EDITORIAL
Um Presidente e um Governo de Lacaios
Arnaldo Matos
Escrevi anteontem e mantenho ainda hoje na minha conta de tuíter a convicção profunda de que Marcelo Rebelo de Sousa, presidente da república, e António Costa, chefe do governo, não passavam de perros lacaios do governo fascista de Madrid, quando vieram publicamente rejeitar o reconhecimento internacional do novo Estado da Catalunha, declarado independente e republicano pelo parlamento catalão no passado sábado, às 14H27 de Lisboa.
Os órgãos supremos de um Estado que reconheceu a independência fantoche do Kosovo, apenas para humilhar a Sérvia, velho aliado da primeira guerra mundial, não reconheceram agora a independência da Catalunha, verdadeiro e autêntico Estado, aliado do povo Português na longa luta contra a Espanha opressora e ocupante, nos séculos XVI e XVII.
Marcelo e António Costa comportaram-se agora como o miserável Miguel de Vasconcelos se comportou no seu tempo, lambendo as botas a um Filipe, a quem beijou a mão e tratou por Sua Alteza Real.
Ainda não tinham passado dois dias sobre a minha nota no tuíter e já alguma imprensa portuguesa anunciava que “a posição do governo português sobre a Catalunha tinha sido ditada por Madrid”.
Com efeito, o governo fascista espanhol de Mariano Rajoy, com o apoio do Partido Popular da extrema-direita franquista e dos partidos ditos de esquerda – Partido Socialista Operário Espanhol e Partido dos Cidadãos, todos eles monárquicos assumidos, enviou ao governo português um formulário para que respondesse em determinados termos contra a independência da Catalunha, usando a mesma argumentação que pretendia justificar a intervenção de Madrid no novo estado republicano independente.
Na verdade, a nota do governo espanhol enviada ao governo português era – sabe--se agora – do seguinte teor:
“Enviaremos uma curta nota sobre a Declaração Unilateral de Independência que acaba de ser aprovada por ‘70 representantes do povo’ no parlamento regional catalão, numa votação secreta, sem a presença da oposição. Uma clara tomada de posição tão rápida quanto possível, seria muito bem-vinda e ajudaria muito. Aqui têm os pontos que pedimos que incluam num posicionamento curto e claro:
- 1.(Nome do País) não reconhece e não reconhecerá de nenhuma maneira a declaração unilateral e ilegal que se aprovou hoje no parlamento regional catalão.
- 2.Condenamos como violação flagrante do Estado de direito, da democracia e da Constituição espanhola, que é uma parte do marco legal europeu.
- 3.Temos confiança no governo espanhol e nas suas instituições democráticas para restaurar o Estado de direito e a ordem constitucional, para garantir as liberdades e os direitos de todos os cidadãos”.
Se os nossos leitores verificarem o conteúdo e forma do “Comunicado do governo português sobre a Declaração Unilateral da Independência” no parlamento da Catalunha, parecer-lhes-á com certeza que foi ditada pelo ministro dos negócios estrangeiros do governo de Madrid.
Com efeito, diz a nota do governo de António Costa:
“O governo português não reconhece a declaração unilateral de independência hoje anunciada no parlamento regional da Catalunha.
Portugal condena a quebra da ordem constitucional e o ataque ao Estado de direito em Espanha – parte integrante do quadro jurídico da União Europeia – que este acto configura.
O governo português confia que as instituições democráticas espanholas saberão restaurar o Estado de direito e a ordem constitucional, quadro natural de direito democrático, a fim de preservar os direitos e liberdades de todos os seus cidadãos e garantir que seja encontrada a melhor solução para preservar a unidade Espanhola”.
É intolerável que Portugal tenha como primeiro-ministro um cão-de-fila como António Costa, que se limita a copiar ditados dos ditadores fascistas espanhóis contra o povo da Catalunha.
No portal da Presidência da República na web, Marcelo escreve: “O Presidente da República, tal como o Governo, reafirma o respeito pela unidade do Estado Espanhol, incompatível com o reconhecimento da invocada declaração unilateral de independência da Catalunha, que, além de não respeitar a Constituição, não contribui para a salvaguarda do Estado de Direito Democrático e o regular funcionamento das instituições”.
E assim vai o nosso País, com dois lacaios dos espanhóis nos dois principais órgãos da soberania portuguesa: a presidência da república e governo.
Dois cães-de-fila que se limitam a reproduzir ditados dos neo-franquistas, inimigos declarados dos povos da Ibéria.
Como se vê, sob Marcelo e sob Costa, Portugal não é dirigido nem de Belém nem de São Bento, em Lisboa, mas do Palácio do Oriente e do Palácio de Moncloa, em Madrid. E por bilhetinhos ditados aos nossos actuais Miguéis de Vasconcelos, como o eram no tempo dos primeiros Filipes e da duquesa de Mântua.
Rua com esta canalha de vende-pátrias!
E viva o povo irmão da Catalunha!
Portugal não é espanhol e a Catalunha também já não o é.
Lacaios como Marcelo e Costa deviam falar ao povo português do grave contencioso que nos separa de Espanha: as águas dos rios peninsulares comuns, as pescas, o mar, os fundos marinhos continentais, as centrais nucleares e Olivença.
Os portugueses não querem lacaios de Espanha à frente da nossa soberania, das nossas instituições e das forças armadas do País.
Viva a Catalunha Independente!
30Out17
Dar Voz a Quem Não Tem Voz
Oeste
Um exemplo de liquidação do SNS
Recebemos de um nosso leitor a carta que expressa a preocupação quanto ao previsível encerramento do hospital de Torres Vedras e que, abaixo, transcrevemos na íntegra
Exmos Srs,
Meu nome é Patrick Francisco, tenho 46 anos, e sou residente em Torres Vedras.
Tomei a liberdade de deixar aqui uma reflexão sobre uma questão fundamental para os cuidados de saúde na Região Oeste de Portugal.
Um dos temas que tem suscitado grande preocupação entre os torrienses e em toda a Região Oeste, está relacionado com o acesso aos serviços hospitalares. Até agora, a Região Oeste tem sido servida por 3 Hospitais, nomeadamente em Torres Vedras, Caldas da Rainha e Peniche.