EDITORIAL
VIVA O 8 DE MARÇO,
DIA INTERNACIONAL DA MULHER TRABALHADORA!
O dia 8 de Março, do ano de 1857, está na origem da institucionalização do dia Internacional da mulher trabalhadora.
Porquê este dia?
O modo de produção capitalista baseado na extorsão da mais valia dos operários, destinada à cumulação de capital, teve necessidade de alargar essa extorsão às mulheres trabalhadoras, pagando, tal como ao operário um salário que é o custo da sua força de trabalho mas ainda assim, um salário inferior para o mesmo posto de trabalho do operário homem.
Como a função económica do salário é manter o operário, a sua mulher e os filhos, a burguesia encontrou como forma mais adequada para acumular cada vez mais capital, abrir as portas da fábrica, das minas ou de qualquer outra actividade económica, à mulher do operário, transformando-a desse modo, em proletária.
E assim mata dois coelhos de uma só cajadada, por um lado obriga a mulher a trabalhar um número de horas excessivamente elevado para extorquir crescente mais valia que não paga ao conjunto das mulheres, por outro, aplicando a desigualdade de género, através de salários mais baixos, agrava a exploração de toda a classe trabalhadora enquanto tal.
Assim, o salário pago à mulher representa para o capitalista um custo que ele deduz ao salário do homem operário, podendo assim continuar a alimentar a sua mulher e os seus filhos.
No fundo, tudo se passa como se o capitalista nada pagasse à mulher operária que já não devesse ao marido dela quando ela não trabalhava.
Se considerarmos os países de capitalismo mais avançado, as duras lutas travadas pelas mulheres trabalhadoras ao longo de quase 3 séculos têm conseguido alcançar inúmeras conquistas, não só em termos de redução de horas de trabalho diárias contra as más condições de trabalho, como também na maternidade.
Quase no final da 2.ª década do sec. XXI, no mundo da globalização em que é dominante o desemprego, as mulheres engrossam o exército industrial de reserva, sendo as primeiras a ser desempregadas, tal como são as últimas a ser empregadas.
Por outro lado, como refere a CITE (Comissão para a Igualdade no Trabalho e Emprego) "a não renovação de contratos a termo, celebrados com mulheres é mais frequente e, não parcas as vezes, o motivo ficará a dever-se ao exercício dos direitos da parentalidade pelas mães trabalhadoras".
É por todas estas razões que o histórico dia 8 de Março, do ano de 1857, se reveste de grande significado para a luta das mulheres trabalhadoras e das mulheres comunistas do PCTP/MRPP.
As operárias tecelãs de Nova York em número de 129, fizeram greve contra as mais de 16H diárias de trabalho a que eram obrigadas, pelas 10h diárias, contra a discriminação de género (recebiam menos de 1/3 do salário dos homens) e contra as péssimas condições de insalubridade no trabalho.
A sua dura e corajosa luta foi violentamente reprimida e de forma intimidatória para qualquer movimento:
Aquelas 129 operárias foram trancadas na fábrica pelos patrões e pela polícia que não hesitaram em atear fogo à fábrica, assassinando -as barbaramente, naquele inesquecível 8 de Março de 1857.
No nosso país as mulheres trabalhadoras empenharam – se em iniciar o combate pelas 35H para toda a classe operária, largamente defendida pelo nosso Partido em 2016, contra as más condições de trabalho como é o caso das fugas de gás na Cifial, como oportunamente divulgou o Luta Popular no final do ano passado início deste ano 2017.
Na época actual do Imperialismo, as mulheres continuam a trabalhar mais horas diárias do que os homens quer se trate de trabalho remunerado quer do trabalho não remunerado, incluindo-se neste, o de cuidadoras dos filhos e doméstico (segundo dados recentes da OIT).
Se considerarmos o nível de qualificações, em que no nosso país, se têm vindo a destacar as novas gerações de mulheres, pela aquisição de qualificações mais elevadas do que nunca, a desigualdade de género é gritante:
As portuguesas ganham, em média, menos 16,7% do que os homens e embora tenham mais qualificações, os cargos de topo continuam sobretudo nas mãos dos homens, (denuncia a presidente da Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego)
Embora em Portugal as mulheres detenham, na atualidade, mais qualificações (licenciatura, mestrado, doutoramento) e, consequentemente, a qualificação adequada para o exercício de cargos de chefia e de topo, continuam a ser os homens a ocupar predominantemente tais cargos”, denunciou aquela Comissão que salienta também que “São também as mulheres quem mais condiciona o seu horário de trabalho diário, a sua atividade profissional e a sua carreira por razões familiares”, salientou a responsável, acrescentando que, por esse motivo, são também as mulheres quem mais recorre às medidas de conciliação entre a vida profissional e familiar.
