e que é visível na interrupção das negociações, tendo apenas como pretexto o anunciar de uma greve a qual é mais que justa e é a única arma dos trabalhadores perante a inflexibilidade e o protelar no tempo uma negociação que não têm intenção de levar a cabo. Tanto assim é, que a empresa já deu a entender que se propõe aplicar um acordo individual para cada uma das três fábricas!

Os operários da Marinha Grande têm uma grande tradição de luta pelos seus direitos , contra a exploração e a opressão e, neste caso concreto, sabem bem que não podem ceder nestas negociações, já que a acontecer seria o primeiro passo para a imposição destas medidas a todo o sector vidreiro. Neste momento, segundo testemunho dos delegados sindicais e trabalhadores presentes, em nenhuma outra empresa do sector vidreiro se verifica este atropelo aos direitos adquiridos, pelo que o consideram um precedente perigoso para todas as outras empresas. Não há, efectivamente, qualquer fundamento económico para fazer tábua rasa do Acordo de Empresa, negando os direitos dos trabalhadores uma vez que a empresa, em 2014 apresentou lucros de mais de 80 milhões, a não ser pretender de forma terrorista dominar e oprimir os trabalhadores, que na situação actual de desemprego sabem que há uma fila de desempregados à espera de ocupar o seu posto de trabalho e, embora não tenha havido despedimentos, a verdade é que muitos dos contratados não vêem os contratos renovados, sendo certo que tem existido redução de trabalhadores.

A redução dos dias de compensação é também o não reconhecimento da dureza e do desgaste provocado por esta profissão que, segundo os trabalhadores, deveria ser, à semelhança dos mineiros, uma profissão de risco, aliás uma grande parte destes operários deixa de poder trabalhar antes de chegar à idade da reforma.

O Luta Popular recolheu o depoimento de um operário de 35 anos que trabalha na zona quente que se referiu à dureza do seu trabalho , já que o local onde trabalha chega a atingir os 50 graus, provocando, muitas vezes problemas de desidratação e doenças respiratórias. O ruído é outra agressão à saúde destes trabalhadores, que consideram a surdez uma doença profissional.

Os operários da BA não podem esquecer que este ataque aos direitos dos trabalhadores, que se traduz numa maior exploração, nomeadamente pela desvalorização do seu trabalho, e na imposição de arbitrariedades e chantagens por parte da entidade patronal surge na sequência das novas leis laborais aprovadas e publicadas por este governo de traição Coelho/Portas.

Estas alterações foram impostas pelo chamado Memorando de Entendimento com a Tróica, e têm como objectivo destruir os direitos dos trabalhadores, sob o pretexto de que é preciso reduzir os custos de trabalho, para que Portugal se torne competitivo a nível internacional e consiga atrair investidores e, por isso, com o descarado objectivo de baixar os já mais que miseráveis salários dos trabalhadores portugueses, visando assim fazer deles os "chineses da Europa".

E este é o resultado das políticas aplicadas pelos sucessivos governos de traição, que têm conduzido à destruição, ao endividamento e à venda a retalho do nosso País que está hoje desprovido de qualquer independência ou soberania.

É neste contexto que se insere a luta dos trabalhadores das três fábricas da BA, que não devem nem podem ceder às manobras divisionistas da administração, devendo falar a uma só voz, discutindo em plenários de trabalhadores as suas propostas, criando comissões de trabalhadores que os representem directamente e de forma imediata. Devem denunciar esta situação junto de todos os trabalhadores do sector vidreiro, apelando à união do sector.
Viva a Justa Luta dos Trabalhadores da BA!

Emprego, Desenvolvimento Económico, Igualdade Social, Independência Nacional!


21.09.2015




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