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INTERNACIONAL

Preparando a guerra

Trump manda assassinar general iraniano

O imperialismo americano, sempre com base na sua versão da “soberania limitada” – que, sempre em busca de “melhores” soluções, copiou de Brejnev –, quando os seus interesses políticos, económicos e estratégicos são colocados em causa, recorrem a toda uma panóplia de agressões, assassinatos e guerras de ocupação e pilhagem.

IraoFoi o que aconteceu esta 6ª feira, dia 3 de Janeiro de 2020 quando, utilizando um drone comandado remotamente, fez disparar misseis contra uma coluna de veículos, nas cercanias do aeroporto de Bagdade, assassinando sete pessoas, entre as quais um oficial de alta patente iraniano, o general Qasem Soleimani.

Não se tratou de um alvo escolhido ao acaso. Tratava-se do comandante da força de elite iraniana – Al Quds, da Guarda Revolucionária –, tido como o responsável por várias operações militares e para-militares fora da República Islâmica do Irão.

Era, portanto, um elemento chave da influência iraniana no Médio Oriente, que havia conseguido com as suas acções um reforço do peso diplomático de Teerão no Iraque e na Síria, colocando em causa vários interesses estratégicos do imperialismo americano quer ao nível político, quer ao nível económico ou militar.

A acusação de que este assassinato se ficava a dever ao facto de o Irão ser responsável pela “exportação” da revolução islâmica visa escamotear a emergência de uma nova relação de forças no Médio Oriente, onde uma potência regional como a Rússia, associada a uma superpotência como a China, têm vindo a ganhar crescente influência e poderio, quer a nível economócio, quer militar, quer geoestratégico, contando para tal com um aliado de peso como o Irão.

Os imperialistas americanos assassinaram o general Qassem Soleimani, por um lado, porque reconheciam nele um líder que sabia onde, quando e como actuar sempre que surgia uma situação política considerada por Teerão contrária aos interesses do Irão.

Por outro lado, e essa é a verdadeira razão que impulsionou este assassinato, foi a intenção de enviar uma mensagem à China e à Rússia, para quem as acções político-militares de Teerão são essenciais para a consolidação do campo imperialista asiático, rival do imperialismo americano e seus aliados.

O assassino Trump, e os interesses imperialistas americanos que representa, está cada vez mais consciente de que Rússia e China pretendem protagonizar um papel dominante no Médio Oriente. E que, para o conseguir, têm uma enorme necessidade de contar com o  Irão como aliado.

As políticas profundamente estúpidas – de que o assassinato de hoje é um episódio mais – dos EUA no Médio Oriente, estão a transformar o Irão numa super-potência regional que começa a ofuscar Israel e a Arábia Saudita. E, portanto, o desespero fala mais alto. Como de costume. Qualquer acto de força do imperialismo americano esconde a profunda fraqueza em que assenta a sua estratégia dominadora.

Se é certo que ninguém é inocente nesta feroz competição para conquistar mercados, não menos certo é que, sob modo de produção capitalista, a conquista dos mercados é um imperativo de sobrevivência.

O assassinato deste general iraniano é, pois, mais um episódio nesta guerra larvar entre as diferentes potências imperialistas – regionais e superpotências – pela conquista desses mercados para assegurar, por um lado, saque de matérias-primas e, por outro, escoamento de mercadorias.

No estágio supremo do capitalismo, o imperialismo, todo o capital está em competição, interconectado, e as alternativas são claras : ou o proletariado mundial corta com esse nó górdio ou a humanidade é destruída numa guerra nuclear global pelo sistema e pelo modo de produção capitalista.

03JAN2020

LJ

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