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EDITORIAL

A PSP e o Terrorismo de Estado em Portugal

Para a classe operária, em geral, e para os comunistas, em especial, não há dúvidas: a Polícia de Segurança Pública, a Guarda Nacional Republicana, as polícias políticas, secretas ou não, são órgãos da ditadura da burguesia, do capitalismo e do imperialismo, destinados a oprimir pela violência, designadamente armada, e pelo terrorismo o proletariado, a fim de preservar o sistema de exploração da força de trabalho e permitir a reprodução alargada do capital.

O polícia é o guarda da mais-valia…

Claro está que os órgãos de comunicação social, também ao serviço da classe dominante, mais os ideólogos reaccionários e pequeno-burgueses que pululam pelas escolas e universidades, dão uma enorme cobertura à conduta terrorista daqueles órgãos de violência armada, conseguindo fazê-los passar por estruturas democráticas ao serviço das populações…

Mas quase todos os dias a violência terrorista das polícias desaba sobre o povo, tanto para reprimir manifestações e greves dos trabalhadores, absolutamente legais, como para simplesmente matar e executar a sangue frio os cidadãos inocentes.

O que se passou ontem no Porto é um exemplo típico do terrorismo de Estado capitalista burguês, exercido, neste caso, por agentes da Polícia de Segurança Pública contra cidadãos que ainda são crianças. É também um exemplo sinistro de como os órgãos de comunicação social, que quase sem excepção dão desavergonhadamente cobertura ao terror do Estado e ao terrorismo da PSP, existem unicamente para proteger as polícias e enganar os cidadãos. Vão até ao ponto de transformar em vítimas os agentes policiais assassinos, e em criminosos as vítimas inocentes do terror policial.

Alega a PSP que alguém terá furtado uma máquina de tabaco numa pastelaria em Gondomar, concelho no limite leste da cidade do Porto. Às tantas da manhã (03H20), a PSP resolveu interceptar uma viatura que circulava pela Campanhã, atravessando à frente dela e fora de mão a própria viatura da polícia.

Esta operação de colisão entre os dois carros, que é da responsabilidade exclusiva da brigada da PSP, foi depois qualificada pela polícia de abalroamento pelos fugitivos, que teriam provocado ferimentos em dois agentes.

Dando-se o abalroamento policial, os agentes começaram aos tiros sobre os ocupantes do automóvel, matando um deles, um estudante com 16 (dezasseis) anos, chamado André Gomes, que estava no banco traseiro, sentado, desarmado e sossegado e, para mais, isento de todo e qualquer cadastro policial.

Dois fugiram – quem não fugiria ao tiroteio policial assassino e demencial?! – e a brigada dos agentes deteve um outro miúdo de 19 anos, também sem cadastro de polícia.

A PSP não encontrou nenhuma espécie de armas, nem sequer um canivete ou um corta-unhas dentro da viatura civil, nos bolsos da criança assassinada ou no corpo do miúdo detido.

A criança de 16 anos, feitos em Abril passado, foi assassinada com um tiro na cabeça.

A criança tinha um nominho afectuoso que a mãe lhe dera – “o meu Pika era tudo para mim” – chorava a mãe desolada, e a PSP serviu-se do choro da mãe da criança assassinada para fazer circular o pequeno e afectuoso nome de Pika, como se fora o nome de guerra de um gatuno de Palermo.

Porquê este tiro apontado à cabeça de uma criança desarmada? Porque não apontaram essa arma à cabeça dos responsáveis do BES, da Caixa Geral de Depósitos, do Banif, do BPN? Ou até do anterior ministro da administração interna, Miguel Macedo, chefe político e último da PSP, ele, sim, suspeito de ladrão no caso dos passaportes dourados?!

O Pika é que é ladrão? Ladrão de uma máquina de cigarros? Quanto custa uma máquina de cigarros? Vale a pena matar uma criança, sem qualquer cadastro policial, estudante, adorado pelas pessoas do seu bairro, único amparo de uma mãe, por causa de uma máquina de cigarros, que nem tinha dinheiro lá dentro?

Claro, não há aqui nenhuma justificação para a bestialidade assassina cometida pela polícia.

Não há, não é bem assim: interessa à burguesia capitalista e imperialista dominante em Portugal que as polícias portuguesas o façam, aterrorizem as crianças, as mães das crianças, lancem o pânico sobre os operários, desempregados e até estudantes – como era o Pika –, terror e terrorismo que mantenham os trabalhadores explorados e oprimidos, acachapando-os ao medo que geram os bandos de assassinos da PSP e da GNR à solta.

Veremos como se comportam os Tribunais neste caso, sendo certo que em casos anteriores de assassínio de crianças pela polícia, não se comportaram nada bem.

Mas o povo, ontem, no Porto, portou-se bem! Uma multidão fantástica concentrou--se em frente da esquadra da Corujeira, exigindo notícias do jovem detido. A PSP, ela agora cheia de medo e de consciência nada tranquila, adiantou mobilizar o Corpo de Intervenção para proteger a Esquadra.

Proteger de quem: dos vivos ou dos mortos?

Nos últimos sete anos – 2006 a 2013 – a PSP matou 13 cidadãos e a GNR 14. Se isto não é terrorismo puro e simples, então o que é?

Não se compreende que num governo que se pretende socialista a ministra das polícias, Constança Urbano de Sousa, nada tenha dito sobre o assassínio da criança no Porto. Esta ministra pacóvia ainda não se compenetrou de que uma bala disparada pela polícia sairá sempre de uma arma detida e apontada por ela e que, em última análise, ela é que é a verdadeira responsável pelo terror policial em que os portugueses vivem?

E tenha ou não a ministra consciência do caso, é preciso exigir ao Partido dito Comunista de Jerónimo de Sousa que ele e o seu Partido serão também responsáveis pelo homicídio do miúdo do Porto, ontem em Campanhã.

Em 1974, Barreirinhas Cunhal e o PCP mandaram as mulheres e filhos dos comunistas do Barreiro a irem dançar num baile da GNR, organizado pelo PCP. E viu-               -se então algumas pretensas comunistas a dançar com os assassinos de Catarina Eufémia…

 Será que Jerónimo de Sousa vai também organizar no bairro do Cerco um baile para as suas simpatizantes, do PCP e do BE, virem dançar com os assassinos do Pika?

A ver vamos! Porque nós já vimos de tudo…

31.08.2016

Arnaldo Matos

 


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