PAÍS
- Publicado em 24.06.2020
Prossegue a política assassina do confinamento – suavizado ou não!
Reunido com os presidentes de Câmaras Municipais dos 5 maiores concelhos do Distrito de Lisboa – Sintra, Amadora, Odivelas, Loures e o próprio concelho da capital – o governo de Costa não vislumbrou melhor medida, face ao recrudescimento de casos de infecção por COVID-19, do que ameaçar uma reversão de algumas das medidas de “desconfinamento”, atribuindo essa responsabilidade àquilo a que chamam – Costa, Marcelo, Medina, Basílio, Bernardino e quejandos – “comportamentos desviantes”, sobretudo de alguns jovens.
O que esta gente tenta escamotear é o falhanço da estratégia de confinamento assassino. Segundo a OIT – Organização Internacional do Trabalho –, estima-se que a crise económica causada pelo COVID-19 poderá destruir até 24,7 milhões de empregos em todo o mundo.
Um cenário pessimista que poderá vir a revelar-se pior que o causado pela crise de 2008 – 2009, em que 22 milhões de trabalhadores perderam os seus empregos. Isto, claro, sem falarmos no facto de o sub-emprego, o trabalho precário, o trabalho “informal”, estar a registar uma dramática tendência para aumentar, na exacta proporção das consequências económicas da pandemia.
O lay off, combinado com a redução de horários e salários, fará com que os números hoje divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), que refere um aumento brutal do desemprego – 34% em Maio – estejam muito longe daquilo que na realidade se passa quanto a esta autêntica hecatombe que afecta, sobretudo, trabalhadores não qualificados – que registou o maior aumento homólogo, 200%. Ou seja, só durante o mês de Maio foram atirados para o desemprego 103 mil trabalhadores, sendo o total de desempregados – registados nos Serviços de Emprego do Continente e das Regiões Autónomas – de 408 934 trabalhadores. Como já havíamos referido, este números estão muito aquém da realidade, pois não contemplam várias vertentes estatísticas que deveriam ser contabilizadas para este efeito e que, segundo os especialistas, podem redundar num acréscimo de cerca de 30% a estes números, já de si dramáticos.
Este afã repressivo, acolhido por uma larga “união nacional”, supostamente “anti-viral”, que vai desde Marcelo Rebelo de Sousa a António Costa, passando por um fascista “arrependido” como Basílio Horta e por Rui Rio, todos a merecer o aplauso da “esquerda parlamentar” que, cada vez mais, agita a cauda, basbaque perante a “voz do dono”, visa escamotear o facto de que, nenhuma das medidas de “confinamento policial e mortífero”, impostas em Portugal, na Europa e em todo o mundo, teve qualquer sucesso.
Veja-se o caso hoje anunciado da poderosa Alemanha onde, apesar das medidas de confinamento, do estado de emergência, e outras redundâncias totalitárias, repressivas e fascistas, não conseguiu baixar o seu índice de transmissibilidade (RT) viral. Antes pelo contrário, apresentava hoje um RT de 2,88!!!! Veja-se o caso dos EUA, onde Trump apela aos seus “homens” que parem de fazer testes, para que estes não revelem a progressão da pandemia, uma atitude típica daqueles que querem tapar o sol com uma peneira.
Num artigo que publicámos a 26 de Abril do corrente, e que pode reler aqui – Uma pandemia paralela provocada pela diminuição da realização de urgências e consultas hospitalares! –, denunciávamos claramente que outra pandemia se configurava no horizonte. E o balanço, indesmentível, está aí. Em período homólogo ao do ano passado morreram mais 4 mil pessoas em 2020 do que em 2019. Mas, não só. O quadro que mais abaixo publicamos é bem significativo do programa assassino protagonizado pela esmagadora maioria dos governos europeus, incluindo Portugal.
