PAÍS
- Publicado em 26.05.2024
Manifestação Contra o Encerramento Nocturno da Urgência Pediátrica do CH Tondela - Viseu/ULS Viseu Dão - 1 de Junho
Para os partidos da burguesia, nada como campanhas eleitorais, oficiais ou não, para em palavras tudo resolver, mas chegados ao poder, o caso fia mais fino…
Num país que chora a baixa natalidade, a “solução” dos governos burgueses (o anterior e o presente) para o problema é encerrar maternidades e urgências pediátricas, primeiro aos fins-de-semana à noite, depois toda a semana à noite e depois, dia sim dia não, etc..
A propósito de mais um caso, o encerramento nocturno do serviço de Urgência Pediátrica do Centro Hospitalar Tondela - Viseu / Unidade Local de Saúde Viseu Dão Lafões, recebemos de uma cidadã mobilizada para a luta a Carta Aberta que abaixo publicamos na íntegra
Carta Aberta
O serviço de Urgência Pediátrica do Centro Hospitalar Tondela - Viseu / Unidade Local de Saúde Viseu Dão Lafões começou a encerrar, de sexta a segunda-feira, durante o período noturno, em março.
A decisão foi justificada com o facto de não haver, alegadamente, médicos especialistas suficientes para cobrir todos os turnos. Na altura, António Leitão Amaro, agora ministro da Presidência, gravou-se em frente a esta mesma Urgência, e lembrou que "precisamos de uma saúde que funcione para todos os portugueses". Condenou o fecho e justificou que a unidade de Viseu é a segunda maior da região Centro, servindo cerca de meio milhão de pessoas. Insistiu numa necessária mudança... e os portugueses responderam nesse sentido. Mas, nem três meses depois, a situação não só não mudou, como ainda piorou: a partir de junho, não há atendimento urgente pediátrico durante o horário noturno, entre as 20h00 e as 9h00.
O problema não é novo: desde o ano passado, com a saída de pediatras para o privado, e outros para a reforma, que a carência de especialistas se agravou. Durante o verão de 2023, houve solução: médicos pediatras de outros hospitais vieram cobrir turnos a Viseu, em regime de prestação de serviços. Agora, até nesta resposta, os profissionais são insuficientes, já que recentemente dois internos que terminaram a especialidade abandonaram a unidade. A agravar, está o facto de o concurso nacional para recém especialistas, do Governo, ainda não ter sido aberto. Quando for, provavelmente fica deserto, como aconteceu no ano passado, quando o hospital abriu vagas para suprimir as saídas.
Perante a ausência de serviço em Viseu, a alternativa hospitalar é Coimbra, a 90 quilómetros de distância, pelo IP3, há anos em obras, e que nem o Presidente da República utiliza para visitar "a melhor cidade para se viver", ou então Aveiro e Guarda.... mas ainda são os próprios pais que devem contactar a linha SNS 24 ou o INEM, antes de se colocarem a caminho, pelos próprios meios, para saber se há disponibilidade para atendimento.
Há ainda as urgências básicas em Tondela e São Pedro do Sul, para dar resposta, mas com médicos de família, não pediatras.
Os bebés e crianças de Viseu, do Interior, não são menos do que os outros; merecem ter acesso à saúde e ser tratados em tempo útil e com qualidade.
Pais, mães, cuidadores, cidadãos, vão unir-se numa manifestação dia 01 de junho, com início às 10H00 na Praça da República, em frente à Câmara Municipal de Viseu, seguindo em marcha lenta até ao Hospital de Viseu (Praça da República - Av. 25 de Abril - Av. Infante Dom Henrique - Av. 10 de Junho - Rua do Serrado - Av. Rei Dom Duarte - Centro Hospitalar Tondela – Viseu).
Na expectativa de que a mensagem chegue ao máximo de portugueses, com o lembrete de que a saúde é um direito e não é uma bandeira política, contamos com a presença de todas as pessoas, associações e partidos políticos, uma vez que a preocupação é transversal e é um direito consagrado na nossa constituição.
Por todas as crianças!
Contamos com todos!
Helena Fonseca