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INTERNACIONAL

O imperialismo americano e europeu perdem apoios em África

Na preparação da terceira guerra mundial, os alinhamentos e alianças sucedem-se. E tudo se move e é instável.

Desde que a guerra inter-imperialista na Ucrânia ”aqueceu” em Fevereiro de 2022, que o apoio explícito do continente africano é disputado pelas potências em confronto (EUA por um lado e Rússia e China pelo outro), primeiramente em votações na ONU com fracasso para ambas as partes, especialmente para o imperialismo americano e consortes que não conseguiu apoio que pretendia às suas posições agressivas, mas também para a Rússia na medida em que apenas obteve dos representantes da maioria da população mundial a abstenção. Perante este fracasso evidente que nem os anúncios repetitivos de “vitória” pela imprensa vendida das duas partes conseguiram esconder, a opção foi passarem a propor comunicados finais com condenações claras da outra parte, em todos os fóruns internacionais que organizaram, na suposição de que, em ambientes mais limitados e interesses mais alinháveis, a coerção teria maior êxito. Até o "nosso" primeiro, sabujo dos ianques, andou por África nessa “missão”! Mas não, nada de concludente foi aprovado nesses fóruns.

Esta tentativa de atrair para as respectivas áreas de influência, os novos Estados que se formaram na descolonização (anos 60), durante a Guerra Fria, com influências dos blocos imperialistas (há que referir que as fronteiras destes Estados são herdadas do colonialismo e, precisamente por isso, são artificiais e um factor de instabilidade) não obteve grandes resultados, uma vez que apesar de todos eles se terem convertido em Estados capitalistas, sob regimes constitucionais mais ou menos multipartidários e quase sempre com as suas farsas eleitorais montadas e rédea curta conduzida pelo ocidente a partir do controlo económico produzido pelo FMI e pelo Banco Mundial, mantiveram ou criaram posições não alinhadas.

E, na verdade, foi essa condição que levou às posições que tomaram nas presenças e votações na ONU em 2022, no que se refere às tomadas de posições sobre a guerra por procuração na Ucrânia.

Importa, contudo, salientar que estes Estados mantiveram e ainda mantêm ligações com as potências coloniais, nomeadamente com a França e a sua política neocolonialista de "Françafrique" ou "África francesa" que continua a explorar/roubar os recursos naturais e a força de trabalho destes países, ficando a maioria deles dependentes dessas potências e de instituições financeiras internacionais. Por outro lado, estes países também acabam por entregar os seus ricos e estratégicos recursos em troca de protecção militar contra golpes de Estado e ataques de forças exteriores. E este aspecto tem-se tornado cada vez mais sistemático com a entrada em campo de exércitos privados, que enriquecem à sua custa.

É neste contexto que, nos últimos tempos, a França foi obrigada a sair de alguns destes países da África Ocidental e Central como aconteceu no Mali (Fevereiro de 2022), República Centro-Africana (Dezembro de 2022), Burkina-Faso (Janeiro-Agosto e 2023), já que a sua “ajuda” falhou.

Os três últimos golpes de Estado no Sahel africano: Sudão (Abril de 2023), Níger (Julho de 2023) e Gabão (Agosto de 2023), seguem um modelo idêntico, ou seja, são efectivamente golpes de Estado perpetrados por militares ligados ao poder, mais precisamente, por militares da Guarda do Exército, da Guarda presidencial ou por forças paramilitares destes países e que mais não são do que alterações nas oligarquias no poder e não nos modelos dos regimes políticos.

Apesar de não existir qualquer participação do povo e de outras camadas da população, estes golpes têm recebido o apoio do descontentamento das populações, sobretudo da juventude, em crescimento constantemente, e que não vê nos eleitos a efectivação das suas expectativas, nomeadamente no que se refere à oferta de empregos, ao mesmo tempo que assiste a altos níveis de corrupção e aos privilégios das elites no poder, manifestando simultaneamente, revolta e oposição ao domínio político, económico e militar do seu país pela França e um sentimento anti-ocidental.

Esta situação aconteceu no Níger, rico em ouro e urânio e também no Gabão (nome dado pelos portugueses a este país no séc. XV), rico em petróleo e manganês e onde a família Bongo se mantinha no poder há 55 anos, alterando a Constituição para se manter mais um mandato e recorrendo a fraudes eleitorais, como tudo indica. Quanto tempo vão estas forças ficar no poder não se sabe, mas todas constituíram Comités de transição.

A criação da CEDEAO tinha como uma das funções a regularização destes conflitos. Contudo, dado as medidas que toma é vista como "um clube de presidentes em exercício na tentativa de forçar líderes golpistas a restaurarem um governo civil eleito". No caso do golpe do Níger, o que parece ser mais importante para o Ocidente, a CEDEAO publicou um ultimato, em que exige a devolução do poder ao presidente eleito, ameaçando enviar um contingente militar unificado para o país.

Se é o movimento que gera a consciência, e sendo certo que não estamos perante um movimento revolucionário desencadeado pelo proletariado, mas de uma mera substituição do poder, nada ficará igual ao que era.

Estas alterações no xadrez geopolítico e geoestratégico têm certamente reflexo na reorganização do imperialismo e na luta desesperada pela continuidade dos Estados Unidos como hiperpotência ou pela entrada da China como nova hiperpotência.

pctpmrpp

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