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EDITORIAL

O Movimento Europeu dos Coletes Amarelos
Porque Não em Portugal Também?!

Arnaldo Matos

Corre hoje o quarto sábado consecutivo do Movimento dos Coletes Amarelos. Começou em Paris, como protesto da pequena-burguesia (classe média) contra a taxa do carbono, o agravamento do preço político da electricidade, do gás e dos combustíveis e outros impostos novos ou aumentados pelo governo do presidente francês Macron e do seu primeiro-ministro Eduardo Filipe.

Alargou-se rapidamente a toda a França, tomando a natureza de um movimento de protesto violento pela recuperação do poder de compra perdido pelas classes mais pobres e intermédias, contra o agravamento do sistema de impostos e a subida do preço dos combustíveis e provocando os primeiros mortos (5) e feridos (300), muitos destes últimos polícias.

O governo francês de Eduardo Filipe e de Macron cederam, suspendendo a entrada em vigor das novas onerações, numa primeira fase, e anulando-as pura e simplesmente, numa segunda fase, já que as massas, a despeito de obtidas as suas reivindicações imediatas, não cederam na sua luta protestatária.

Agora era o seu poder de compra que queriam ver não só restaurado como ampliado.

Hoje, no quarto sábado sucessivo do formidável protesto dos Coletes Amarelos - actuais sem-coletes com coletes… –, o governo e o presidente francês Macron puseram na rua 90.000 agentes da polícia, armados até aos dentes, e os primeiros carros blindados, contra um movimento de massas que maneja cada vez melhor a luta de rua e as barricadas.

E o Movimento dos Coletes Amarelos estendeu-se a toda a França, mas apareceu também, pela primeira vez, em Bruxelas (Bélgica), Tarragona, Navarra (Espanha) e Itália.

Movimento sempre das classes mais pobres, mas também das classes médias, sem lideranças partidárias, ou com os partidos ausentes da cena e com lideranças quase desconhecidas. O nome de Movimento dos Coletes Amarelos terá sido posto por um português, na sua conta de facebook.

Contudo, o Movimento já Europeu dos Coletes Amarelos não chegou ainda a Portugal. Porquê?!

À primeira vista, as condições objectivas da situação dos operários, das classes mais pobres de trabalhadores e da baixa pequena-burguesia é pior em Portugal do que em qualquer dos outros países onde o Movimento dos Coletes Amarelos já iniciou o seu combate por melhores condições de vida e de trabalho, nomeadamente na União Europeia.

Os funcionários públicos, professores, enfermeiros e médicos do Serviço Nacional de Saúde não conheceram aumentos salariais nos últimos dez anos.

O salário mínimo nacional é de 580 euros mensais, uma esmola mais do que um salário. A esmagadora maioria dos operários e demais trabalhadores são precários, sem nenhum direito a não ser o de receber o salário, mas, mesmo assim, muitas vezes sem ser pago.

Não se poderá nunca acusá-los, todavia, de falta de capacidade de luta contra as condições de miséria de que são vítimas. Todos lutam denodadamente, procurando vencer o estado de pobreza em que sobrevivem. Sim, porque em Portugal, mesmo os operários e operárias com trabalho e salário são gente pobre, com um salário abaixo do grau de sobrevivência e de subsistência indispensáveis.

Mas lutam, e querem lutar!

No último ano, quase todos os sectores de actividade fizeram ou estão a fazer greve: estivadores; ferroviários; trabalhadores dos transportes marítimos e rodoviários; funcionários judiciais; magistrados do Ministério Público; juízes; guardas prisionais; oficiais de justiça; enfermeiros, médicos, professores, taxistas, funcionários públicos, polícia judiciária, técnicos de diagnóstico, pessoal auxiliar dos hospitais, etc., etc., etc.

Ou seja: quase todos os sectores estiveram em greve por melhores condições de trabalho e melhores salários e contra a precariedade.
Há pois em Portugal as mesmas classes sociais que estão em luta no Movimento Europeu dos Coletes Amarelos, com a agravante de que os seus salários e vencimentos são manifestamente inferiores aos dos homólogos franceses, belgas, espanhóis e italianos.

O que diferencia a situação do Movimento Europeu dos Coletes Amarelos do movimento das massas portuguesas está na coligação de traição que o PCP, o Bloco e os Verdes fizeram e fazem com o partido minoritário do PS para manter o actual figurino governamental, enforcando os interesses do proletariado e da classe média.

Aos partidos social-fascistas traidores (PCP de Jerónimo de Sousa, Bloco de Catarina Martins e Verdes de Apolónia), juntam-se as duas centrais sindicais – a CGTP-IN e a UGT -, as quais venderam ao PS e ao primeiro-ministro António Costa os salários e os direitos dos operários, dos trabalhadores e das classes médias.

O governo do PS, aliado aos traidores da classe operária, consegue manter e agravar todos os anos o estado das classes sociais trabalhadoras e das classes pequeno-burguesas.

É pois por terem à sua frente, em certos sectores de actividade e em certos sindicatos, traidores como o PCP, a Intersindical e a UGT que o movimento português está ser impedido de alcançar o fulgor e o sucesso do Movimento Europeu dos Coletes Amarelos.

Em Portugal, como se viu muito recentemente, o governo, com o apoio do PS, do PCP, do Bloco, da Intersindical e da UGT, destacou contra os estivadores do Porto de Setúbal em greve o Corpo da Polícia de Choque, que atacou os grevistas e protegeu os fura-greves no embarque de carga automóvel dos alemães da Autoeuropa.

Por isso, apelo aos operários e trabalhadores portugueses: unam-se como um só homem; unifiquem a vossa luta sob uma direcção única; desfiram golpes unidos contra o governo reaccionário de António Costa. A Inter e a UGT, Arménio Carlos e Carlos Silva, são, na actualidade e enquanto lamberem o cu ao PS, os vossos inimigos.

Unamo-nos, como os trabalhadores franceses se uniram, e seremos vencedores. Contem com o nosso Partido, o PCTP/MRPP, que nunca vos traiu nem vos atraiçoará!

Todos os sectores acima descritos e que têm conduzindo isolados fortes movimentos de luta, nomeadamente grevistas, nestes últimos anos, não devem esperar por traidores como o PCP, o Bloco, os Verdes, a Inter e a UGT. Esses traidores venderam os vossos interesses ao governo reaccionário de António Costa e do PS.

Escolham em cada luta um representante e formem com eles um comité de direcção de todos os sectores em luta. Só assim lançarão o necessário movimento de luta, de unidade e vitória nas vossas reivindicações pela semana das 35 horas, por melhores salários e por contratos colectivos de trabalho, contra a precariedade.

Unidos, Venceremos!

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Dar Voz a Quem Não Tem Voz

Oeste

Um exemplo de liquidação do SNS

Recebemos de um nosso leitor a carta que expressa a preocupação quanto ao previsível encerramento do hospital de Torres  Vedras e que, abaixo, transcrevemos na íntegra 

Exmos Srs,

Meu nome é Patrick Francisco, tenho 46 anos, e sou residente em Torres Vedras.

Tomei a liberdade de deixar aqui uma reflexão sobre uma questão fundamental para os cuidados de saúde na Região Oeste de Portugal.

Um dos temas que tem suscitado grande preocupação entre os torrienses e em toda a Região Oeste, está relacionado com o acesso aos serviços hospitalares. Até agora, a Região Oeste tem sido servida por 3 Hospitais, nomeadamente em Torres Vedras, Caldas da Rainha e Peniche.

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