Com uma deriva preocupante, um caos sanitário previsível, devido ao sub-financiamento sistémico do Serviço Nacional de Saúde (SNS), uma Directora-Geral de Saúde absolutamente patética e uma Ministra da Saúde que se revela uma mentirosa compulsiva, outro quadro não se poderia esperar quanto ao que ficou por fazer:
• 51 mil cirurgias
• 400 mil episódios de urgência
• 540 mil consultas hospitalares
• 840 mil consultas de cuidados de Saúde Primários
• 990 consultas de enfermagem
• Menos 2500 tratamentos oncológicos
Certamente que um dia destes saberemos com maior rigor o que é que tudo isto representou, por um lado, em termos de “poupança” para o SNS e, por outro, quantos destes actos que deixaram de ter lugar no sector público, não foram “trasladados” para o sector privado. Para o sector de análises clínicas privadas tem sido uma autêntica festa!
Um estudo de origem francesa publicado no prestigiado British Medical Journal, referia:
“Em medicina: o confinamento não existe. Não existe em infecciologia, em epidemiologia ou em saúde pública. Além disso, é inédito na história da medicina e da humanidade! É, portanto, necessário voltar à razão e praticar a medicina do século XXI. […] ”
Não existe nenhuma evidência científica de que, quer na China, quer em qualquer outro país do mundo onde se tenha decidido impor repressivamente o “confinamento policial mortífero”, que ocorresse um “achatamento” da curva da epidémica. Muito pelo contrário, ao que assistimos é a um crescendo de:
• patologias psiquiátricas.
• Paralisia do percurso escolar dos alunos e estudantes para a universidade.
• Impactos negativos e perigos para os animais.
• Negligência de outras doenças (especialmente doenças crónicas) e aumento da sua mortalidade.
• Aumento da violência doméstica.
• Perdas económicas, desemprego e grande crise económica: isso também interromperá o fluxo de financiamento necessário para equipar os hospitais. Além disso, poucas pessoas sabem que a crise económica de 2007-2008 resultou no suicídio de pelo menos 13.000 pessoas somente na Europa e na América do Norte.
• Sérias consequências para a agricultura.
• Desestabilização dos países e da paz social e risco de guerra.
E, conclui o supracitado estudo:
“Depois de ter exposto todos os perigos do confinamento, fica claro que a relação benefício-riscos é extrema e perigosamente desfavorável, especialmente porque os benefícios do confinamento não são absolutamente baseados em evidências e chegam perto do 0! [...]”
Os países do mundo que adoptaram de forma cega e acrítica as medidas desproporcionais recomendadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS), preferindo impor a estratégia do medo – que foi secundada por toda a comunicação social a soldo do grande capital –, confinando as suas populações, estão a incorrer numa das maiores patifarias da história contemporânea.
Estão a sonegar às populações a quem impõem, recorrendo à repressão, o desemprego, a precariedade, a fome e a miséria, informação vital sobre o real contexto desta crise pandémica. O de que, como refere o British Medical Journal, a cada ano:
• o vírus da gripe infecta 1 bilião de pessoas em todo o mundo e mata 650.000,
• a tuberculose, que está entre as dez principais causas de morte no mundo e é muito mais contagiosa (um paciente não tratado pode infectar 10 a 15 pessoas), causa 10,4 milhões de casos e mata 1,8 milhão de pessoas.
Não nos cansaremos de denunciar esta política assassina. Tanto mais que – e são as próprias “autoridades sanitárias” a reconhecê-lo –, não estamos verdadeiramente, nem nunca estivemos numa crise sanitária. E isto porque o conjunto do sistema hospitalar dos países – incluindo o caso de Portugal – nunca chegou a estar próximo, sequer, de uma insustentável sobrecarga.
É precisamente por isto tudo que sempre estivemos e estaremos contra o “estado de emergência”, a política de confinamento policial mortífero, as ameaças de “abrandamento” ou suspensão das medidas de “desconfinamento”, qualquer acto de repressão que vise punir populações, quer através de acções “musculadas” da polícia e das forças de “segurança” em geral, quer pela aplicação de sanções pecuniárias que ainda agravam de forma mais insustentável a vida do povo.
24Jun2020
LJ