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PAÍS

Lares de idosos
Há que travar o genocídio sanitário!

Quase todos os dias o Minsitério da Saúde e a Direcção-Geral da Saúde (DGS) brindam-nos com conferências de imprensa – por vezes mais do que uma por dia – onde somos bombardeados com números, sem que nunca se explique como é que eles são consequência de políticas que, ao longo dos anos, levaram à fragilização do Serviço Nacional de Saúde, no contexto de uma estratégia perseguida pela classe dominante de vir a privatizar esse activo.

Um dos casos mais gritantes da inépcia criminosa daquelas duas instituições do Estado, revela-se no que está a ocorrer em dezenas de lares e instituições que cuidam de idosos, por todo o país.

O mais recente caso, que teve lugar em Aveiro e onde morreram já 15 idosos, é gritante e explica em parte a razão porque exigimos a demissão imediata, quer de Graça Freitas, directora-geral da saúde, quer do Secretário de Estado da Saúde. O lar e a edilidade de Aveiro esperaram mais de duas semanas para que a tutela lhes enviasse umas simples zaragatoas, imprescindíveis para testar utentes e funcionários para saber se estão, ou não, infectados pelo COVID-19.

Num universo de centenas de lares e instituições para idosos – alguns deles em manifesta ilegalidade – já há a lamentar mais de 60 mortes e 1000 infectados. Uma enormidade, tendo em conta que a percentagem de idosos falecidos em relação ao número de óbitos ocorridos a nível nacional até à data – 345 – se situa entre os 18 e os 20%!

Sabendo-se que o confinamento dos idosos, que normalmente têm grandes limitações quanto à mobilidade, foi alargado na sequência da imposição da Lei de Emergência Nacional, torna-se claro que, a serem infectados, como foram, tal só podia ocorrer por contágio dos funcionários que, para assegurarem um trabalho incansável e arriscado de ajuda a estes idosos, não são sujeitos a constrangimentos de mobilidade, sendo os únicos que podem, de forma regular e constante, entrar e sair daquelas instituições.

Sendo parte da solução e nunca o problema, não se pode, pois, assacar aos trabalhadores dos lares de idosos a responsabilidade de o contágio por COVID-19 ter alastrado como fogo sobre uma pradaria seca como está a acontecer. Os responsáveis, únicos e exclusivos, são os órgãos da tutela que têm – ou deveriam ter – por missão prevenir estas situações.

E não o fizeram! De forma negligente e criminosa! Era suposto que, quer o Ministério da Saúde, quer a Direcção-Geral da Saúde por ele tutelada, mesmo antes dos primeiros casos de morte e infecção de idosos internados em lares ocorrerem , e dado tratarem-se de um grupo de elevado risco para a infecção com COVID-19, tivessem implementado – ou feito implementar – planos de contingência que incluissem testes aos funcionários desses lares que pudessem determinar, com rigor, se estavam, ou não, infectados e se poderiam constituir, ou não, um perigo de contágio para os idosos a seu cargo.

Uma medida absolutamente indispensável, tanto mais quanto é sabido que os portadores de COVID-19 apresentam, na esmagadora maioria dos casos um quadro assintomático. Mas, não! Não só não foram implementados esses planos de contigência como, quer o Ministério da Saúde, quer a DGS, apesar das “lágrimas de crocodilo” que vertem, continuam a bloquear o fornecimento de testes – como das zaragatoas – e outros meios de diagnóstico e protecção, que assegurem uma prevenção mais eficaz e atempada das infecções entre os idosos internados em lares e que, sobretudo, travem a dramática percentagem de ocorrência de mortes entre esta população.

Estamos, portanto, perante um genocídio sanitário que, não sendo inteiramente possível solucionar com a demissão dos supracitados responsáveis pode, no entanto, essa medida, exigida por inúmeros trabalhadores da saúde – médicos, enfermeiros, farmacêuticos, auxiliares, etc. – servir de contenção à escalada de mortes a que assistimos entre os idosos internados em lares por esse país fora.

07Abr2020

LJ

pctp

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