Acresce que a discriminação das mulheres ao nível salarial leva a que a proteção da chamada Segurança Social na 3.ª idade seja inferior à dos homens, quer se trate da sua própria pensão, quer da pensão de sobrevivência, no conjunto dos países incluídos no relatório da OIT As mulheres constituem 65% das pessoas acima da idade da reforma (60-65 anos ou mais)
Na fase actual da grande crise do capitalismo, este recorre cada vez mais a formas de sobrexploração das mulheres e crianças lançando mão da sua força de trabalho a custo zero, através do conhecido e maior dos tráficos do mundo da globalização, o tráfico dos seres humanos obrigando-os à mais humilhante e inaudita escravidão.
As guerras inter-imperialistas para além de oprimirem e humilham violentamente os povos do Médio Oriente e Norte de África são as responsáveis pelos maiores crimes da História da Humanidade, dos quais o mais gritante é o Holocausto dos Refugiados.
Todos temos assistido, pela chamada Comunicação Social, ao drama das mulheres, desde a maternidade crescentemente esmagada e desprotegida, na chegada à Europa, em péssimas condições de travessia do mar, com os consequentes naufrágios dos seus filhos e dos seus idosos, os quais naufrágios não param de crescer, de ano para ano.
Os que sobrevivem quando finalmente chegam à Europa deparam-se com as maiores intempéries de frio e neve, alojamento na rua, com as polícias fortemente armadas para atirarem a matar sobre estas famílias completamente desprotegidas e sobre as quais se cometem os maiores abusos e de toda a espécie.
No nosso país, tal como em todo o mundo, a opressão e a humilhação da mulher não para, a maior parte das vítimas de violência doméstica são mulheres (88,9%) dados da APAV.
Mas a maior e mais gritante das violências que se praticam contra as mulheres é o roubo descarado dos seus filhos, mesmo quando recém-bebés em fase de amamentação, por parte do Estado dos capitalistas, às famílias monoparentais ou não, (consideradas incapazes de criar os seus filhos) em virtude dos interesses económicos ou políticos do Estado dos capitalistas. Estes financiam as IPSS para acolherem os filhos destas famílias invocando a falta de condições para os criarem, como é o caso português ou financiando as famílias adoptivas como faz o governo inglês, roubando os filhos a famílias portuguesas e outras imigradas em Inglaterra.
Que significado político /económico têm estes crimes contra as famílias naturais?
Nós mulheres comunistas analisamos esta violência extrema à luz do marxismo:
Parece-nos que desviar as crianças para instituições ou famílias adoptivas, para além de constituir um negócio chorudo para quem é financiado à conta dos impostos extorquidos a todo um povo, tem como objectivo levar os capitalistas ou o seu Estado a custear, a preços inferiores, a força de trabalho dos pais já que não necessitam de sustentar os seus filhos roubados.
Enquanto estes pais lutam contra a violência destes crimes, perdem a força anímica tão necessária à luta contra a exploração e o desemprego e pela revolução comunista operária
Demasiadas formas de violência existem no mundo da globalização, contra as mulheres, desde os casamentos forçados de meninas de 8 anos com militares no poder, em países de África pobre e oprimida pelo Imperialismo (cujo interesse principal é o saque dos seus recursos naturais) até aos casamentos opressores na India, Filipinas e muitos países da Ásia, chamados emergentes, onde se cometem os maiores abusos sexuais contra mulheres e crianças de que é bem conhecida a rede de Pedofilia.
Recentemente um reacionário deputado polaco discursou sobre a inferioridade da mulher, ideia milenar, mais antiga do que o capitalismo. Merece de todos nós o maior repúdio. Estas concepções e ideias reacionárias são propaladas para justificar as maiores atrocidades cometidas contra as mulheres, na fase do Imperialismo decadente e visam perpetuar o sistema de exploração capitalista e reproduzir contínua e alargadamente as relações sociais que lhe são próprias.
Para nós mulheres comunistas, como foi discursado na I Conferência das Mulheres comunistas realizada a 7 e 8 de Março de 1981, a mulher só recuperará- naturalmente a um nível infinitamente superior- a igualdade com o homem e a consideração social, quando forem eliminadas as causas económicas que a degradam e a aviltam.
É com a supressão do modo de produção capitalista, através da luta contra o Imperialismo, tarefa da revolução proletária e do comunismo que a mulher será um ser humano de parte inteira.
Viva a justa luta de todos os povos do mundo contra o imperialismo!
Vivam as lutas das mulheres trabalhadoras!
Viva a Revolução proletária
Lisboa, 7 de Março de 2017
As mulheres comunistas do PCTP/MRPP