EDITORIAL
Incêndios Florestais:
Rua com os Peritos Espanhóis!
Arnaldo Matos
A recém-criada Agência de Gestão Integrada de Fogos Rurais (AGIF), proveniente de uma proposta da Comissão Independente que estudou os fogos florestais do ano passado, tem como presidente Tiago de Oliveira, nomeado há poucos dias pelo chefe do governa.
Tiago de Oliveira é um engenheiro florestal, homem-de-mão do Grupo Navigator, ex-Portucel-Soporcel, ou seja, lacaio do empório das florestas de eucalipto, a mais do que um título responsável principal pelos incêndios florestais que estão a matar centenas de portuguesas e portugueses.
Mesmo que o governo de António Costa fosse um comité de capitalistas primários, ninguém veria nunca com bons olhos que fosse buscar um proto-incendiário da Portucel/Soporcel para dirigir o combate aos fogos florestais e aos incêndios rurais daí resultantes.
A escolha por António Costa de um sujeito como Tiago de Oliveira para presidir à AGIF constitui uma autêntica provocação aos cidadãos e cidadãs inocentes assassinados nos incêndios florestais dos anos transactos e aos portugueses e portuguesas que denodadamente os combateram.
Costa entregou à raposa a chave do galinheiro.
As empresas de celulose e seus lacaios estão na origem e são a causa das tragédias dos fogos florestais em Portugal e não podem nem devem ser investidos, directamente ou por interpostas pessoas, nos cargos e funções de prevenção e de combate a essas tragédias.
A nomeação de um lacaio da Portucel/Soporcel para a direcção da Agência de Gestão Integrada de Fogos Rurais é, só por si, uma provocação intolerável e inadmissível, tanto mais que vem retirar poder à autoridade nacional de protecção civil (ANPC), à qual, nos termos da Constituição e demais leis da República, cabe as tarefas, agora transferidas – indirectamente, é certo - para o Grupo Navigator, o mesmo é dizer, para a base incendiária dos fogos florestais – -Portucel e Soporcel.
Por seu turno, a criação da Agência de Gestão Integrada de Fogos Rurais é uma manobra que visa arredar do governo de António Costa e seus ministros do ambiente e da agricultura a responsabilidade política e criminal pelas mortes e prejuízos ocorridos no ano passado, endossando essa responsabilidade não ao governo, ao seu chefe e aos seus ministros, mas às entidades encarregadas da luta pela prevenção e combate aos incêndios florestais, entidades a que o governo nunca facultou os meios e os recursos indispensáveis à vitória nessa guerra.
Ou mais clara e directamente: a criação da AGIF não passa de uma manobra destinada a imputar aos Bombeiros e à Protecção Civil, totalmente privados dos necessários meios e recursos, a responsabilidade política e penal pelo homicídio de mais de uma centena de cidadãos indefesos, abandonados à sua sorte pela incúria criminosa do governo de António Costa.
E oxalá este ano não venha acontecer a mesma coisa, pois o criminoso governo de António Costa, Capoula Santos e Centeno ainda não dotaram o País dos meios necessários para firmemente obstar à repetição da tragédia.
A ver vamos!
Acontece todavia que a primeira medida de estrondo de Tiago de Oliveira, na qualidade de presidente da AGIF, consistiu em contratar três peritos espanhóis para virem ensinar os portugueses a combater- a gerir, como agora dizem os tecnocratas, lacaios das celuloses, nesta matéria - os incêndios rurais.
Peritos espanhóis na gestão de incêndios rurais? E porquê peritos espanhóis? Onde é que o homem-de-mão do Grupo Navigator foi desencantar esses três peritos? A verdade é que não há em Espanha um único perito espanhol mais competente do que os peritos portugueses na prevenção e no combate aos incêndios florestais- e não rurais, pois a troca de adjectivos não é inocente, já que visa isentar de responsabilidades os grandes proprietários das florestas, como o Estado e o Grupo Navigator.
Porquê então humilhar, como o pretende fazer o lacaio da Portucel/Soporcel, os bombeiros, engenheiros e militares portugueses, os heróis e heroínas do nosso mundo rural, submetendo-os ao vexame de ensinamentos importados de Espanha, quando os temos cá e melhores?
Porque insultar os homens e mulheres da Autoridade Nacional de Protecção Civil, que sabem muito bem, como aliás sempre souberam, cumprir as suas tarefas e que não precisam das pretensas lições de espanhóis para nada.
Pois perguntem aos nossos irmãos Galegos e ao povo da Estremadura espanhola, onde os nossos bombeiros e as nossas autoridades de protecção civil têm acudido em incêndios florestais e rurais, e que nunca esconderam que preferem o conhecimento dos portugueses ao dos recém-inventados peritos espanhóis no combate aos incêndios florestais.
Impõe-se, portanto, e sem demora ao governo de António Costa o seguinte:
- Assumir todas as responsabilidades políticas e criminais pelos incêndios florestais que devastaram o País e assassinaram mais de uma centena de cidadãos no ano transacto;
- Pagar às famílias enlutadas as indeminizações devidas;
- Destituir da presidência da Agência de Gestão Integrada de Fogos Rurais o lacaio do Grupo Navigator Tiago de Oliveira;
- Mudar o nome da Agência de Gestão Integrada de Fogos Rurais, para Agência de Prevenção e Combate aos Fogos Florestais (APCFF);
- Devolver à procedência os pretensos peritos Espanhóis.
Rua com o actual presidente da AGIF!
Fora com os peritos espanhóis!
4Mai18
Dar Voz a Quem Não Tem Voz
Oeste
Um exemplo de liquidação do SNS
Recebemos de um nosso leitor a carta que expressa a preocupação quanto ao previsível encerramento do hospital de Torres Vedras e que, abaixo, transcrevemos na íntegra
Exmos Srs,
Meu nome é Patrick Francisco, tenho 46 anos, e sou residente em Torres Vedras.
Tomei a liberdade de deixar aqui uma reflexão sobre uma questão fundamental para os cuidados de saúde na Região Oeste de Portugal.
Um dos temas que tem suscitado grande preocupação entre os torrienses e em toda a Região Oeste, está relacionado com o acesso aos serviços hospitalares. Até agora, a Região Oeste tem sido servida por 3 Hospitais, nomeadamente em Torres Vedras, Caldas da Rainha e Peniche.