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INTERNACIONAL

As eleições na Venezuela

As verdadeiras razões da oposição

As eleições para escolha do Presidente da Venezuela – República Bolivariana da Venezuela – tiveram lugar no dia 28 de julho passado, cinco anos e meio depois da tentativa do golpe de Juan Guaidó (23 de Janeiro de 2019), que se autoproclamou presidente interino da Venezuela. Este golpe palaciano foi organizado e apoiado pelos Estados Unidos e contou com a concordância de todos os seus aliados com destaque para a União Europeia. O presidente da República portuguesa e o governo de António Costa, na altura, tal como o de hoje, cumpriram servilmente o seu papel de apoio ao capitalismo americano e europeu sem se preocuparem com as consequências de tal posição para a comunidade portuguesa na Venezuela. Juan Guiadó acabou por ter de fugir para os Estados Unidos e perdeu definitivamente as ilusões de se poder candidatar fisicamente a estas eleições (2024), quando, ao tentar participar, sem ter sido convidado, em abril de 2023, na Cimeira Internacional sobre a Venezuela, que se realizou na Colômbia, e da qual foi expulso pelo presidente da Colômbia.

Às eleições de 28 e Julho apresentaram-se, para além de Nicolás Maduro, 9 candidatos, dos quais destacamos a figura de Edmundo González Urrita que deu a cara por Maria Corina Machado, a verdadeira candidata da oposição a que pertence Guaidó e apoiada, naturalmente, pelos Estados Unidos e União Europeia. Aliás, é de toda a importância recordar que Guaidó e também Corina Machado, em 2019 chegaram a pedir a entrada de forças americanas na Venezuela para chegarem ao poder!! Chamaram-lhe ajuda para o “planeamento estratégico e operacional” (…) para derrubar o regime de Nicolás Maduro. Parece-nos que isto diz tudo sobre as verdadeiras intenções e lutas destes candidatos, desesperados por chegar ao poder.

Neste processo de tomada do poder, os EU, para além dos seus apoiantes usuais, contam ainda com o braço do poder comunicacional, fazedor das opiniões que lhes interessam, ocultando todas as outras, incluindo as que se passam nos Estados Unidos, como aconteceu na passada sexta-feira, dia 8 de Agosto, junto do jornal New York Times.

Relativamente, a estas eleições, o PCTP/MRPP considera que a Venezuela é um país soberano e, como tal, esse é um assunto a resolver pelo povo venezuelano, sem intromissões e agressões externas.

As tentativas feitas pelos Estados Unidos para dominar a Venezuela têm sido sistemáticas, repressivas e de grande violência para o com o povo venezuelano. Depois do início da guerra da Ucrânia esse interesse tornou-se mais evidente e vital e, apesar das sanções económicas impostas à Venezuela, os EU foram obrigados a proceder a alterações nas licenças associadas às sanções e a Venezuela tornou-se no 6.º país em importações de petróleo, mas, de forma prepotente, impuseram, ao mesmo tempo, que empresas estrangeiras que pretendam negociar petróleo com a petroleira venezuelana PDVSA terão de ter a permissão da Agência de Controle de Activos Estrangeiros do Departamento do Tesouro dos EU. Com que direito se apropria os Estados Unidos das riquezas da Venezuela (a Venezuela possui as maiores reservas de petróleo do mundo)? A isto chama-se democracia? Ou é roubo, repressão e destruição da economia de um país para o vergar?

Aliás são os próprios EU que em 2018, na sequência das sanções de 2017, incluindo medicamentos, à Venezuela que referem: “É uma tragédia, mas o nosso objectivo justifica esta severa punição”. Claro os objectivos justificam os meios. A asfixia financeira acelera a submissão de um povo.


Depois das sanções impostas em 2017, decretam, em 2019, após a derrota de Guaidó, mais sanções: embargo contra a petrolífera pública – PDVSA – Petróleos da Venezuela SA e todas as suas filiais e congelamento de todos os bens venezuelanos no estrangeiro no valor de 7 mil milhões de dólares, assim como processos judiciais contra todas as empresas que fizessem negócios com a Venezuela, o que tem como consequência imediata o afastamento e falta de acesso aos mercados financeiros internacionais.

Numa situação de falência económica, o governo venezuelano apresenta, em 2020, no parlamento a Lei antibloqueio com o objectivo de flexibilizar a economia venezuelana, permitindo a entrada de capitais privados e estabelecendo relações comerciais, acordos por determinados períodos de tempo, com outros países como a China, a Rússia e o Irão. É a situação internacional que altera a geopolítica e a geoeconomia.

Verificou-se uma pequena retoma económica em 2022, mas as desigualdades sociais aprofundaram-se, com uma classe com grande poder de compra correspondente a um sexto da população a enriquecer, enquanto o povo venezuelano vive em situação de grandes dificuldades.

Contudo, cabe ao povo venezuelano organizar-se, sabendo que se quiser continuar a lutar pela sua independência necessita de um programa verdadeiramente revolucionário, em defesa de uma economia nacional e uma coligação das forças verdadeiramente revolucionárias. E este é apenas um primeiro passo. Mas o corajoso povo venezuelano já ganhou uma grande experiência neste campo.

O PCTP/MRPP sempre apresentou de forma clara a sua posição quanto à ideologia e ao regime chavista, como um movimento popular, democrático e patriótico que luta encarniçadamente contra o imperialismo americano. Contudo, nem Chaves, com a revolução boliviana, nem Maduro, que diz continuar a seguir esse movimento, podem ser chamados de comunistas e o socialismo que dizem defender não tem a ver com o socialismo que os operários comunistas almejam, mas a sua luta anti-imperialista e pela sua independência e soberania insere-se na luta por uma sociedade de iguais.

É ao povo venezuelano que cabe a defesa da Venezuela, sem ingerências e intromissões de poderes exteriores com intenções neocolonizadoras e de exploração dos seus recursos.
 
A classe operária e o povo português estão ao lado dos operários e do povo da Venezuela!

Não à guerra civil que os imperialistas americanos e europeus preparam contra a Venezuela!

Proletários de Todo o Mundo, Uni-vos!

Avancemos no caminho da Quinta Internacional!

pctpmrpp

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