EDITORIAL
Os Comunistas Açorianos
E os Novos Rumos da Autonomia
Arnaldo Matos
O que tem caracterizado a acção dos partidos políticos nos Açores nos últimos quarenta e três anos posteriores à revolução de Abril é o oportunismo político: o CDS, partido originário do centro social democrata cristão é, mais até nos Açores que no continente português, um partido de extrema direita, reaccionário e fascistóide, vagamente independentista na velha área flamista; o partido social-democrata (PSD) é o partido da velha burguesia reaccionária compradora açoriana, que reúne a direita capitalista da especulação imobiliária com a direita agrária e latifundiária do arquipélago; o partido dito socialista de Carlos César e de Vasco Cordeiro é o partido da burguesia capitalista moderna local, que há muito meteu o socialismo na gaveta, à moda do velho Mário Soares, e para enganar as mesmas pessoas: os operários e outros trabalhadores assalariados; o Bloco dito de esquerda, de Margarida Martins, que é agora o partido político da pequena burguesia liquidacionista, anti-proletária, anti-comunista e anti-marxista; e o partido dito comunista, ou seja o partido social-fascista de Barreirinhas Cunhal e Jerónimo de Sousa, que há muito abandonou os operários e as suas lutas e reivindicações, preocupando-se unicamente em manter o tacho parlamentar e o tacho da Intersindical.
O oportunismo político de todos estes partidos, que são, como bem se vê, os partidos do arco do poder na Região Autónoma dos Açores, salda-se pela verdadeira negação da autonomia regional, pois para os partidos do poder nos Açores o que conta não é uma autonomia política real do povo açoriano, mas uma transferência dos poderes da burguesia capitalista continental para a burguesia capitalista do arquipélago.
Ora, na região Autónoma dos Açores, há ainda outro partido político, o segundo mais antigo de todos os partidos políticos portugueses: o Partido Comunista dos Trabalhadores Portugueses, o PCTP/MRPP.
Oriundo do Movimento Reorganizativo do Partido do Proletariado (MRPP), fundado a 18 de Setembro de 1970, este movimento, inspirado no marxismo-leninismo-maoismo levou à fundação do Partido Comunista dos Trabalhadores Portugueses, em 26 de Dezembro de 1976, o qual adoptou a sigla PCTP/MRPP, por exigência do partido de Barreirinhas Cunhal, que obrigou o então movimento das Força Armadas, contra a qual sempre estivemos, a impor aquela sigla ao nosso partido comunista, para se diferenciar do PCP de Cunhal…
Acontece que, hoje, o único partido verdadeiramente comunista existente em Portugal, tanto no Portugal Continental como no Portugal Insular Atlântico é o Partido Comunista dos Trabalhadores Portugueses – o PCTP/MRPP.
Nós, comunistas, baseamo-nos no marxismo, ou seja, na teoria científica do materialismo histórico e do materialismo científico de Marx e Engels.
Para nós, comunistas, o modo de produção actualmente existente é o modo de produção capitalista, pelo qual uma classe – a classe capitalista – explora a força de trabalho dos operários, enriquece e produz capital através dessa exploração e vai ser derrotada pelo movimento revolucionário do proletariado, dando lugar a um novo modo de produção – o modo de produção comunista – onde não haverá mais exploração do homem pelo homem, e onde, por conseguinte, não haverá nem classes nem luta de classes.
O nosso partido representa o que há de bom e de melhor entre todo o povo trabalhador dos Açores, e bem assim entre o povo trabalhador português.
Os comunistas açorianos também lutam por uma Região Autónoma, onde o povo dos Açores disponha, no quadro da unidade da nação portuguesa, de todos os poderes para orientar os seus destinos.
Nós, comunistas açorianos, defendemos a mais ampla autonomia para a população dos Açores.
No seu 1º Congresso Regional, os comunistas açorianos definirão os novos rumos dessa autonomia em todos os sectores fundamentais.
O 1º Congresso Regional dos Açores realizar-se-á na cidade de Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, no próximo dia 1º de Maio.
Em princípio, o Congresso terá representantes – congressistas – eleitos pelas células e comités do Partido em todas (ou quase todas) as ilhas habitadas do Arquipélago.
O Congresso aprovará o Manifesto ao Povo Açoriano e elegerá o Comité Regional do Partido nos Açores, o Secretariado do Comité Regional e o secretário regional dos Açores entre todos os homens e mulheres dos Açores eleitos como congressistas.
Nos 32 dias que faltam para a realização do Congresso de Ponta Delgada, todos os nossos camaradas devem aprofundar, eleger e reforçar as células e comités de que fizerem parte, de modo a que o 1º Congresso Regional represente a máxima força do Partido na Região.
Todas as células e comités do Partido em todas as ilhas habitadas do Arquipélago devem reunir para escolher os seus representantes ao Congresso e discutir e aprovar a nova linha política revolucionária dos comunistas açorianos.
O 1º Congresso Regional dos Açores será um grande sucesso para o povo do nosso Arquipélago.
29Mar17