EDITORIAL
CARTA PARA NINGUÉM
Sou poeta menor e já velho, Escrevo, escrita que me vem do ver, Maldita a vista Que me faz escrever. Olho em volta e o que vejo Um país de percevejo Políticos de vazios, Esgotos que são rios.
Entre poetas e amigos Prefiro os comunistas, Esses conhecem os caminhos do vermelho Da foice da seara, Das ferramentas do tempo Que atravessam a dor Como quem atravessa nuvens em busca de Sol Contra escárnios e mal dizeres.
Hoje adormeci com um búzio no ouvido Lado a lado com a mulher que sempre amei, Num sopro de vento Veio o dia e a morte.
* POST MORTEM Morrer de morte deitada é uma merda! Ergue-te! Vai ver o mar, deixa o búzio e a morte em casa, Desperta para a Revolução!
11Mai17 JOÃO CAMACHO |