INTERNACIONAL
Alto ao genocídio na Faixa de Gaza!
Passaram 35 dias sobre o ataque do Hamas a Israel, no dia 7 de outubro, a que se seguiu uma intervenção que tem como único objectivo arrasar, aniquilar e fazer desaparecer do mapa toda a população palestiniana. Se assim não fosse, como justificar os mortos na Cisjordânia, onde palestinianos continuam a ser assassinados e onde governa a Autoridade Palestiniana que até aceitou integrar, no acordo de Oslo”, a “coordenação de segurança” conjuntamente com Israel?
Na Faixa de Gaza, 12 mil civis indefesos, encurralados, à mercê dos ataques israelitas foram literalmente assassinados com a concordância do imperialismo ianque e de todos os seus aliados, incluindo o Estado português – que, desde o primeiro momento, incitaram e clamaram pela intervenção de Israel, chamando-lhe legítima.
Este conflito, cujo início remonta à destruição do império Otomano, no final da Primeira Guerra Mundial, embora com raízes ainda anteriores, agravou-se em 1947, apesar de se aprovar uma resolução (n.º 181) que apelava à divisão da Palestina em dois Estados: o Estado judaico e o Estado árabe, o que, como sabemos, ainda continua por concretizar, no que respeita a este último. O Estado de Israel foi criado a 15 de maio de 1948. A partir daqui, foi a colonização violenta, arbitrária e repressiva do território pelos sionistas israelitas. Nada que não tenha acontecido na colonização da América, relativamente aos povos nativos! Se há traço comum nos tão argumentados “valores” do Ocidente e Israel, é este!
Nos 75 anos que se seguiram, até hoje, nunca houve um dia de paz/liberdade naquele território. As tentativas de acordo baseadas na ideia dos dois Estados falharam sempre, porque Israel nunca teve qualquer intenção de pôr cobro a ocupação militar ou a política de colonatos do que resta da Palestina. Nem nunca aceitou a possibilidade da soberania palestiniana. Todos os acordos estabelecidos não foram mais do que estratagemas para alargar o seu domínio, nomeadamente em 1993, quando os representantes da parte palestiniana cometeram o maior erro ao reconhecer o Estado de Israel, o Estado que os tinha colonizado, sem alcançar a libertação e continuando a ficar nas mãos dos seus opressores, sem exigir que Israel reconhecesse o Estado palestiniano. Em todos os acordos, incluindo os de Oslo, em que a OLP aceita colaborar com Israel na “ coordenação de segurança” Israel ficou sempre a controlar as terras, a água, as fronteiras, a liberdade de circulação, etc.
Mas hoje, passados estes anos, conhecendo a história, todos os que apoiam a acção de Israel devem ser acusados de crimes de guerra. Todos têm nas suas mãos o sangue de civis e crianças; cerca de 5 mil crianças já foram assassinadas da forma mais bárbara. A limpeza étnica também se faz matando crianças!
E nem Macron pode lavar as mãos! Quando acossado no seu país, numa volta de 180 graus, decide agora dizer que Israel comete crimes de Guerra!! Era isto o que pensava, quando proibiu as manifestações pró-palestina em França?
A hipocrisia, que é mais do que a venda de consciências e, naturalmente, tem sempre por base os interesses económicos e expansionistas do imperialismo, recuando, na proposta imediata de terminar com a ajuda financeira, como a forma mais rápida de acabar com os palestinianos, como foi o caso da UE, assistimos agora à oferta de alguns milhares de euros aos palestinianos, incluindo Portugal que vai contribuir com 10 milhões de euros. Resta saber quem os recebe, com a certeza de que a exigência deve ser a retirada imediata de Israel da Faixa de Gaza.
Líderes árabes acusam Israel de Crimes de Guerra e exigem a sua saída da Faixa de Gaza
Neste fim de semana, perante os crimes de guerra perpetrados por Israel, os quais já não se podem ocultar, nem justificar, não obstante todas as hipocrisias e lágrimas de crocodilo, e, também perante o mais que provável alargamento do conflito, os Estados da Liga Árabe assim como a Organização para a Cooperação Islâmica (OCI) reuniram-se em Riad, na Arábia Saudita, que não reconhece Israel, com a presença do presidente do Irão, entre outros. Nestas reuniões estarão envolvidos cerca de 57 países de maioria muçulmana da Ásia a África. Recorde-se que o Irão e a Arábia Saudita voltaram a estabelecer relações em Março deste ano, com a mediação da China.
No final da reunião de ontem, sábado, 11 de novembro o comunicado emitido pela Liga árabe acusa não só Israel de crime de guerra e exige o fim imediato das operações militares na Faixa de Gaza como apela aos países islâmicos para imporem sanções de petróleo e outros bens a Israel.
É claro que a renovação da unidade dos países árabes, no que concerne à causa palestiniana, joga também com as novas alianças formadas com vista a uma reorganização do imperialismo, a que se chama a nova ordem mundial, e que põem claramente em causa os acordos de Abraão, iniciados com Trump, que visavam a normalização das relações dos estados árabes com Israel, a principal porta dos EUA no Médio Oriente, a qual não podem deixar fechar.
A tensão no Oriente Médio avoluma-se na proporção directa da continuidade do ataque de Israel, na Faixa de Gaza. Por seu lado, a situação de Netanyahu deteriora-se a cada dia que passa, não só pelos efeitos de contestação que esta guerra tem nos países dos seus aliados, como também pela dificuldades de contestação interna que nitidamente tem e que seguramente já tinha a nível do exército e dos serviços de informação, situação que não foi alheia ao sucesso da acção do Hamas.
E como estamos a ver, ainda que Israel tenha o apoio dos Estados Unidos (Israel continua em Gaza porque, na verdade, Biden não se opõe) e apesar da sua hegemonia nuclear, que já ameaçou utilizar, o seu domínio não é incontestado.
É tudo isto que os vai levar à derrota!