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PAÍS

O Logro climático

Um pouco por todo o mundo, ao mesmo tempo que o grande capital promovia a euforia paranóica do black Friday (6ª feira negra), registavam-se procissões e manifestações, enquadradas numa “greve climática” juvenil, para que o poder burguês sentisse o pulsar da contestação dos jovens estudantes contra aquilo que convencionaram classificar de “crise climática”.

Apesar da sua generosidade, empenho e disponibilidade para se envolverem numa luta contra a poluição, o logro em que, quer o sistema capitalista, quer aqueles que , afirmando-se de esquerda, verde ou não, ecologista da undécima hora ou militante anti-poluição, os querem arrastar assenta numa manobra manipulatória de apontar a estes jovens o alvo errado para as suas lutas.

Permitir que este logro prossiga é um crime ao qual os comunistas se devem firmemente opor. Aliás, devem desde já responsabilizar-se por fazer os jovens operários, trabalhadores e estudantes, compreender que não se pode entregar àqueles que, por causa da ganância do lucro e da sacrossanta propriedade burguesa e capitalista, são os responsáveis pela poluição, a solução para o erradicar da mesma.

Há que fazê-los compreender que, tal como se não entrega a vigilância do galinheiro à raposa, não se pode exigir aos detentores do capital algo que são precisamente eles e o seu modo de produção a provocar – a poluição! Há mais de um século Marx afirmava que o capitalismo e o seu modo de produção levavam a um esgotamento sistemático de todos os recursos da terra, para além de submeter operários e trabalhadores a uma autêntica escravatura assalariada.

Veja-se como toda a comunicação social se empenha em criar a ideia de que os responsáveis pela poluição somos “todos nós”, porque não respeitamos procedimentos e cautelas anti-poluição. Essa manobra chega ao ponto de tratar a questão como geracional, querendo fazer crer que os mais velhos são desleixados, enquanto os mais novos são ecologicamente conscientes e empenhados.

Mais grave, ainda, é quererem fazer crer que os mais velhos deixam um planeta em risco de colapso ambiental que terão de ser eles, os mais novos, a recuperar. Escamoteando, uma vez mais, que é ao modo de produção capitalista e ao esgotamento de recursos a que obriga, que não têm idade, sexo, cor, religião ou nacionalidade, que se deve assacar toda a responsabilidade. A sua consigna, a sua religião, foi e será sempre, até que seja destruído o modo de produção capitalista, o da prossecução a todo o custo do lucro!


Os capitalistas e os meios de comunicação social que servem os seus interesses de classe sempre tentaram transferir a responsabilidade da poluição causada pelos produtos e processos de fabrico que eles próprios determinam, dirigem e de que beneficiam para quem os consome, criando, entre outras vias, um clima de divisão entre os que cumprem procedimentos “ambientalmente correctos” no processo de consumo – como se eles bastassem para resolver o problema da poluição – e aqueles que não os cumprem.

O consumismo desbragado – que as black Friday apenas sublinham –, a irracionalidade de um modo de produção que assenta no egoísmo, na ganância e no desperdício é que são os únicos responsáveis pela poluição generalizada com que a humanidade actualmente se confronta.

O histerismo eco-climático a que se assiste serve, apenas e tão só, para desviar a energia, a inteligência e a disponibilidade para a luta destes jovens para becos sem saída que acabam por os levar a focar-se no alvo errado e, no limite, a desmobilizar – esgotados pelas constantes frustrações - de qualquer luta contra o sistema que os explora a eles, aos seus pais e à humanidade, sujeita a uma autêntica escravatura assalariada.

30NOV19                                                                                                                                                         LJ

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