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PAÍS

Tancos: Crime e Castigo?!

Finalmente! Depois de uma fase de inquérito longa, penosa e repleta de episódios de tentativas de manipulação da opinião pública e da própria Justiça, o ex-ministro da Defesa Nacional, Azeredo Lopes, juntamente com mais 22 arguidos, vai ser levado a julgamento pelos crimes de prevaricação, denegação de justiça, abuso de poder e favorecimento pessoal.

Tudo formulações muito pomposas para escamotear o principal: que Azeredo Lopes, o governo que integrava, e o primeiro-ministro que o dirigia, estavam completamente a par de quem havia furtado variado armamento dos paóis de Tancos e, pior ainda, ajudou a montar o cenário de uma recuperação que foi apresentada à opinião pública como uma vitória da excelência investigatória e do empenho de ministro, ministério e governo.

O crime, no entanto, inicia-se muito mais a montante. Com o criminoso desleixo, por parte do governo, em assegurar a inviolabilidade de infraestruturas de defesa tão críticas como são os paóis militares. Foram anos de desinvestimento e abandono que facilitaram um crime que constituiu um autêntico passeio para os criminosos que o decidiram executar e para os criminosos que o decidiram encobrir.

Mas, não se iludam! Costa já veio dar o tom de como este cenário de justiça está a ser montado para que o desfecho da peça de teatro montada em torno do roubo de Tancos, venha a ser o da absolvição, pelo menos, do governo e do ex-ministro da Defesa Nacional, Azeredo Lopes.

Só assim se podem interpretar as suas recentes declarações, a mostrar-se surpreendido pelo facto de, até agora, se ter privilegiado a condenação de quem resolveu o crime, isto é, terá criado as condições para o resolver em vez de se centrar nos seus responsáveis pelo planeamento e execução do mesmo.

Quando, em Outubro de 2017, o camarada Arnaldo Matos, para além da exigência de demissão de Azeredo Lopes que já fizera anteriormente,  exigiu também, através da sua conta do Tweeter, a demissão de António Costa, era claro que, nem o presidente da República, nem os chamados partidos da oposição parlamentar, queriam ver resolvido o crime.

E, tal veio a confirmar-se, precisamente, durante as campanhas eleitorais que se desenrolaram em 2019 – europeias e legislativas – durante as quais os chamados partidos da oposição parlamentar, para além de se negarem a exigir a demissão dos responsáveis pelo encobrimento do crime de Tancos, só o mencionaram para poderem retirar proveitos eleitorais.

Passadas as eleições, o próprio anúncio de que Azeredo Lopes iria ser levado a julgamento não mereceu qualquer referência especial por parte daqueles que, aparentemente, se abespinhavam contra ele e o alegado acto criminoso que praticara, durante os já referidos processos eleitorais.

Quanto a nós, não é só Azeredo Lopes que se deve sentar no banco dos reús e ser condenado pelo encobrimento criminoso do roubo de Tancos e de todo o processo que levou à teatral recuperação do material roubado – ainda hoje, não se sabe ao certo que material foi furtado dos paióis de Tancos e qual a quantidade e características do material reuperado.

No banco de réus deve sentar-se Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa, pois não é de todo crível que, quer um, quer outro, não tivessem conhecimento de toda a trapalhada que levou à recuperação milagrosa do armamento roubado e à subsquente prisão do Director da Polícia Judiciária Militar. Não é de todo crível que, quer um, quer o outro, nada tenham a ver com a campanha de silenciamento que se seguiu para encobrir o sistema político dominante que tentou, de imediato, silenciar a “comunicação social” que domina para abafar o assunto.

O povo português exige mais do que explicações. Exige que a justiça não deixe pedra sobre pedra sobre o que há a esclarecer quer sobre a trama, quer sobre quem são os responsáveis políticos, militares e outros pelo encobrimento e manipulação deste acto criminoso. Assim como exige penas exemplares para os seus autores.

30Jun2020

LJ

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